Censo com vinícolas aponta investimentos em enoturismo
Levantamento com empresas do Rio Grande do Sul mostra que 60% delas pretendem ampliar a produção de suco de uva e de espumantes
Cerca de 60% das 346 empresas vinícolas do Rio Grande do Sul revelaram que têm intenção de ampliar a produção de espumante tipo brut, seguido do moscatel e do suco de uva integral. Os dados foram revelados recentemente pelo Censo da Indústria Vinícola do Rio Grande do Sul, estudo realizado pela Universidade de Caxias do Sul (UCS) a pedido do Instituto Brasileiro do Vinho (Ibravin), com a intenção de avaliar o perfil da indústria vinícola gaúcha, com base nos apontamentos das empresas coletados entre setembro de 2013 e maio de 2014.
Conforme a pesquisa, os produtores de espumante brut são os que mais manifestaram desejo de ampliação, 65% do total, sendo que 28% deles pretendem aumentar em 20% sua produção; outros 20% querem investir 50% a mais e 8% pretendem dobrar a fabricação. O moscatel aparece em segundo lugar nas intenções de investimentos das empresas, com 62% de interessados. Destes, 33% querem aumentar em 20%, 24% querem produzir 50% a mais e 5% pretendem dobrar a produção. O suco de uva integral aparece na terceira posição, sendo que 58% das empresas dizem ter interesse em produzir mais.
Ampliar os investimentos em enoturismo também está nos planos de mais de 40% das vinícolas que hoje não oferecem atividades para turistas. Conforme a pesquisa, atualmente apenas 25%, ou seja, uma a cada quatro indústrias do setor promove atividades nesse sentido. Entre as que possuem ações no segmento, 79% estão inseridas em algum roteiro turístico, sendo o Vale dos Vinhedos, em Bento Gonçalves, o mais citado. Entre os que não têm, aproximadamente 42% têm intenção de implementá-las em até cinco anos.
A pesquisa foi comandada pelo professor Fabiano Larentis, que é coordenador do curso de Comércio Internacional do Campus Universitário da Região dos Vinhedos (Carvi) e docente do programa de pós-graduação em Administração (PPGA), juntamente a diretora do Centro de Ciências Exatas, da Natureza e da Tecnologia do Carvi, Cíntia Paese Giacomello. O levantamento teve ainda o envolvimento do programa de pós-graduação em Administração da UCS, por meio das professoras Ana Cristina Fachinelli e Simone Fonseca de Andrade.
O levantamento
Segundo o diretor-executivo do Ibravin, Carlos Raimundo Paviani, o objetivo da pesquisa é, primeiramente, entender melhor as empresas e ter mais informações para tornar a comunicação com o setor mais efetiva. “Há diferenças de resultados partindo do ponto de vista do tamanho do negócio ou da produção, pois têm muitos grupos com realidades distintas. Temos grupos que só trabalham com vinho de mesa a granel. Outros, com vinhos finos engarrafados ou com suco. E grupos que fazem de tudo. Precisamos compreender bem isso para desenvolvermos as ações”, explica. Segundo Paviani, a partir de agora o Ibravin irá desenvolver um planejamento de trabalho para os próximos anos, desenvolver ações e disseminar conceitos que ajudem a melhorar a produção e a qualidade das bebidas produzidas.
A pesquisa apontou os pontos positivos, assim como as necessidades do setor. Entre os cinco principais entraves mais citados, quatro dizem respeito à escassez de profissionais qualificados. A falta de mão de obra para a colheita, que em uma escala de zero a 10 ficou com 7,07. Já a ausência de mão de obra qualificada na produção vinícola foi apontada por 5,78% dos entrevistados. Também foram citadas as dificuldades em conseguir melhores preços das uvas, o alto nível de capacidade produtiva ociosa, além da qualidade da uva disponível e a necessidade de intensificar ações de conscientização para a qualidade do vinho gaúcho, com trabalho focado em restaurantes e entidades de classe.
