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Da Serra Gaúcha para o mundo

Documentário “Miseri Coloni – 40 anos de Talian no Palco” evidencia linguagem, cultura e tradições italianas

Resgatar e valorizar a essência de uma linguagem camponesa que, por muito tempo, foi reprimida pela sociedade e, até mesmo, causava certa vergonha em seus falantes. Este é o principal objetivo do documentário “Miseri Coloni – 40 anos de Talian no Palco”.
Em 53 minutos, a produção realizada pela Associação Cultural Miseri Coloni, em parceria com a produtora Transe Lab, procura abordar dois temas interligados: os 40 anos do grupo teatral Miseri Coloni, cujo significado literal do nome remete aos pobres colonos – mas na prática, vai muito além – e a língua Talian, no âmbito da diversidade linguística brasileira. “Vários personagens vão contando a história do Miseri Coloni, desde seu surgimento, no início dos anos 1980. Junto a isso, eles narram como foram fazendo seus espetáculos na língua Talian que, para a época, era uma coisa muito pioneira e ainda é, até hoje, assim como refazer uma produção artística em uma língua de imigração, uma língua minoritária”, explica o diretor do documentário, o jornalista André Costantin. 
Nessas quatro décadas, a trupe montou e apresentou nove espetáculos, chegando às incríveis marcas de 495 apresentações e conquistando 161.100 espectadores. E, agora, traz a sua própria história para as telas. Todo com vozes espontâneas, em Português e Talian, o filme abrange performances e improvisações dos protagonistas. “O documentário foi gravado ao longo de quatro meses em Caxias do Sul, Nova Pádua, Santa Maria e Porto Alegre. Também trabalhamos com muitos acervos que o Miseri tem guardado nesses 40 anos: acervos fotográficos, filmes e vídeos. Tudo foi incorporado”, destaca Costantin. De maio a setembro também foram captados depoimentos e imagens de atrizes e atores que fizeram parte do grupo de teatro, responsável por perpetuar a cultura italiana não só na região, mas também nos quatro cantos do Brasil. 
Com boas doses de humor e pitadas de emoção, os artistas utilizaram-se de um universo simbólico para mostrar a resistência da língua Talian. Foram responsáveis por dar vida à histórias e ícones da cultura popular, antes guardados apenas na oralidade. Este é o caso do emblemático Nanetto Pipetta – um personagem fictício que descrevia, em Talian, a vida dos primeiros imigrantes italianos na Serra Gaúcha. Também foi a trupe quem fez a primeira adaptação do romance “O Quatrilho”, de José Clemente Pozenato, antes de a obra ganhar a versão cinematográfica. 
Exibido inicialmente no fim de setembro, o documentário “Miseri Coloni – 40 anos de Talian no Palco”, integra as realizações do Edital Criação e Formação – Diversidade das Culturas, da Secretaria da Cultura do Rio Grande do Sul (Sedac) e Fundação Marcopolo. 
Atualmente, o audiovisual pode ser conferido pelo canal da Transe Lab no YouTube, por meio do link:  https://youtu.be/lwKX3nOa5NY. Na sexta-feira, dia 22, às 19h 30min, o documentário será exibido no Ponto de Cultura Casa das Etnias, em Caxias do Sul, com capacidade para apenas 60 pessoas, mantendo as regras de prevenção à Covid-19. Mais informações pelo telefone e WhatsApp (54) 9.9119.3810, com João Tonus, um dos fundadores do Miseri Coloni.

O atual diretor do Miseri Coloni, Camilo De Lélis, ladeado pelos diretores de fotografia e do documentário,  Daniel Herrera e André Costantin, respectivamente.  - Divulgação
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