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Campanha visa reduzir o uso de agrotóxicos

Emater estadual lançou plano permanente contra os produtos químicos utilizados nas lavouras

A Associação Riograndense de Empreendimentos de Assistência Técnica e Extensão Rural (Emater-RS) sediou no dia 24 de outubro, em Porto Alegre, o lançamento da campanha permanente nacional ‘Contra o Uso de Agrotóxicos e Pela Vida’. Na ocasião, foi apresentado o filme O Veneno Está na Mesa, dirigido por Sílvio Tendler, seguido de palestra da bióloga e socióloga Magda Zanoni. “Por meio de momentos como este e de eventos que provoquem o despertar da consciência de técnicos, agricultores e consumidores é que poderemos garantir qualidade de vida para todos”, destacou o diretor técnico da Emater-RS, Gervásio Paulus.

De acordo com a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), os hortigranjeiros recebem altas doses de agrotóxicos, muitas vezes proibidos, e são consumidos in natura. Os alimentos mais contaminados são beterraba (33%), alface (38%), mamão (39%), abacaxi e couve (44% cada), morango (51%), pepinos (55%), uva (56%) e pimentão (80%). Entre 1998 e 2008, a venda de agrotóxicos aumentou 140% no país.
Outro fator que favorece o crescente consumo de agrotóxicos é o estímulo fiscal oferecido pelos governos, que dá descontos de 60% a 100% para as empresas químicas. “Faltam financiamentos e políticas públicas para os pequenos agricultores, para que eles aumentem e diversifiquem a produção, provocando a baixa no preço dos orgânicos”, criticou Dario Milanez, da Via Campesina, que também questionou a expansão de monocultivos, como a soja.

O chefe de gabinete da Emater-RS, Jaime Weber, afirmou o compromisso da instituição em mudar essa realidade. “Cada vez mais precisamos buscar informações e disputar um modelo mais saudável. Precisamos debater com conteúdo e informação”, sustentou.

Prato envenenado
O Brasil é o primeiro colocado no ranking mundial do consumo de agrotóxicos. Mais de um milhão de toneladas de venenos foram jogados nas lavouras em 2010, de acordo com dados do Sindicato Nacional da Indústria de Produtos para a Defesa Agrícola. Com a aplicação considerada exagerada de produtos químicos nas lavouras, o uso de agrotóxicos está deixando de ser uma questão relacionada especificamente à produção agrícola e se transformando em um problema de saúde pública e preservação da natureza.

O uso excessivo dos agrotóxicos está diretamente relacionado à atual política agrícola do país, que foi adotada a partir da década de 1960. Com a chamada Revolução Verde, que representou uma mudança tecnológica e química no modo de produção, o campo passou por uma modernização que impulsionou o aumento da produção, mas de forma extremamente dependente do uso dos pacotes agroquímicos (adubos, sementes melhoradas e venenos). Segundo a Associação Brasileira da Indústria Química (Abiquim), na última safra foram vendidos mais de US$ 7 bilhões em agrotóxicos. Todo o mercado se concentra nas mãos de apenas seis grandes empresas multinacionais, que controlam mais de 80% do mercado dos venenos – Monsanto, Syngenta, Bayer, Dupont, DowAgrosciens e Basf.

Os agrotóxicos ocupam o quarto lugar no ranking de intoxicações no país, ficando atrás dos medicamentos, acidentes com animais peçonhentos e produtos de limpeza. As fórmulas podem causar esterilidade masculina, formação de cataratas, evidências de mutagenicidade, reações alérgicas e distúrbios neurológicos, respiratórios, cardíacos, pulmonares, no sistema imunológico e no sistema endócrino, ou seja, na produção de hormônios, além do desenvolvimento de câncer.


Brasil ocupa o primeiro lugar no ranking mundial do consumo de defensivos agrícolas. - Conecte Mídia / Divulgação
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