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Comunidade engajada na Fenavindima

Carros alegóricos, que desfilarão pela Borges de Medeiros, estão sendo construídos pelas mãos das comunidades e entidades

Nannetto Pippetta, Frei Salvador, o mágico, o Sanguanel e a Nona Joana. Personagens que dão vida à história de Flores da Cunha e que estarão retratados no desfile cênico da 14ª Festa Nacional da Vindima – Fenavindima. Nannetto Pippetta com a chegada dos imigrantes italianos. Frei Salvador com a fé e a religiosidade. O mágico e o galo com a história icônica. O Sanguanel enfatizando a cultura. E a Nona Joana enaltecendo a gastronomia. Todos eles ganharão vida através dos integrantes do grupo teatral Fulanos de Tal. Ao todo, serão três desfiles, sempre aos domingos: dia 16, às 15h; dia 23, às 10h; e dia 1º de março, às 15h. O corso será realizado na Rua Borges de Medeiros.

Sob o tema ‘A festa de todas as mãos’, o desfile será composto por cinco alas, mais de 25 alegorias, entre chão e plataforma, e 13 carros alegóricos. Conforme o coordenador da Comissão de Desfiles, Carlos Raimundo Paviani, a comunidade está engajada. “Nos reunimos com todas as comunidades e entidades e convidamos para participarem da festa. Tivemos uma ótima aceitação”, pontua. Conforme a comissão, serão em torno de 400 figurantes por desfile e mais de 50 voluntários para organização e logística.

Dos 13 carros alegóricos, apenas um não está sendo confeccionado pelas comunidades: o das soberanas. A rainha, Fernanda Molon Andreazza, e as princesas, Júlia Brandalise Dondé e Sabrina Variani, desfilarão em um carro produzido pelo artista plástico florense Giovani Betanin, com projeto executado pela arquiteta Sayonara Guarese.

De acordo com Betanin, o carro representará o tema principal da festa: as mãos. “Teremos duas mãos abertas que estarão oferecendo ao público as riquezas do nosso município”, conta. A alegoria também terá um arco atrás das soberanas, representando a coroação. “Tudo foi muito bem pensado e feito sob medida para a corte”, revela. O carro das soberanas também terá uma surpresa, que fará com que o público possa interagir com elas. “Vai ser um momento especial e cheio de surpresa”, garante Betanin, que também está produzido a decoração do Parque da Vindima.

Já as embaixatrizes estão confeccionando seu próprio carro. “O projeto nasceu de uma ideia coletiva. Pensamos na uva, pois ela é o fruto da nossa alegria. Além disso, a união dos grãos é que forma a beleza e a sustentação do cacho. Assim, cada embaixatriz será um grão”, declaram as jovens que desfilarão pela Rua Borges de Medeiros.

O responsável pela execução dos carros e presidente da Associação Fenavindima, Alex Eberle, diz que algumas comunidades já iniciaram a montagem e outras estarão iniciando o trabalho ao longo da próxima semana. “Cada comunidade anda de um ritmo, mas temos um cronograma e tudo está organizado”, garante Eberle. A grande novidade deste ano é o movimento maior das entidades. “Não são apenas as comunidades do interior, mas tem bairro, entidade, escolas e empresas que estão dando um viés muito mais comunitário para a festa de todas as mãos”, explica.

Os retratos da história florense

Participando pela primeira vez da Fenavindima, a Associação de Pais e Amigos dos Excepcionais (Apae) será a responsável por mostrar ao público a troca do nome da cidade: de Nova Trento para Flores da Cunha.

Conforme a diretora da entidade, Maria Branchini, a escola desfilará em uma alegoria retratando toda a história por trás da mudança. “Vamos apresentar por meio de placas e vestimentas a promessa do General Flores da Cunha para que, se mudassem o nome da cidade para Flores da Cunha, o trem passaria pelo local”, conta Maria. A diretora também revela que durante o desfile da entidade, a música ‘A que horas passa o trem’ será executada, além da apresentação dos símbolos da cidade, como a torre, o galo e o vinho. “Estamos muito felizes em estar participando desta Fenavindima. É emocionante, porque recebemos o convite da organização da festa que não quer mostrar apenas uma cultura, mas também quer incluir a todos”, pontua.

A comunidade de São Gotardo e o Clube Cruzeiro contarão na Borges de Medeiros a história do galo. Serão duas alegorias com aproximadamente 30 pessoas envolvidas. Conforme a gerente financeira e coordenadora da pastoral e liturgia da comunidade, Bárbara Sandi, tudo está sendo planejado para ficar perfeito. “Vamos ter um galo de três metros de altura que abrirá o desfile da nossa comunidade. Também teremos a apresentação do mágico, as autoridades e o público”, conta. A encenação será narrada em português e também em talian. “Toda a comunidade foi convidada a participar e ajudar”, diz Bárbara.

Já para demonstrar a fé e a religiosidade dos imigrantes e dos florenses, a comunidade da Linha 60, responsável pelo tema, está com tudo organizado. Conforme o presidente da comunidade, Jorge Andreazza, no último final de semana os moradores se engajaram e concluíram a parte da estrutura de madeira e pintura. “Nosso carro terá a igreja, a torre e o cemitério, além do Santo Antônio e São Bartolomeu, nosso padroeiro”, revela. A ideia da comunidade é representar a fé e a religiosidade de antigamente e dos dias atuais. “Teve uma mudança significativa, e na nossa alegoria de chão vamos retratar essa evolução”, afirma o tesoureiro da comunidade, Jaime Andreazza. Cruzes do cemitério antigo da localidade foram encontradas e estarão presentes no desfile. “Vamos desfilar com umas 20 a 30 pessoas. Tem muitos moradores que estão resistentes por causa da safra e precisam trabalhar, mas tem outros que ficam até brabos se não convidamos para fazer parte”, afirma Jorge.

Também pela primeira vez participando do desfile, a comunidade do Eremitério do Frei Salvador representará a vida de Frei Salvador. “Vamos fazer um desfile bem simples, como era o frei. Nosso propósito é evidenciar e divulgar Salvador”, conta a integrante da equipe do Eremitério, Lígia Pedron Vanelli.

A religiosidade e o trabalho

O grupo do Eremitério, formado por 15 casais, estará desfilando com um trator ornamentado e convida postulantes e coroinhas para integrarem o corso. “Vamos entregar mudas de plantas e também o material de divulgação da beatificação do Frei Salvador”, explica Lígia. A alegoria do Eremitério desfilará ao som da oração do Frei Salvador.

O trabalho de antigamente também será retratado no desfile e estará a cargo do bairro Aparecida, que levará à Borges de Medeiros uma ferraria. Conforme o responsável pela alegoria, Diego Tonet, o carro está em construção e a comunidade está bastante ativa. “Estamos tendo a ajuda de algumas pessoas do bairro, desde jovens, adolescentes, até pessoas mais velhas, que também estão ajudando com a doação de madeiras e objetos que irão simbolizar o tema do carro”, declara.

Na alegoria estará a figura do ferreiro. “Vamos tentar levar dois ferreiros que residem no bairro e ainda trabalham nesta profissão. A ideia é prestar uma homenagem aos imigrantes que tinham uma habilidade ímpar de trabalhar com o ferro e o fogo desenvolvendo ferramentas de trabalho”, revela Tonet. No carro estará presente a bigorna, o martelo utilizado para forjar as ferramentas, um forno usado para aquecer os materiais e diversas ferramentas, como enxadas, foices, ferraduras e um serrote antigo.

 - Gabriela Fiorio
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