O município com maior número de casos apontados no estudo foi Flores da Cunha, com 100 empresas. Destas, 37 estão inativas, 11 não quiseram responder ao estudo e 10 não foram encontradas. A segunda posição ficou com Caxias do Sul, com 37 casos; Garibaldi aparece em terceiro lugar, com 34, e Bento Gonçalves ficou com a quarta posição no número de empresas participantes. Nova Pádua aparece com 20 casos.
Vinícola Fabian dirá adeus ao vinho comum em breve
A vinícola Fabian, localizada em Nova Pádua, faz parte da parcela da indústria vinícola gaúcha que pretende ampliar a produção de espumantes, assim como os investimentos em enoturismo. A empresa possui uma área cultivada de 10 hectares de uvas viníferas. Em seu portfólio estão três linhas de produtos: a Gran Reserva Fabian, a Reserva Fabian e a Fabian Intuição, totalizando 14 vinhos. As linhas são comercializadas no mercado nacional, em lojas especializadas, restaurantes e para o consumidor final, por meio do varejo localizado no interior da propriedade, método utilizado por 64% das vinícolas que responderam à pesquisa.
O responsável pelo setor financeiro e pelas vendas, Giovani Fabian, 24 anos, destaca que atualmente são produzidos 35 mil litros de vinhos finos e de base para espumante, além de 100 mil litros de vinho de mesa. A empresa conta hoje com cinco funcionários e sua administração é familiar. Juntamente a 61% dos entrevistados, o faturamento bruto anual da vinícola é inferior a R$ 360 mil.
Assim como 7% dos entrevistados, a vinícola Fabian pretende extinguir a produção de vinhos comuns. Segundo Giovani, isso acontecerá dentro de dois anos, já que a compensação financeira é baixa. A partir disso, a ideia é ampliar a produção de espumantes em cerca de 150%. O plano é implantar uma linha de produção da bebida na própria vinícola. “Hoje, mantemos o espumante aqui até a estabilização. Depois, terceirizamos a parte do degorge, pois não temos o maquinário. Porém, nossa intenção é comprar esses equipamentos e fazermos aqui, além de produzir mais bebidas”, destaca o empresário, estimando que o investimento necessário deve ser de R$ 100 mil.
Hoje a Fabian abre suas portas para receber clientes que podem adquirir os produtos no varejo, participar de degustações de vinhos e visitar as dependências internas e os vinhedos. Contudo, dentro de cinco anos, a ideia da direção é diversificar as atrações para atrair mais visitantes. Segundo Giovani, de outubro a dezembro de 2013, cerca de 600 pessoas passaram pelo estabelecimento, predominantemente famílias e casais. A vinícola faz parte da Associação dos Produtores dos Altos Montes (Apromontes) e está inserida no roteiro turístico dos Altos Montes. Entre as vinícolas que têm ações de enoturismo citadas no levantamento encomendado pelo Ibravin, a grande maioria (78%) está inserida em algum roteiro.
Saiba mais
– 9,2% das empresas têm ações de exportação, com predomínio do vinho fino. Dos que não exportam, 30% afirmaram que têm intenção de passar a exportar nos próximos cinco anos. Os 70% que não pensam nessa possibilidade afirmam que os principais motivos seriam a falta de capacidade produtiva e de estrutura interna.
– A participação da receita proveniente do enoturismo varia entre as vinícolas, mas apresentou média de 15%.
– A maioria das vinícolas (55,7%) com ações de enoturismo recebeu, em 2013, até 500 visitantes, sendo predominantemente famílias. Na maioria dos casos (65%), os visitantes conseguem informações sobre o empreendimento por meio de recomendações de amigos ou familiares. A internet foi citada por 48% das vinícolas.
– Quanto ao faturamento, 61% (211) afirmaram ter receita bruta anual de até R$ 360 mil. Apenas nove vinícolas (2,6%) têm faturamento superior a R$ 48 milhões.
– 39% (135) das empresas entrevistadas têm uma margem líquida de lucro (descontando os impostos) de até 5%. Cinco delas, ou 1,4%, lucram mais de 20% nas transações. Além disso, 4,9% informaram que têm margem negativa.
