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Cenário devastador

Município decreta situação de emergência após o vendaval da tarde de quarta-feira. Mato Perso, Travessão Carvalho e São Gotardo foram as localidades mais atingidas

O prefeito municipal Ernani Heberle decretou na manhã de ontem, dia 3 de dezembro, Situação de Emergência no Município. O estado foi anunciado após o forte temporal, com chuvas e rajadas de vento de até 120 km/h, que atingiram Flores na tarde de quarta-feira, dia 2. O temporal causou sérios danos, afetando prédios públicos, residências da área urbana e, principalmente, no meio rural. O distrito de Mato Perso, juntamente com as localidades do Travessão Carvalho e São Gotardo, foi um dos mais atingidos com destruição total dos parreirais, quedas de árvores e postes de energia elétrica. "Nunca tinha visto nada igual. Foram uns poucos minutos que estragaram tudo. Quando olhei pela janela vi que os parreirais, as árvores, os pavilhões estavam destruídos", conta o agricultor Jair Dalla Rosa, que teve parte do parreiral e um pavilhão destruído. Segundo o presidente do Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Flores da Cunha e Nova Pádua (STR), Olir Schiavenin, estima-se que 100 hectares tenham sido atingidos, comprometendo cerca de 50 a 60 famílias, em todo o município. Além da uva, também foram prejudicadas culturas como pêssego, ameixa, caqui, entre outras. O número oficial de perdas será divulgado somente na próxima semana, após o levantamento feito pelas equipes da Secretaria Municipal de Agricultura e pelo STR. Na tarde de ontem, membros das duas entidades reuniram-se para elaborar um questionário sobre as perdas na construção civil e nas culturas. A partir de hoje, dia 4, as equipes estarão percorrendo as regiões atingidas para realizar o levantamento da área e dos prejuízos. "Depois de sabermos os números vamos trabalhar para ajudar nos encaminhamentos de seguros, na reconstrução dos parreirais e nos financiamentos, com o objetivo de prolongar as parcelas ou renegociar as dívidas", diz Schiavenin. "Vamos trabalhar nas benfeitorias e buscar verbas federais porque muitas famílias foram atingidas", complementa o secretário de Agricultura e Abastecimento, Jair Carlin. O secretário pontua que frentes de trabalhos estão sendo montadas para ajudar na reconstrução e que famílias que precisam de auxílio devem entrar em contato com a secretaria. "Que as pessoas nos procurem para ver o que podemos fazer", diz. Sem energia elétrica Até o final da tarde de ontem o quarto distrito permanecia sem luz e telefone. O mesmo acontecia em Otávio Rocha e algumas localidades de Flores da Cunha. De acordo com a assessoria de imprensa da Rio Grande Energia – RGE, aproximadamente mil pontos da cidade continuavam desabastecidos. Entretanto, mais de 500 funcionários trabalhavam em toda a região para tentar restabelecer a energia por completo. Conforme o gestor de comunicação da RGE, Fabrizio Panichi, a previsão era de que o serviço fosse totalmente restituído na noite de ontem.

“Só consegui sair para me salvar”

Bastaram poucos minutos para que o agricultor Francisco Giacomin, da comunidade de São Tiago de Mato Perso, visse toda a sua produção de uvas de mesa cair ao chão. O meio hectare de parreiras cobertas foi completamente destruído pelo forte temporal. Além do parreiral, o agricultor teve um galpão destruído e parte do cinco hectares de uvas comuns prejudicado. "Estava dentro do galpão quando vi que o vento levou o telhado e só consegui sair para me salvar", conta. O telhado foi arrastado por cerca de 50 metros. Na tarde de ontem, o agricultor contabilizava os estragos e dava início aos trabalhos para reconstrução do pavilhão. Somados os prejuízos são grandes e chegam a cifra de R$ 150 a R$ 200 mil. "Tive perda total da uva. Por enquanto, não tenho como investir e reconstruir os parreirais e somente arrumar o pavilhão", lamenta Giacomin. Conforme o agricultor, o parreiral coberto, onde estavam plantadas as uvas de mesa da variedade Itália e Rubi, não tinha seguro. A produção de uvas de mesas, que seria de 5 a 6 mil kg, já estava com mercado garantido. O prejuízo veio somar aos cerca de R$ 50 mil que já haviam sido perdidos devido a chuva de granizo que atingiu a produção de uvas comuns há dois meses. "Foi um estrago grande, nem consigo acreditar", diz. As fortes rajadas de vento também atingiram outras propriedades de Mato Perso, como a do agricultor José Balbinot, da comunidade de Santa Juliana. Os prejuízos no parreiral de meio hectare ultrapassam os R$ 50 mil. Foram destruídos cachos e parte da estrutura coberta, além de árvores derrubadas e parte do telhado da casa. Da produção a ser colhida de 7 a 8 mil kg, devem ser salvos apenas 2 mil kg. "Muitos cachos foram danificados", conta Balbinot, que colheria o seu segundo ano de produção. Segundo ele, a estrutura foi financiada e o pagamento começaria agora. "Vamos tentar reerguer ou refinanciar essa dívida", diz. A agricultora Nelsa Zupa Pasticelli, moradora da Fulina, também teve prejuízos. Na propriedade, um hectare de parreiral veio abaixo. Estragos na zona urbana de Flores

Conforme o Corpo de Bombeiros de Flores da Cunha, na tarde da última quarta-feira, dia 2, foram recebidas mais de 30 chamadas. De acordo com o levantamento feito pelo grupamento, ontem, dia seguinte ao temporal, somente na região central da cidade e em São Gotardo foram atendidas sete casas destelhadas e cerca de 25 árvores foram arrancadas pela força dos ventos, sendo arremessadas sobre a pista da RS 122 e sobre casas. Segundo os bombeiros, os estragos foram grandes, mas não houve registros de feridos. São Gotardo foi a região mais atingida. Somente por lá, diversas casas, principalmente no loteamento Bela Itália, foram destelhadas. Previsão do tempo De acordo com informações da Somar Meteorologia, a previsão para a tarde de quarta-feira na região serrana era de chuva e ventos fortes, confirmando o que foi visto na região. Para os próximos dias, a meteorologista do Instituto, Cássia Beu, afirma que a previsão indica sol e tempo aberto, sem temporal, pelo menos para os próximos sete dias. Entretanto, de acordo com os mapas meteorológicos, uma frente fria está se aproximando da região baixando as temperaturas durante as madrugadas. “Para se ter uma ideia, na madrugada de sábado a temperatura chega aos 10º C em região da Serra Gaúcha. Mas está descartada a possibilidade de novos vendavais”, assegura a profissional

Agricultor Francisco Giacomin  teve o parreiral de uva de mesa completamente destruído. - Mirian Spuldaro, Na Hora / Antonio Coloda e Shamila Carpeggiani / Divulgação
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