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Capitão assume e promete reforçar a segurança

Juliano André Amaral tomou posse na manhã de ontem, em solenidade, na Praça da Bandeira. Confira como foi a cerimônia e quais são os projetos do oficial, que retorna à cidade depois de ser transferido em janeiro de 2008

Após ser afastado do comando da 2ª Companhia da Brigada Militar (BM) de Flores da Cunha por um ano e oito meses e atuar em Santiago, em Porto Alegre e em Caxias do Sul, o capitão Juliano André Amaral, 37 anos, retorna à corporação com a promessa de “trabalhar arduamente” pela segurança do município e da região. A solenidade de troca de comando ocorreu na manhã de ontem, na Praça da Bandeira, e foi marcada por um discurso emocionado do oficial.

Amaral ficou com a voz embargada em duas oportunidades – ao falar da família e ao citar uma mensagem motivacional. “Não tenho muito a dizer. Minha atuação terá dois pilares como base: motivação da tropa e trabalho voltado para e junto à comunidade. Vamos ouvir todas as demandas e resgatar a sensação de segurança no município”, resumiu o capitão (leia entrevista). Ele foi afastado da unidade em janeiro de 2008 após participar de uma fatídica ocorrência com outros 41 PMs no bairro Vindima. O comandante do Comando Regional de Policiamento Ostensivo (CRPO/Serra), coronel Telmo Machado de Sousa – também afastado na época devido à mesma ocorrência –, ressaltou que Flores da Cunha “voltou a ter um servidor público dedicado”. O prefeito Ernani Heberle (PDT) lembrou da atuação do capitão Pedro Alexander Beron da Cunha (transferido para Canela e atualmente em um curso de Instrutor de Tiro para Oficiais da BM em Porto Alegre). “É preciso agradecer o trabalho do Beron, voltado aos interesses da coletividade. Cabe agora ao capitão Juliano a responsabilidade de comandar a unidade”, ressaltou Heberle. A lembrança do prefeito foi referendada pelo comandante do 36º Batalhão de Polícia Militar (36º BPM) de Farroupilha, major Leonel da Silva Bueno – a 2ª Cia de Flores, responsável também pelos municípios de Antônio Prado, Ipê, Nova Pádua, Nova Roma do Sul e São Marcos, integra o 36º BPM. Como Beron não estava presente, a troca de comando foi feita pelo capitão Vagner Carvalho dos Santos, de São Marcos, que respondia interinamente pela unidade florense.

“Atuarei em prol da segurança pública”

Após a solenidade de troca de comando da 2ª Companhia da BM de Flores da Cunha, realizada na manhã de ontem na Praça da Bandeira, o capitão Juliano Amaral concedeu entrevista à rádio Pop Show e ao jornal O Florense. Confira a seguir os principais trechos.

Pergunta: Como o senhor avalia seu retorno à Brigada Militar de Flores da Cunha? Juliano Amaral: Com muita alegria, pois era uma vontade pessoal e profissional. Fiquei à frente do comando da companhia de Flores da Cunha durante três anos e 10 meses, e tinha um projeto de trabalho em andamento. A partir de um momento tive de interromper aquele trabalho, mas agora estou de volta para dar continuidade e implantar novos projetos. Pergunta: Quais seriam esses novos projetos? Amaral: Em breve lançarei o PM Mirim, projeto que será voltado para as crianças carentes de Flores da Cunha, e também o Programa Educacional de Resistência às Drogas e à Violência (Proerd), implantado pelo capitão Beron. Policiais foram nomeados para fazer o curso específico do Proerd. O prefeito (Ernani Heberle) já me cobrou que deseja prosseguir com a parceria da BM para atuarmos nas escolas.

