Com produção de 10 mil cestas por ano, Artesanato Zin comemora seus 45 anos
Luiz e Maria produzem cerca de 10 mil cestas por ano
O último dia do mês de novembro, sábado (30), é especial para o casal de artesãos Luiz Zin, 69, e Maria Dal Bó Zin, 64. Prestes a completar 45 anos de atividades, o Artesanato Zin é mais do que uma empresa para eles, que vivem o seu dia a dia no ateliê, que fica junto a sua residência, na rua Frei Eugênio, 936.
Como toda história tem um começo, antes mesmo de casar, Zin saiu da colônia em busca de outras opções de trabalho. Nos primeiros anos, ele se dedicou a área mecânica.
— Até os 18 anos trabalhei na agricultura. Depois, fui para Caxias trabalhar com mecânica. No início, era só furar peças, mas depois fiz o curso de desenhos mecânicos. Trabalhei um tempo em algumas empresas, mas ficar dentro dos pavilhões não era muito legal, pois eu não sabia se era dia ou se era noite. Só ouvia o barulho das máquinas. Aí resolvi procurar outra coisa — lembra.
Natural da comunidade São João Batista, no Travessão Cavour, antes de iniciar com o artesanato, Zin trabalhou como vendedor para empresas de confecções. Após oito meses, recebeu uma proposta para trabalhar com cestas para Páscoa.
— Na época, a Saccaro de Ana Rech me entregou dois moldes de cestas para vender, só que para Páscoa do ano seguinte. Peguei os dois modelos e fui para o lado de Teutônia e Porto Alegre. Numa semana,vendi duas camionetas carregadas de cestas. Na volta, já recebi a proposta para entrar de sócio e trabalhei um ano e meio com eles. Depois, resolvi trabalhar sozinho — lembra.
Desde 1979, Zin não parou de aperfeiçoar suas habilidades com o artesanato. Vendia cestas para empresas, pessoas particulares e em feiras. Em pouco tempo, o florense já estava atendendo clientes de São Paulo, produzindo cestas para vinhos.
Vime, palha de trigo, palha de carnaúba. São diversos os materiais utilizados para a confecção do artesanato que passam pelas mãos de Zin. Nos primeiros 20 anos, ele fazia móveis de vários tipos. Desde cadeiras, sofás, balcões. Mas, a produção de cestas se tornou mais rentável.
— Só com os modelos de cestas que tenho guardado, eu levaria mais de um ano e meio para produzir uma unidade de cada. Todos os anos, os clientes querem algo diferente. Eu conheço todos os modelos e chego a produzir até 40 cestas por dia — comenta.
As cestas são vendidas para todo o Rio Grande do Sul. A Tumelero Adega, de Caxias do Sul, cliente com 34 anos de parceria, por exemplo, fez um pedido de 2,5 mil cestas que são utilizadas para produtos de Natal. Assim como no supermercado Vermelhão, que fica no Centro de Flores, em torno de 500 unidades também já foram entregues nesse ano. Além disso, o Artesato Zin produz as cestas para os tradicionais rifões das festas das comunidades florenses.
A produção anual é de aproximadamente 10 mil cestas. Atualmente, além do casal, mais uma pessoa ajuda na confecção dos produtos. Os preços de venda variam entre as cestas menores, no valor de R$ 15, até as cestas de piquenique, R$ 140. Por ser artesanato, os preços podem variar para mais ou para menos, conforme o pedido e tamanho das cestas.
Uma arte que pode ter fim
Há 38 anos trabalhando ao lado do marido, Maria Dal Bó Zin, afirma gostar muito do que faz e que não pretende parar enquanto tiver condições de produzir.
— O trabalho me salva. Eu operei minhas mãos por outro motivo (que não o artesanato) e não preciso fazer fisioterapia. Eu movimento as mãos, isso é bom, só não posso mais trabalhar na parte das madeiras. É muito pesado para mim. Mas aí o Luiz faz essa parte. Ficamos cada um em um canto fazendo o trabalho. O médico me deu 90 anos de vida, quero vive-los fazendo artesanato — revela Maria.
A jornada inicia ao amanhecer, por volta das 6h30min, e segue até a noite. O artesanato produzido pelo casal Zin compreende várias etapas, que vão desde a preparação do vime, corte dos moldes até a montagem das cestas. Infelizmente, o tradicional trabalho do Artesanato Zin, que a comunidade florense conhece, pode encerrar quando o casal resolver parar com essa atividade.
— As pessoas não têm mais interesse em trabalhar com esse tipo de artesanato. Há uns 10 anos mais ou menos, tentei ensinar nas escolas, passei em quase todas fazendo oficinas. Mas ninguém demonstrou interesse em aprender. Eu não tenho filhos, mas tenho sobrinhos e nenhum quer seguir com esse trabalho — lamenta Luiz Zin.
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