Cerca de 400 alunos ainda não tiveram aulas de Português e Matemática
Faltam professores em algumas disciplinas nas escolas da rede estadual Pedro Ceconello, Frei Caneca e Luiz Gelain, em Flores da Cunha e Nova Pádua
O período letivo 2017 iniciou há quase dois meses, contudo, alguns estudantes de Flores da Cunha ainda não viram conteúdo novo em disciplinas importantes como Português e Matemática. Isso porque estão faltando professores em duas das oito escolas da rede estadual de ensino no município – a Pedro Ceconello, em São Gotardo; e a Frei Caneca, no Centro. Juntas, as duas instituições somam 14 turmas e mais de 350 estudantes do 6º ao 9º ano do ensino fundamental que passam períodos diários sem aula. A situação, que exige jogo de cintura das escolas, não tem prazo para ser resolvida. A Coordenadoria Regional de Educação (4ª CRE) de Caxias do Sul diz que o Estado ainda não liberou a contratação de novos docentes.
Períodos que deviam ser ocupados por aulas se tornaram livres, muitas vezes para copiar matéria do quadro para o caderno, sem qualquer explicação, ou ainda para ficar no pátio da escola. O cenário se repete nas escolas estaduais Pedro Ceconello e Frei Caneca. Em São Gotardo, mais de 120 alunos não tiveram Português neste ano e, desde a última semana, também estão sem as matérias de Ciências e Religião – a docente se afastou por licença-maternidade. Por enquanto, nenhum profissional chegou para completar o quadro de professores. “Fomos informados que a 4ª CRE está aguardando a liberação de novos contratos do Estado. Enquanto isso, vamos nos virando, mas é uma situação muito difícil. A direção está passando atividades para os estudantes em sala de aula, mas esses profissionais não têm formação nessas matérias, por isso conteúdo mesmo não está sendo passado”, lamenta a diretora da Pedro Ceconello, Rosa Mara Neves Matias.
Na Escola Frei Caneca a situação também preocupa. Todos os alunos do 6º ao 9º ano do ensino fundamental estão sem aula de Matemática, além de uma turma do 6º ano que também não tem Português. “São nove turmas que todos os dias estão sem aula. Organizamos um mutirão entre os professores para de alguma forma ocupar esses alunos nos períodos em que não temos profissionais, mas eles ainda não tiveram conteúdo neste ano”, admite a vice-diretora do turno da manhã, Raquel Mainardi. Além dos professores, a escola está sem o vice-diretor no turno da tarde.
Nas outras seis escolas estaduais do município o quadro de professores está completo. Em Nova Pádua, na Escola Luiz Gelain, duas turmas do 9º ano estão sem aulas de Português – cerca de 40 alunos.
O que diz a 4ª CRE
A Coordenadoria Regional de Educação (4ª CRE) de Caxias do Sul, que abrange Flores da Cunha, diz que no período de férias escolares é feito o remanejo de professores conforme as demandas, contudo nos casos da Pedro Ceconello e da Frei Caneca, pela carga horária ser maior, é necessária a efetivação de novos contratos para aqueles professores aprovados em concurso do Estado. Essa liberação, contudo, não está sendo feita pela Secretaria da Educação (Seduc-RS). “Devido a alguns trâmites burocráticos, a Seduc-RS ainda não liberou novos contratos para nenhuma coordenadoria do Estado. Na última segunda-feira, dia 3, nos reunimos em Porto Alegre e estamos esperando que esses contratos sejam liberados ainda nesta semana. Tendo essa efetivação, são chamados os professores concursados e assim demandamos o recurso humano para as escolas o mais rápido possível”, aponta Cristina Boeira Fabris, chefe do departamento de RH da 4ª CRE.
De acordo com Cristina, o conteúdo não repassado até agora será recuperado pelos professores que assumirem. “A 4ª CRE, com as escolas, vai montar um cronograma de recuperação dessas horas-aula. As escolas, da melhor maneira possível, estão tentando dar conta e não têm liberado os alunos, pois muitos deles vêm do interior e dependem de transporte escolar”, aponta. Quanto à falta do vice-diretor na Escola Frei Caneca, Cristina explica que é preciso um professor nomeado e estável, isso é, que já concluiu seu estágio probatório, para que assuma a função. “A direção da escola fez alguns convites, mas não obteve êxito. A 4ª CRE dá esse amparo, mas não podemos obrigar um professor a exercer uma função que ele não queira”, alega.
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