Comunidades e Bairros: Herança ainda intacta
Casarões da família Soldatelli preservam a cultura dos imigrantes italianos
Luigi Soldatelli veio da Itália com sua família – mãe, irmãos, cunhada e sobrinhos. Chegou ao Brasil com 19 anos e se instalou na localidade de Nova Roma.
No dia 15 de agosto de 1881, Luigi, chamado por ‘Luizin’, casou-se com Margarida Maria Letti.
Tanto Luizin como Margarida eram analfabetos, mas Luigi tinha grande facilidade para fazer contas. Mais tarde, também aprendeu a ler e escrever.
Aos poucos, Luigi foi juntando dinheiro e comprou uma colônia de terra em Nova Roma, perto de onde residia com a mãe e os irmãos. Nessa colônia Luizin fez uma olaria para construir sua primeira casa.
Os tijolos eram feitos de uma maneira bem primitiva, sem máquina. Eram trazidos da olaria até o lugar da construção por uma carreta puxada por uma junta de bois. Assim, a família de Luizin construiu a casa grande, que servia de moradia e casa de negócios.
Logo construíram outra casa ao lado, onde foi morar o primeiro filho de Luizin. Essa casa servia também de depósito das mercadorias, como milho, trigo, feijão, banha, linho, trança, erva mate, entre outras. Servia também para colocar os arreiamentos dos animais, cangalhas, bruacas e outros, além de alojamento para peões.
(Fatos retirados do livro ‘A caminhada dos Soldatelli’, escrito por Paulina Soldatelli Moretto)
Conforme depoimento de Bibiana Soldatelli, filha de Luigi, em documento arquivado pela família Soldatelli, suas irmãs mais velhas, Maria e Dosolina, eram as pessoas responsáveis por carregar os tijolos na carreta e conduzir os bois.
Hoje, os casarões, com mais de 100 anos, continuam lá, intactos, pertencentes ainda a família Soldatelli, que passou de geração para geração.
Neto de Luigi Soldatelli e Margarida Letti Soldatelli, filho de Maximiliano Soldatelli e Matilde Grisa Soldatelli, Antônio Soldatelli foi quem herdou as terras, que hoje permanece nas mãos dos seus sete filhos, Marlize, Euclides Maximiliano, Lorena Margarete, Neires Maria, Maria Helena, Bernardete e Antônio Roque.
Cresceu em Nova Roma e sempre teve presente com seu espírito empreendedor e um senso comunitário. Antônio Soldatelli doou terras para a construção da igreja da comunidade, do salão comunitário; doou para o Estado terras para a construção da escola que leva seu nome; ajudou a construir a igreja de Nova Roma; e liderou as atividades de instalação da rede elétrica na comunidade. Já no centro de Flores da Cunha (sede), ajudou no transporte das pedras com o caminhão para a construção do campanário e para a construção do Convento da Ordem dos Capuchinhos; foi por várias vezes festeiro das festas paroquiais de Nossa Senhora de Lourdes; foi responsável pela ideia da construção do busto de Frei Eugênio; colaborou na construção do Hospital Nossa Senhora de Fátima, tornando-se sócio benemérito; e foi fundador do Partido Social Democrático do município.
Por isso e tantas outras coisas, a Estrada Antônio Soldatelli, que liga a cidade à vila de Nova Roma – denominada oficialmente dia 1º de setembro de 1997, através de lei pela Câmara de Vereadores – leva seu nome. Antônio Soldatelli faleceu no dia 7 de setembro de 1984.
Conforme a filha de Antônio, Maria Helena, há muitas histórias e muito orgulho da família. “Ficamos muito felizes em relembrar. Tenho muito orgulho e muitas lembranças boas”, conta ela que, quando pequena, residia na casa que foi de seu bisavô com sua família.
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