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Após encantar crianças e adolescentes em diversas escolas pelo Brasil e ser atração na Feira do Livro florense no mês passado, o curta-metragem "O Andarilho em O Cochilo", da Cia. Garagem de Teatro, estreou no último domingo (8) no YouTube. Agora disponível nas plataformas digitais, o filme presta uma homenagem à arte da palhaçaria com inspiração nos grandes atores do cinema sem som.

Presente no ramo do teatro há duas décadas, Janio Nunes, ator que dá vida ao Andarilho, explica que a trama surgiu inicialmente da necessidade de ter um trabalho solo prático, tanto em termos de locomoção quanto de caracterização. Com o passar do tempo, o projeto naturalmente se tornou uma homenagem aos artistas circenses.

— A história em si é uma homenagem aos grandes mestres do circo. Quando os palhaços eram novos, não eram apenas palhaços; eles faziam acrobacias, números de mágica e outras atividades. Com o tempo, quando não conseguiam mais realizar essas funções, acabavam se tornando palhaços para continuar atuantes no circo — contextualiza.

— Isso me motivou a criar esse trabalho. A inspiração para o personagem é um palhaço que deixou de trabalhar no circo por não conseguir atuar em outras áreas. A história é como se ele dissesse: “Vou seguir minha vida como palhaço, pegar minha mala e as poucas coisas que tenho, e seguir o meu caminho”. Isso me motivou a contar essa história como uma homenagem aos palhaços que tiveram que seguir seu rumo longe do circo, pela idade ou por quererem buscar novas experiências — conta Nunes.

O espetáculo gira em torno de um personagem que reflete a simplicidade dos andarilhos, que buscam apenas um copo de água ou um lugar para descansar. Ele sai pelo mundo desejando tomar café e conhecer pessoas, e é durante essas pausas para a refeição que toda a palhaçaria acontece.

Foi desta trama que surgiram as esquetes que se tornaram curtas-metragens, como o recente "O Andarilho - O Cochilo", uma adaptação da peça para as telas. O trabalho, que homenageia figuras como Buster Keaton, Charlie Chaplin e a dupla de comediantes "O Gordo e o Magro", resgata a sensibilidade do palhaço e o cinema sem fala.

Além de honrar figuras históricas no audiovisual, Nunes destaca uma pauta discutida atualmente: a acessibilidade.

— A intenção é não deixar morrer essa linguagem tão importante, que é o cinema sem o uso da fala. É muito difícil trabalhar o teatro e o cinema sem o uso da fala, só com o olhar, o gestual e a intenção e isso ser compreendido pelo público. Por natureza, esse trabalho é de acessibilidade, e isso é o mais importante. Mesmo pessoas surdas entendem e isso é gratificante. Precisamos ter essa acessibilidade como comunidade — ressalta Nunes.

O curta de 22 minutos tem roteiro e direção de Evandro Garcia Silva. A produção executiva é da Cia. Garagem de Teatro.

— O que eu espero do público é que eles gostem e se divirtam. Que sintam nostalgia ao lembrar da infância, de ligar a TV e assistir a Charlie Chaplin e Buster Keaton. Quero que as crianças de hoje, que muitas vezes assistem ao Mister Bean, também se recordem e digam: “Olha, isso me lembra o Mister Bean”. Espero que apreciem a poesia deste trabalho, percebam que a simplicidade não precisa ser complicada, que ela é gostosa e que isso traga inspiração para a vida de cada um — conclui o ator.

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