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Num histórico de 20 anos, o preço mínimo da uva nunca atingiu o valor total do custo de produção que o agricultor possui com seus parreirais. Neste ano, a reivindicação dos Sindicatos dos Agricultores é que o Governo Federal reajuste o preço mínimo – ainda não divulgado –, englobando o valor de R$ 1,45, estimado pela Comissão Interestadual da Uva.

De acordo com o presidente do Sindicato dos Trabalhadores Agricultores Familiares de Flores da Cunha e Nova Pádua, Olir Schiavenin, que na semana passada viajou a Brasília com o intuito de reivindicar melhores condições aos agricultores e também para o preço mínimo, o estudo para fixar o valor do custo de produção é resultado de uma pesquisa com os próprios agricultores e com os Sindicatos do Rio Grande do Sul e Santa Catarina que abrangem a Comissão Interestadual da Uva. “O resultado mostra a realidade do produtor, o custo que ele possui para cuidar e manter a uva. Nessa semana, tivemos audiências na Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), na Secretaria de Agricultura, falamos com deputados e senadores, sempre levando as nossas reivindicações. Queremos o reajuste”, enfatiza Olir.

De acordo com ele, o custo de produção da uva serve de referência para balizar as negociações e a definição do preço do mercado para a próxima safra. “O preço deve ser justo, e para tal deve cobrir o custo de produção e proporcionar margem de lucratividade. Sempre vamos lutar para que o preço cubra, no mínimo, o custo de produção. Esse é o nosso trabalho”, diz.  Até o final de dezembro, a Conab deve divulgar o preço mínimo da uva para a safra 2020.

Para realizar o cálculo do custo de produção, foram levantadas todas as informações possíveis sobre gastos referentes ao processo de produção, mão de obra, insumos, máquinas, equipamentos, custos financeiros e outros. “Os produtores de uva estão vivendo uma nova realidade e o setor vitivinícola passa por uma fase de reestruturação e modernização. O mercado é cada vez mais exigente, de tal forma que o produtor deve sempre investir em mais tecnologia de ponta, a fim de se tornar mais competitivo. As máquinas e os equipamentos modernos, por sua vez, possuem elevado custo de aquisição e manutenção, bem como mão de obra que, além de ser cara é cada vez mais escassa”, enfatiza o estudo elaborado pela Comissão.

O que é o custo de produção

O levantamento do custo de produção para o quilo da uva comum é feito anualmente pela Comissão Interestadual da Uva, juntamente com os Sindicatos. Ele tem por objetivo estipular o custo da produção com base nos gastos realizados nos parreirais de uvas comuns e, posteriormente, convertido para um hectare de parreira deste grupo, dividido pela respectiva produtividade.

O total do custo de produção de um hectare de uvas comuns para a safra 2019/2020, tendo como base o mês de julho de 2019, é de R$ 29 mil ao hectare, considerando a produtividade média de 20 mil quilos ao hectare. Por tanto, o custo estimado é de R$ 1,45 por quilo da uva – 4,16% a mais que na safra de 2018/2019, onde foi estabelecido o valor de R$ 1,39.  A mão de obra tem sido o item que mais pesa no valor final.