Contato com agrotóxicos pode alterar o sêmen
O médico Fábio Pasqualotto é urologista especialista em Reprodução Humana, Professor de Medicina na UCS e Diretor do Conception Centro de Reprodução Humana
Dentre tantas consequências para a saúde que o uso dos agrotóxicos pode causar, pouco se fala do impacto destas substâncias na saúde reprodutiva. O contato e exposição aos pesticidas já foram associados, em diversos estudos científicos, com alterações no sêmen de agricultores. As principais alterações seminais relacionadas ao uso dos agrotóxicos são a redução no número de espermatozoides e da sua motilidade (capacidade do espermatozoide movimentar-se para alcançar os óvulos). Algumas alterações no sêmen inclusive já foram verificadas em vitivinicultores de nossa região, em pesquisa realizada há cinco anos no município de Farroupilha, abrangendo 99 homens.
Nesta pesquisa, além de alterações no formato dos espermatozoides, foram verificadas alterações nos hormônios sexuais e disfunções nos testículos dos homens que mantinham contato constante com herbicidas e fungicidas, especificamente. Dos participantes da pesquisa, 46% dos agricultores que tiveram contato por seis anos ou mais com os pesticidas apresentaram sêmen de baixa qualidade.
Essas alterações na quantidade, motilidade e formato dos espermatozoides podem implicar em dificuldades de engravidar a parceira, abortos ou, ainda, na geração de bebês com problemas. Por isso é importante que os homens tenham muito cuidado ao manusear os pesticidas, tomando os devidos cuidados.
Toda a manipulação dos agrotóxicos deve ser realizada com equipamento de segurança adequados – nunca diretamente com as mãos. Lavar as roupas que tiveram contato com esses produtos separadamente, utilizar equipamentos de segurança adequados também na aplicação dos pesticidas, lavar bem as mãos após a preparação e aplicação do produto são outras medidas simples que podem reduzir o impacto dos agrotóxicos na saúde do agricultor e evitar alterações no seu sêmen
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