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Cancun para conhecer e mais do que aproveitar...

Lugares simplesmente encantadores são atrações da ‘Joia do México’, cidade cultural que tem a tequila como uma das principais bebidas

Camila Baggio

Figurando sempre nas listas dos destinos mais procurados do planeta pelos turistas, as areias branquinhas banhadas pelo Mar do Caribe recebem visitantes dos mais diversos cantos do mundo e, sim, encantam pela beleza natural e pelo azul transparente da água. Destinos como Maarten, Aruba, Curaçao, Barbados, Punta Cana, Playa del Carmen e Cancun (esses últimos dois no México) fazem do turismo o principal negócio da região. E se o assunto é turismo, Cancun – ou Isla Cancún – está preparada. Não é a toa que leva o título de ‘Joia do México’. A cidade localizada no extremo sul do México é conhecida não só por ser uma terra em forma de ‘7’, mas pelas belezas que deixam qualquer um encantado e, no mínimo, querendo ampliar as férias.

Localizada na costa do Estado mexicano de Quintana Roo, Cancun forma uma península que se tornou um dos centros turísticos mais importantes do mundo. E, pasme, a cidade tem apenas 44 anos. Em 1960 o governo mexicano criou um fundo de desenvolvimento para o setor do turismo com o objetivo de desenvolver o setor. A partir disso, em 1970 Cancun deixou de ser uma cidade deserta, que tinha apenas oito famílias de pescadores, e começou a ganhar infraestrutura. A Zona Hoteleira conta com sofisticados empreendimentos que ostentam não só a categoria em estrelas, mas em diamantes.

Hotéis gigantes que recebem por ano mais de 1 milhão de turistas. Aliás, a população de Cancun é de 1 milhão de pessoas, que vivem em 23 quilômetros de praias de areia fina, divididos entre uma lagoa e o mar. Além da Zona Hoteleira, Cancun tem uma área urbana, a ‘Zona Atoleira’, como eles brincam.

Nas raízes da civilização maia

Embora Cancun seja um destino escolhido em boa parte por ter conseguido preservar suas belezas naturais, outra característica acaba encantando: sua origem. Com uma forte cultura ancestral representada principalmente em cidades maias como Tulum, Uxmal ou Chichén Itzá, fundadas no período pré-colombiano, Cancun respira a cultura maia. A presença de descendentes é um convite para uma verdadeira viagem ao passado, em uma realidade totalmente diferente da que conhecemos no Brasil.

O nome Cancun tem origem maia e quer dizer ‘ninho de serpentes’, embora as únicas serpentes que existem da cidade, segundo os guias turísticos, são os taxistas. Não é discriminação contra a classe, mas na cidade os táxis não têm nenhuma espécie de taxímetro, então ou o preço é combinado antes da corrida, ou o turista pode ter uma grande, e cara, surpresa ao fim do serviço. Brincadeiras à parte, a civilização maia viveu por um bom tempo na região e por isso a cidade tem espetáculos culturais, além de alguns sítios arqueológicos abertos ao público.

Entre os espaços mais importantes estão as Ruínas Del Rey, de Tulum e, o principal deles, Chichén Itzá – considerado uma das Sete Maravilhas do Mundo. Esta colônia está localizada a 188 quilômetros de Cancun e é uma das áreas históricas mais visitadas do mundo. O sítio foi habitado cerca de oito séculos pela civilização maia e era um importante centro político e religioso. O que mais surpreende todos os visitantes é a pirâmide El Castillo de Kukulkán, com 26 metros de altura. Foi construída de forma que, quando o sol bate durante as tardes do equinócio de primavera (momento em que o sol incide com maior intensidade sobre as regiões que estão localizadas próximo à Linha do Equador), ele desenha uma serpente se movimentando pelos degraus da pirâmide.

























Arriba!

Ir a Cancun e não se surpreender com a cultura mexicana é impossível. E quando se fala em México automaticamente se fala em... tequila. Assim como a brasileiríssima caipirinha, nada mais mexicano do que a tequila. A bebida é símbolo e representa uma história toda especial, que pode muito bem ser comparada, por exemplo, com a forte ligação do Rio Grande do Sul com o vinho. E assim como aqui a parreira é comum, nas regiões produtoras de tequila é o agave azul que toma conta das propriedades. A verdadeira tequila é processada na cidade de Tequila, em Jalisco, que recebeu o título de Patrimônio da Humanidade pela Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco), em 2006. Atualmente, a tequila está protegida legalmente por meio de uma Denominação de Origem (DO), isso significa que só pode ser chamada de tequila a bebida destilada do agave azul e colhida em Jalisco e em algumas regiões de Guanajuato, Nayarit, Michoacán e Tamaulipas.

O agave é uma planta elegante, com folhas grossas e afiadas que, como o cáctus, juntam água em seu interior para poder sobreviver. É dele que é extraído o néctar que, processado, se torna tequila. Existem mais de 200 espécies de agave e são diferenciadas umas das outras pela forma, tamanho e cor. No Brasil o agave pode ser considerado da família da babosa. Para a fabricação da tequila, o agave precisa de 10 anos para amadurecer. Na colheita, as folhas são cortadas na base e se utiliza somente o ‘coração’ da planta, fisicamente semelhante a um abacaxi sem as folhas. O ‘coração’ é cozido em vapor de 12 a 48 horas. Após, é cortado em pequenos pedaços e se extrai o néctar que, na fermentação, transforma o açúcar em álcool etílico em aproximadamente um dia. O produto fermentado é submetido a dois processos de destilação para obter um líquido que é chamado de ‘tequila branca’ ou ‘tequila silver’. Sua graduação oscila entre 35º e 55º e o sabor é forte e abrasador. A partir desse momento pode ser envasado para venda, ou então, ser submetido a diferentes tempos de amadurecimento.

Cura para a alma

Diz a lenda mexicana que a deusa asteca Mayahuel, que era adorada por sua beleza, se tornou uma árvore para se esconder com seu amante. Esta árvore é nada menos do que o agave azul, a planta doce que produz o néctar usado como ingrediente principal na fabricação da tequila. Apesar da lenda, o que se conta no país é que foram os espanhóis que descobriram a possibilidade de destilar o mosto fermentado do agave e de aproveitar o ‘mezcal de tequila’ como bebida. Durante várias décadas a bebida foi comercializada de forma clandestina, pois para a Espanha o interesse era divulgar os seus vinhos e licores e não uma bebida da então ‘Nova Espanha’.

Foi a partir da segunda metade do Século 17 que a necessidade de gerar receitas fez com que o governo aceitasse a compra e venda da tequila, cobrando os correspondentes impostos. Com a popularidade da bebida e também suas ‘propriedades curativas para a alma’, como era vista, a tequila adquiriu comercialização não só na Cidade do México e nos Estados do Centro da República Mexicana, mas para outros países. Hoje é considerada a bebida favorita dos mexicanos.

Outra bebida característica é o mezcal, considerada uma prima da tequila e, para beber, é melhor não ver a garrafa. Isso porque o mezcal tem um verme dentro, semelhante a uma pequena larva, no fundo da garrafa. O ‘ingrediente’ pode variar para outros insetos peçonhentos (e feios!). Além do mezcal existem outras bebidas como o sotol, a raicilla, a bacanora, todos feitos em regiões diferentes, com espécies diferentes de agave.

No México a tequila é sinônimo de festa, de orgulho e de cumplicidade entre amigos. Segundo os mexicanos, ao calor de uns goles de tequila se conseguem as melhores celebrações. Como eles dizem, arriba, abajo, al centro y adentro!


























 - Fotos Camila Baggio
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