Em reunião na tarde de ontem, em Brasília, o Conselho Monetário Nacional (CMN) aprovou o preço mínimo da uva para a safra 2008/2009: R$ 0,46 ao kg da cultivar comum com 15 graus glucométricos
Em reunião na tarde de ontem, em Brasília, o Conselho Monetário Nacional (CMN) aprovou o preço mínimo da uva para a safra 2008/2009: R$ 0,46 ao kg da cultivar comum com 15 graus glucométricos. A medida – a ser ainda sancionada pelo presidente Lula, para vigência a partir de fevereiro, nas regiões Sul, Sudeste e Nordeste – significa a manutenção de valor praticado desde a vindima 2006/2007.
Comunicado a respeito por O Florense, no final de tarde de ontem, o coordenador da Comissão Interestadual da Uva, Olir Schiavenin, não revelou grande surpresa. “Nós já esperávamos isso”, declarou, acrescentando que já dispunha de informação pela qual a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) havia encaminhado proposta de fixação do preço mínimo em tal sentido. “Agora, são três anos com o mesmo valor, e isso, a cada ano, representa mais prejuízo para o viticultor”, lamenta ele, assinalando que nessa safra, além de o produtor ter tido mais gastos com o cultivo da uva – pelo aumento de preço dos insumos e pela necessidade de maior uso de defensivos, devido ao clima desfavorável –, haverá quebra de safra.
Sobre a possibilidade de a indústria eventualmente não remunerar de acordo com o mínimo, Schiavenin é enfático: “Nesse caso, vamos exigir do governo, que tem meios para tanto, medidas para garantir o cumprimento do preço”. A concessão de Empréstimo do Governo Federal (EGF) para quitação da safra e a realização de leilões de Prêmio de Escoamento da Produção (PEP) são alguns desses instrumentos, observa o líder vitícola. Ele também fala em necessidade de “desmistificar a boataria que já tem por aí, espalhada por gente malintencionada, que quer se aproveitar, deixando o produtor confuso”. Nesse sentido, há rumores de que, por conta da queda na venda de vinhos registrada em 2008, a indústria poderia pagar, por uvas americanas e híbridas, apenas R$ 0,36 ao kg – e, para Vitis vinifera, R$ 0,46. “Não vamos admitir que o prejuízo recaia só sobre as costas do produtor”, afirma o coordenador da Comissão da Uva.
Contudo, os próprios viticultores parecem já ter assimilado a hipótese de que a remuneração fique abaixo do mínimo. É o caso de Fernando Vanzin, de Travessão Carvalho, visitado por O Florense na manhã de quarta-feira, dia 28, quando fazia a colheita de uvas brancas Chardonnay. Para a tinta Cabernet Sauvignon, cuja vindima se inicia dentro de 40 dias, ele diz já estar preparado para “receber menos que o mínimo” para a variedade – no caso, a expectativa é remuneração equivalente a da uva comum, R$ 0,46 ao kg, mesmo valor que o recebido por Vanzin em 2008. Por conta disso, o produtor já planeja erradicar um hectare da cultivar, logo depois da safra.
Opinião da indústria
Contatado ontem à noite, o segundo vice-presidente da Associação Gaúcha de Vinicultores (Agavi), Benildo Perini, foi conciso ao falar sobre a manutenção do mínimo pelo CMN. “Sou de opinião que em todos os mercados existe uma excelência maior, que é a lei da oferta e da procura – e, com o preço da uva, não poderia ser diferente”, declara. “O mercado é quem dita os preços e, atualmente, por razões que são conhecidas tanto pelos viticultores quanto pelos industriais, existem variedades de uva que comportam o preço oficial, enquanto outras, não”.
0 Comentários