Colono e Motorista: A fé e a esperança como combustíveis para seguir em frente
Ires Mantovani Garibaldi, de 59 anos, se dedica a produção de uva
Um exemplo de perseverança e otimismo. Assim podemos definir a produtora Ires Mantovani Garibaldi, de 59 anos, moradora da Capela Nossa Senhora de Fátima, na comunidade da Restinga, em Flores da Cunha.
Associada ao STR desde muito jovem, a agricultora lembra que sempre trabalhou e morou no interior, onde se dedica a produção de uva, nos 6 hectares que cultiva ao lado do marido, Moacir Garibaldi. “Sempre fui da roça, desde pequena, meu pai era caminhoneiro e minha mãe continuou na roça com o sogro dela. A gente se criou lá, viemos todos da roça”, conta Ires, que confessa não trocar a colônia por nada.
“É minha vida, eu disse que só vou morar na cidade depois que morrer, porque gosto daqui”, brinca a florense, ao mesmo tempo em que revela que os dois filhos, Rodrigo Garibaldi, de 38 anos, e Roberta Garibaldi Freire, de 34 anos, seguiram seus passos e permanecem na área rural. Apesar das dificuldades encontradas no dia a dia, eles também cultivam uva em uma propriedade próxima a de Ires, ao lado dos quatro netos que, pelo que depender dela, vão seguir o mesmo caminho, apesar de todos os desafios.
“Eu penso que o agricultor está em últimos planos, porque a produção, tudo, vem dele, só que lá na frente ele é desvalorizado, quem ganha é o cantineiro e o comércio. Quando vamos comprar, é caro, e nós sabemos que vendemos barato. Por exemplo, a gente vende a uva por aquele ‘valorzinho’ e o vinho tu paga salgado. Então eu penso que é pouco valorizado e que os agricultores não estão ganhando o valor que merecem para tudo que fazem, porque é sofrido e não tem horário, é 24 horas por dia”, desabafa a produtora.
Por outro lado, ela sinaliza que os avanços em maquinário e tecnologia, ao longo dos anos, contribuíram muito para o dia a dia de quem trabalha na colônia, e é justamente esse o ponto que ela frisa com os filhos, nos momentos de adversidades. “Às vezes eles não acreditam que existiram todas essas dificuldades, porque para eles também é dificultoso, mas eu digo: ‘Vocês não chegaram a passar por aquilo que a gente passou, porque se vocês tivessem passado, iam ver que não é tão dificultoso assim, é só ter aquela fé e esperança de seguir em frente, sempre torcendo para que as coisas melhorem’. Porque se tem a natureza colaborando, o tempo, as coisas funcionam, não adianta desanimar”, defende, esperançosa.
A valorização da mulher enquanto agricultora, dona de casa e mãe é outro aspecto que, conforme Ires, passou a ser mais reconhecido: “Eu acho que está melhor pelas condições que a gente tem, tem maquinário, equipamentos, tudo. Tem menos dificuldades pelo fato de que temos mais tecnologia, tem trator para puxar a uva, coisas que uma vez tinha que ter mula, carroças. Agora não, tem tudo mais prático, mais fácil, mas é trabalhoso igual porque é de manhã à noite, em casa, na roça, e por aí vai, não para”, declara, orgulhosa de sua rotina.
“Todo o trabalho que o agricultor tem é pesado, mas digo que não desista, que siga em frente, porque um dia vai ter o valor que merece. É uma profissão totalmente necessária, sem quem planta ninguém vive, porque precisa de comida”, conclui Ires, ao mesmo tempo em que provoca uma reflexão sobre a importância do colono em colocar o alimento na mesa das pessoas.
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