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Confirmada oficialmente safra vitícola menor

A produção de uvas para vinificação no Rio Grande do Sul em sua mais recente safra foi 15,95% menor do que a registrada na vindima anterior.

A produção de uvas para vinificação no Rio Grande do Sul em sua mais recente safra foi 15,95% menor do que a registrada na vindima anterior. Os dados oficiais da colheita apontam uma produção, em 2008/2009, de 533.034.412,62 kg, com graduação glucométrica média de 14,16º babo. Em 2007/2008, a colheita (recorde) foi de 634.261.838,54 kg, com graduação glucométrica média de 14,77º babo. As informações são da Divisão de Enologia do Departamento de Produção Vegetal (DPV) da Secretaria Estadual da Agricultura, Pecuária, Pesca e Agronegócio (Seappa). Segundo o chefe da Divisão, Plinio Manosso, a compilação dos dados da safra 2008/2009 foi concluída por volta de 10 de junho. Somente dentro de um mês é que deverão ser liberadas as estatísticas sobre a produção vinícola, completa ele. Os dados oficiais apontam que Bento Gonçalves continua sendo o principal produtor vitícola. O município colheu pouco mais de 113 milhões de kg. Flores da Cunha, Farroupilha e Caxias do Sul seguem ocupando da segunda a quarta posições no ‘ranking’, com produções, respectivamente, de 71,3 milhões, 56,9 mi e 42,2 milhões de kg. Na condição de quinto maior produtor, uma surpresa: Monte Belo do Sul, com 40,3 milhões de kg, tomou o posto antes ocupado por Garibaldi, que, em 2008/2009, produziu 39,4 milhões de kg. De qualquer modo, os seis municípios juntos responderam por mais de um terço (68,22%, mais exatamente) da produção de uvas no Rio Grande do Sul na safra. Em relação às variedades, as híbridas e americanas (para vinhos de mesa e suco) seguem predominando, com 460.855.357,55 kg, ou 86,46% do total. As Vitis vinifera (para vinhos finos), por conseguinte, comparecem com 72.179.055,07kg (13,54% do montante da vindima). Como na regra, a híbrida tinta Isabel foi a cultivar mais produzida, com 199,3 milhões de kg. Bordô (69,1 milhões de kg) e Niágara branca (30,6 mi) aparecem na sequência, por importância em volume. Entre as uvas Vitis vinifera, as três mais produzidas foram Moscato branco (14,2 milhões de kg) e as tintas Cabernet Sauvignon (13,2 milhões) e Merlot (8,8 mi). Como ‘campeã’ em graduação glucométrica uma casta não muito conhecida: a tinta Vitis vinifera Petit Verdot, cujos 56.031 kg colhidos apresentaram 21,2º babo.

Perdas ainda maiores em Flores e em Nova Pádua

Em Flores da Cunha e em Nova Pádua, a quebra na produção de uvas na mais recente safra foi maior do que a média registrada no Estado – de 15,95%. Em Flores da Cunha, a redução, em relação à 2007/2008, foi bastante mais grave: 28,14% foi o índice de perda. Em Nova Pádua, o decréscimo foi de 19,49%. O chefe do escritório da Emater de Flores da Cunha, Valdir Franceschet, aponta a grande área de cultivo de variedades comuns mais precoces (como Bordô e Niágara) como explicação para tão acentuada quebra no município. É que tais cultivares, segue ele, foram as mais prejudicadas pelo mau tempo (o excesso de chuva/alta umidade e as temperaturas mais baixas) no período de floração, levando ao aborto da flor da uva que produziria. De acordo com Franceschet, as intempéries prejudicaram até mesmo as práticas de manejo vitícola – como no próprio caso das aplicações de agroquímicos. O raciocínio do chefe do escritório da Emater, confrontado com as estatísticas oficiais, demonstra-se, efetivamente, apropriado. Em 2007/2008, a produção, em Flores da Cunha, das uvas Bordô e Niágara branca foi, respectivamente, de 31.289.934,95 kg e de 9.280.670,25 kg; na mais recente vindima, as produções despencaram, na ordem, para 19.929.039,2 kg e 6.197.564,6 kg. Ou seja, no comparativo, as quedas de uma e de outra cultivar foram de 36,3% e de 33,22%. Em Nova Pádua, interpretando-se as estatísticas, a lógica é relativamente a mesma. No município, em 2007/2008 a produção de Bordô foi de 2.812.060 kg, a de Niágara branca, de 2.428.633 kg; em 2008/2009, respectivamente, de 2.050.213 kg e de 1.915.147 kg. As perdas perfazem, portanto, na ordem, 27,09% e 21,14%. No caso da principal variedade de uva em quantidade em ambos os municípios, a híbrida Isabel, as quebras foram de 25,61% em Flores da Cunha (de 40.847.874,90 kg para 30.384.146,13 kg) e de 19,81% em Nova Pádua (de 18.293.288 kg para 14.668.226 kg).

Formalizado convênio entre Embrapa e Apromontes

No dia 25 de junho, a Embrapa Uva e Vinho e a Associação de Produtores dos Vinhos dos Altos Montes (Apromontes), que reúne vinícolas de Flores da Cunha e Nova Pádua, formalizaram o convênio de Cooperação Técnica para execução do projeto ‘Desenvolvimento das Indicações Geográficas de Vinhos Farroupilha e Altos Montes no APL de Vitivinicultura’, na Sede da Instituição de Pesquisa, em Bento Gonçalves. As entidades já desenvolvem ações em busca da indicação desde 2006, mas agora com a aprovação do projeto de pesquisa e a formalização da parceria, as atividades visando o reconhecimento da indicação geográfica pelo Instituto Nacional da Propriedade Industrial devem se intensificar. O Projeto prevê a realização de ações de pesquisa, desenvolvimento e inovação para qualificar os vinhos da região, que serão consolidadas no Regulamento de Uso da indicação geográfica Altos Montes; a delimitação da área geográfica; a implementação e operacionalização da futura Indicação de Procedência, através do seu Conselho Regulador; e a realização de análises químicas e sensoriais visando caracterizar os vinhos da futura indicação. O projeto, que conta com o financiamento da Embrapa, será executado de 2009 a 2011 por uma equipe multidisciplinar da Embrapa Uva e Vinho, Embrapa Clima Temperado, Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) e Universidade de Caxias do Sul (UCS), que reúne profissionais com diversas competências, incluindo agrônomos, geógrafos, enólogos, jornalistas, relações públicas e vitivinicultores. A missão da Apromontes é promover a organização de área geográfica determinada para a produção de vinhos finos, visando o reconhecimento da indicação de procedência Altos Montes, a divulgação, proteção e promoção dos vinhos nos mercados. Por isso, incentiva a pesquisa vitivinícola, bem como a qualificação dos vinhos e de seus derivados e, trabalha também para desenvolver o potencial turístico da região. A associação foi fundada em 23 de janeiro de 2002 e reúne 10 vinícolas associadas, sendo elas: Vinhos e Vinhedos Viapiana, Vinhos Mioranza, Terrasul Vinhos Finos, Vinhos Fabian, Vinícola Góes e Venturini, União de Vinhos do Rio Grande, Vinícola Salvador, Vinhos Monte Reale, Panizzon Vinhos, Sucos e Espumantes, Vinhos Luiz Argenta, Oremus Vinhos Finos e Cooperativa Vinícola São Pedro.
Cabernet Sauvignon (a uva sendo colhida, na imagem) rendeu esse ano, no Estado, 13,2 milhões de kg. - Arquivo / Editora Novo Ciclo
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