Pergunta: Durante o discurso de posse o senhor ficou emocionado e com a voz embargada em duas oportunidades. A que se deve a emoção? Amaral: Segundo as palavras do coronel Telmo, meu retorno a Flores da Cunha, na verdade, foi uma questão de justiça. Tenho bastante tranquilidade em falar para a comunidade que sei o que fiz e nunca me eximi das minhas responsabilidades. Vocês podem até não me pedir, mas já me perguntaram sobre o processo que respondo na Justiça de Flores da Cunha. O processo está em andamento, tenho minha defesa. Nada vai atrapalhar o meu trabalho, pois foi uma ocorrência como qualquer outra. E teremos outros casos na cidade, alguns de menor potencial, outros de mais gravidade. A carreira do policial é feita com base na atuação em ocorrências. Hoje me sinto bastante motivado, até pela fase que passei durante um ano e oito meses fora da companhia florense. Pergunta: No período em que o senhor foi transferido, que atividades desempenhou? Amaral: Atividades administrativas e de policiamento. Atuei no 5º Regimento de Polícia Montada, em Santiago (quatro meses); no Comando da BM, em Porto Alegre (quatro meses); e na 1ª Companhia do 12º Batalhão de Polícia Militar (12º BPM) de Caxias do Sul. Pergunta: Ao ser afastado da unidade de Flores da Cunha, em janeiro de 2008, o senhor comentou, em entrevista ao O Florense, que “para a BM, minha atuação em Flores da Cunha havia se encerrado”. O que o senhor tem a dizer sobre isso, tendo em vista que seu retorno teve motivação pessoal? Amaral: Naquele momento eu disse que estava encerrando uma missão e que o comando da BM projetava outra atividade. Em momento algum disse que não gostaria de voltar. Até porque em momento algum eu me afastei de Flores da Cunha, cidade na qual resido há cinco anos. Pergunta: O senhor foi inocentado no Inquérito Policial Militar (IPM) feito pela BM? Amaral: Exato, fui absolvido por unanimidade no processo administrativo da Brigada Militar, encaminhado pela corregedoria. Pergunta: Haveria alguma resistência por parte da comunidade pelo seu retorno? Amaral: Os amigos estão sempre próximos. Na solenidade de hoje havia um expressivo número de pessoas representantes de entidades, tanto de Flores da Cunha como da região. Amigos de Caxias do Sul, políticos... Então, eu acredito que todas as manifestações feitas após a divulgação do meu retorno a Flores da Cunha foram de apoio e de carinho. Assim como Jesus Cristo não agradou a todos, sei que algumas pessoas fazem ressalvas sobre minha pessoa. Como disse no discurso, meu trabalho e minha política de comando será trabalhar arduamente em prol da segurança pública. Após, a comunidade poderá se manifestar se foi bom ou não o meu retorno. Pergunta: A delegada da Polícia Civil, Aline Martinelli, pontuou o combate ao tráfico de drogas como sua principal meta na cidade? Qual é sua meta? Amaral: Ao participar de um evento recente no município, um cidadão comentou sobre essa questão. Antes de sair de Flores eu desenvolvia ações contra as drogas. Em parceria com o Ministério Público (MP), havíamos mapeado uma série de pontos e de pessoas que atuam nesse comércio. Creio que um trabalho em parceria terá melhor resultado. E o mais importante: com o apoio da comunidade, denunciando e informando, com certeza podemos reduzir o tráfico. Relembre o caso - Na noite do dia 26 de dezembro de 2007 o sargento da BM de Flores da Cunha Luiz Ernesto Quadros Mazui foi morto a tiros pelo gesseiro Valdir Moura, durante o atendimento de uma ocorrência numa residência do bairro Vindima. Um grupo de 42 policiais militares perseguiu Moura e, durante as buscas, agrediu e torturou cinco adolescentes, entre eles um menor de 16 anos que teve o intestino perfurado pela introdução de um cabo de vassoura, uma antiga forma de tortura denominada empalação. - O fato gerador da morte do sargento Quadros foi uma desavença antiga entre os filhos e amigos do gesseiro com PMs que, em horários de folga da corporação, exerciam função de segurança (bicos) em casas noturnas de Flores da Cunha. - A repercussão do caso chamou a atenção da opinião pública pela truculência imposta pelos PMs de Caxias do Sul, Farroupilha e Flores da Cunha. Em janeiro de 2008, o fato motivou a transferência de sete militares: o comandante do CRPO, coronel Telmo Machado de Sousa; o capitão Juliano Amaral, responsável pela unidade da BM em Flores da Cunha; o major Gilberto Güntzel, então subcomandante do 12º BPM de Caxias; o capitão Gerson Luís Pereira de Souza e Silva, comandante interino do 36º BPM; o sargento Cirlon Manzoni Lemes; e os soldados André da Silva e Luiz Fernandes. - O início do processo encaminhado ao Fórum de Flores da Cunha ocorreu no dia 23 de março deste ano. Dos 42 brigadianos que participaram das buscas ao autor da morte do sargento Quadros, 15 foram denunciados pelo Ministério Público (MP) por crimes de tortura, abuso de autoridade e falso testemunho. Entre eles, o capitão Juliano Amaral. O caso tramita na Justiça florense.
Aos 37 anos, militar (E), que estava em Caxias do Sul, volta a comandar unidade da BM florense. - Na Hora / Antonio Coloda
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