Geral

Corpus Christi: Missão capuchinha em solo florense

Os 120 anos da presença dos freis no Rio Grande do Sul estão retratados nos tapetes de serragem colorida

Os freis Valdivino Euri Salvador, Reynaldo Pasinatto, Raimundo Costela e Sidnei Signor são a representação atual dos Freis Capuchinhos em Flores da Cunha. São eles que coordenam a Paróquia Nossa Senhora de Lourdes e o Convento Sagrado Coração de Jesus (quatro noviciados estudam no local hoje), realizam missas, visitam os enfermos do Hospital Fátima e oram pela comunidade.

O município foi a segunda cidade gaúcha onde os frades capuchinhos se fixaram ao chegarem ao Rio Grande do Sul em janeiro de 1896. Primeiramente, os frades franceses Bruno de Gillonnay e Leão de Montsapey, acompanhados do ministro provincial Rafael de La Roche, se estabeleceram em Garibaldi, visando implantar um novo projeto missionário junto aos imigrantes italianos. A atuação estava focada em cinco direções: missões populares, pastoral paroquial, escolas vocacionais, ensino para as crianças e imprensa. 

Dois meses após se estabelecerem, os freis lançaram-se a pregação de missões populares seguindo a tradição dos capuchinhos de Saboia. A fama dos missionários se espalhou pela região e, em maio de 1897, a convite do padre Augusto Finotti (que comandava a paróquia local), eles pregaram missões em Flores da Cunha. A população ficou entusiasmada com os missionários e pediu para que os frades aqui se instalassem. Em 8 de dezembro de 1897 iniciou-se a construção do Convento Sagrado Coração de Jesus, que foi concluído em 1899. Em março daquele ano, noviços e estudantes de Teologia passaram a ter aulas de formação da Província Capuchinha do Rio Grande do Sul. 

Em 1900, o padre Finotti regressa à Itália e confia a direção do Curato de Flores da Cunha aos Freis Capuchinhos. Estes o incumbem de encomedar cinco sinos na França para adornarem um futuro campanário. No ano seguinte, os sinos Pierina, Claúdia, Dom Finotti, Antonieta e Immaculada chegam ao município. Em 1903, o curato de Flores entregue oficialmente aos frades capuchinhos, os quais ficam com a obrigação de construir uma igreja. 

O modo de expressar a fé trazida pelos frades se eboçou nessa arquitetura. Em 1905, da-se início a construção da Igreja Matriz em estilo gótico. Em 1914, a igreja dedicada a Nossa Senhora de Lourdes – também uma mudança ocasionada pelos frades em 1904, quando trocou-se o padroeiro São Pedro por Nossa Senhora devido ao cinquentenário da Proclamação do Dogma Imaculada Conceição – estava finalizada.

Na metade da década de 1930, chegou à paróquia frei Eugênio de Garibaldi, que permaneceria como pároco por 22 anos e seria o idealizador da torre. Em 1946, ele deu início à construção do campanário, que foi finalizado em 1949 e onde foram postos os sinos encomendados por Dom Finotti. Atualmente, os frades estão envolvidos com a causa de beatificação e canonização do Frei Salvador, que atuou em Flores na década de 1960 e se tornou ‘um santo florense’ por seus gestos de bondade e amor.

Passados 120 anos de presença no RS, a ação dos capuchinhos, hoje, abrange missões populares, ações sociais, pastoral paroquial e hospitalar, animação vocacional e escolas formativas, escola superior de Teologia, museu, meios de comunicação (jornais, rádios em redes, sites e plataformas móveis), gráficas, centro de eventos e pousadas voltadas ao turismo e saúde sempre com a marca franciscana. 
A Ordem dos Frades Menores Capuchinhos se iniciou na Itália em 1528 e, atualmente, está presente em 108 países. No Brasil, está organizada em 10 províncias e duas custódias, totalizando 1.100 frades. Na América Latina e Caribe conta com 30 províncias, cinco custódias e duas delegações.

Os capuchinhos que atuam em Flores da Cunha junto aos atuais noviciados: frei Valdivino Euri Salvador, frei Reynaldo Pasinatto, estudante Cleiton Cruz de Oliveira, estudante Rafael Candinho Botelho, frei Raimundo Costela, estudante João Batista dos Santos Wasum, frei Sidnei Signor e estudante Igor Colares Raupp. - Antonio Coloda/Jornal O Florense
Compartilhe esta notícia:

Outras Notícias:

0 Comentários

Deixe o Seu Comentário