– Quanto à produção, verificou-se que 77,7% das vinícolas contam com vinhedos próprios. Metade delas possui área própria inferior a 7 hectares.
– A Serra Gaúcha conta com 89,6% da área plantada no Estado, sendo que 41% da produção é de uvas viníferas e 58,9% de americanas (de mesa).
Fonte: Ibravin.
Conforme a pesquisa, os produtores de espumante brut são os que mais manifestaram desejo de ampliação, 65% do total, sendo que 28% deles pretendem aumentar em 20% sua produção; outros 20% querem investir 50% a mais e 8% pretendem dobrar a fabricação. O moscatel aparece em segundo lugar nas intenções de investimentos das empresas, com 62% de interessados. Destes, 33% querem aumentar em 20%, 24% querem produzir 50% a mais e 5% pretendem dobrar a produção. O suco de uva integral aparece na terceira posição, sendo que 58% das empresas dizem ter interesse em produzir mais.
Ampliar os investimentos em enoturismo também está nos planos de mais de 40% das vinícolas que hoje não oferecem atividades para turistas. Conforme a pesquisa, atualmente apenas 25%, ou seja, uma a cada quatro indústrias do setor promove atividades nesse sentido. Entre as que possuem ações no segmento, 79% estão inseridas em algum roteiro turístico, sendo o Vale dos Vinhedos, em Bento Gonçalves, o mais citado. Entre os que não têm, aproximadamente 42% têm intenção de implementá-las em até cinco anos.
A pesquisa foi comandada pelo professor Fabiano Larentis, que é coordenador do curso de Comércio Internacional do Campus Universitário da Região dos Vinhedos (Carvi) e docente do programa de pós-graduação em Administração (PPGA), juntamente a diretora do Centro de Ciências Exatas, da Natureza e da Tecnologia do Carvi, Cíntia Paese Giacomello. O levantamento teve ainda o envolvimento do programa de pós-graduação em Administração da UCS, por meio das professoras Ana Cristina Fachinelli e Simone Fonseca de Andrade.
O levantamento
Segundo o diretor-executivo do Ibravin, Carlos Raimundo Paviani, o objetivo da pesquisa é, primeiramente, entender melhor as empresas e ter mais informações para tornar a comunicação com o setor mais efetiva. “Há diferenças de resultados partindo do ponto de vista do tamanho do negócio ou da produção, pois têm muitos grupos com realidades distintas. Temos grupos que só trabalham com vinho de mesa a granel. Outros, com vinhos finos engarrafados ou com suco. E grupos que fazem de tudo. Precisamos compreender bem isso para desenvolvermos as ações”, explica. Segundo Paviani, a partir de agora o Ibravin irá desenvolver um planejamento de trabalho para os próximos anos, desenvolver ações e disseminar conceitos que ajudem a melhorar a produção e a qualidade das bebidas produzidas.
A pesquisa apontou os pontos positivos, assim como as necessidades do setor. Entre os cinco principais entraves mais citados, quatro dizem respeito à escassez de profissionais qualificados. A falta de mão de obra para a colheita, que em uma escala de zero a 10 ficou com 7,07. Já a ausência de mão de obra qualificada na produção vinícola foi apontada por 5,78% dos entrevistados. Também foram citadas as dificuldades em conseguir melhores preços das uvas, o alto nível de capacidade produtiva ociosa, além da qualidade da uva disponível e a necessidade de intensificar ações de conscientização para a qualidade do vinho gaúcho, com trabalho focado em restaurantes e entidades de classe.
O município com maior número de casos apontados no estudo foi Flores da Cunha, com 100 empresas. Destas, 37 estão inativas, 11 não quiseram responder ao estudo e 10 não foram encontradas. A segunda posição ficou com Caxias do Sul, com 37 casos; Garibaldi aparece em terceiro lugar, com 34, e Bento Gonçalves ficou com a quarta posição no número de empresas participantes. Nova Pádua aparece com 20 casos.
Vinícola Fabian dirá adeus ao vinho comum em breve
A vinícola Fabian, localizada em Nova Pádua, faz parte da parcela da indústria vinícola gaúcha que pretende ampliar a produção de espumantes, assim como os investimentos em enoturismo. A empresa possui uma área cultivada de 10 hectares de uvas viníferas. Em seu portfólio estão três linhas de produtos: a Gran Reserva Fabian, a Reserva Fabian e a Fabian Intuição, totalizando 14 vinhos. As linhas são comercializadas no mercado nacional, em lojas especializadas, restaurantes e para o consumidor final, por meio do varejo localizado no interior da propriedade, método utilizado por 64% das vinícolas que responderam à pesquisa.
O responsável pelo setor financeiro e pelas vendas, Giovani Fabian, 24 anos, destaca que atualmente são produzidos 35 mil litros de vinhos finos e de base para espumante, além de 100 mil litros de vinho de mesa. A empresa conta hoje com cinco funcionários e sua administração é familiar. Juntamente a 61% dos entrevistados, o faturamento bruto anual da vinícola é inferior a R$ 360 mil.
Assim como 7% dos entrevistados, a vinícola Fabian pretende extinguir a produção de vinhos comuns. Segundo Giovani, isso acontecerá dentro de dois anos, já que a compensação financeira é baixa. A partir disso, a ideia é ampliar a produção de espumantes em cerca de 150%. O plano é implantar uma linha de produção da bebida na própria vinícola. “Hoje, mantemos o espumante aqui até a estabilização. Depois, terceirizamos a parte do degorge, pois não temos o maquinário. Porém, nossa intenção é comprar esses equipamentos e fazermos aqui, além de produzir mais bebidas”, destaca o empresário, estimando que o investimento necessário deve ser de R$ 100 mil.
Hoje a Fabian abre suas portas para receber clientes que podem adquirir os produtos no varejo, participar de degustações de vinhos e visitar as dependências internas e os vinhedos. Contudo, dentro de cinco anos, a ideia da direção é diversificar as atrações para atrair mais visitantes. Segundo Giovani, de outubro a dezembro de 2013, cerca de 600 pessoas passaram pelo estabelecimento, predominantemente famílias e casais. A vinícola faz parte da Associação dos Produtores dos Altos Montes (Apromontes) e está inserida no roteiro turístico dos Altos Montes. Entre as vinícolas que têm ações de enoturismo citadas no levantamento encomendado pelo Ibravin, a grande maioria (78%) está inserida em algum roteiro.
Saiba mais
– 9,2% das empresas têm ações de exportação, com predomínio do vinho fino. Dos que não exportam, 30% afirmaram que têm intenção de passar a exportar nos próximos cinco anos. Os 70% que não pensam nessa possibilidade afirmam que os principais motivos seriam a falta de capacidade produtiva e de estrutura interna.
– A participação da receita proveniente do enoturismo varia entre as vinícolas, mas apresentou média de 15%.
– A maioria das vinícolas (55,7%) com ações de enoturismo recebeu, em 2013, até 500 visitantes, sendo predominantemente famílias. Na maioria dos casos (65%), os visitantes conseguem informações sobre o empreendimento por meio de recomendações de amigos ou familiares. A internet foi citada por 48% das vinícolas.
– Quanto ao faturamento, 61% (211) afirmaram ter receita bruta anual de até R$ 360 mil. Apenas nove vinícolas (2,6%) têm faturamento superior a R$ 48 milhões.
– 39% (135) das empresas entrevistadas têm uma margem líquida de lucro (descontando os impostos) de até 5%. Cinco delas, ou 1,4%, lucram mais de 20% nas transações. Além disso, 4,9% informaram que têm margem negativa.
– Quanto à produção, verificou-se que 77,7% das vinícolas contam com vinhedos próprios. Metade delas possui área própria inferior a 7 hectares.
– A Serra Gaúcha conta com 89,6% da área plantada no Estado, sendo que 41% da produção é de uvas viníferas e 58,9% de americanas (de mesa).
Fonte: Ibravin.
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