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Banda Santa Cecília: música para viver 100 anos

Comemorações do centenário do grupo musical de Nova Pádua começam hoje e vão até o dia 21

Pode-se dizer que a Banda Santa Cecília tem muitos significados. Foi uma banda de Caxias do Sul, Flores da Cunha e Nova Pádua sem nunca ter saído do seu lugar de origem e sem nunca ter mudado seu objetivo de levar alegria, mas também de prestar homenagens. De muitos rostos, idades e palcos, a Banda Santa Cecília de Nova Pádua parece ter encontrado a fórmula da juventude, mantendo-se ativa por 100 anos, comemorados no próximo dia 20 de abril.

A Banda Santa Cecília, que apresenta a trilha sonora da imigração italiana, tem uma idade definida, mas seus integrantes não. Dos 14 aos 72 anos, o segredo de uma vida longa é a renovação e o aprendizado em conjunto, independente de idade. É assim com a estudante Giovana Daniel, 14 anos, e com o agricultor Próspero Menegat, 72 anos. Idades que contrastam, mas se unificam quando a Banda se junta nos ensaios.

O lugar que Giovana ocupou nos primeiros anos foi na percussão. Função antes desenvolvida por Menegat. Aos sete anos a estudante começou os ensaios com o grupo e não parou mais. Hoje toca clarinete e comemora sete anos de Banda com orgulho: ela dá continuidade à participação da família que começou com o bisavô, o avô, tios e a mãe Cristina Pecatti Daniel. Quatro gerações de música resumidas em uma banda. “Eu sempre gostei muito. Fiquei cinco anos na percussão e fazem dois que comecei a tocar clarinete. A participação é importante para manter a história, a tradição e a cultura de Nova Pádua, dando também uma continuidade”, acrescenta Giovana.

Estimulada pela participação familiar, a estudante valoriza a dedicação dos músicos ao longo destes 100 anos. “A doação é espontânea dos integrantes em prol da Banda”, complementa. A mãe de Giovana integra o grupo há 15 anos como vocalista – a participação com a voz foi uma inovação que deu uma alavancada nas apresentações da Santa Cecília por volta de 1998. “Quando a gente vê tantas pessoas ajudando e se doando, porque nós também não podemos fazer a nossa parte? É isso que leva as pessoas para a Banda. E os jovens também devem valorizar, pois com o passar do tempo isso vai se mostrando de grande valor”, opina Cristina.

Ele tocou no próprio casamento
Grande valor também na carreira musical de 43 anos do agricultor Próspero Menegat. Aos 72 anos ele não pensa em parar, pelo contrário, a vontade de participar só aumenta. Quando jovem Menegat prestou serviço militar em Vacaria, onde integrou durante um ano a Banda Militar. Nasceu ali o gosto pela música que existe até hoje. Durante esses anos foram muitos os instrumentos que o paduense tocou, da percussão até o atual, o trompete. “Eu sempre dei e ainda dou tudo de mim pela Banda Santa Cecília. Muito em respeito aos mais antigos que também fizeram isso. Eu nasci e me criei em Nova Pádua, conheço todos e a Banda ajudou a conhecê-los ainda mais. Tocamos em casamentos, participações religiosas, comemorações, funerais e até no meu próprio casamento”, valoriza o agricultor.

Sempre atuante em Nova Pádua, a Banda Santa Cecília está ganhando palcos também fora do município. “Animamos festas, comemorações, desfiles, a Feprocol, na Igreja, além das apresentações em outros municípios, como na Festa do Divino Espírito Santo, no distrito caxiense de Criúva, onde tocamos há mais de 25 anos. Gosto muito da convivência com meus colegas. Sinto-me feliz de festejar esses 100 anos e é um orgulho poder representar toda a turma antes de nós. E hoje eu sou o ‘nôno’ da banda”, brinca Menegat.

Comemorações se iniciam hoje
Hoje, dia 12, a comunidade de Nova Pádua inicia oficialmente as comemorações do centenário da Banda Santa Cecília. Uma solenidade no Restaurante Belvedere Sonda deve reunir autoridades, integrantes e familiares da Banda a partir das 19h30min. Na próxima terça-feira, dia 18, a Orquestra Sinfônica da Universidade de Caxias do Sul (UCS) se apresenta na Igreja Matriz de Nova Pádua e, no dia 20 de abril, data do centenário, a Câmara de Vereadores realiza uma sessão solene. As atividades encerram no domingo, dia 21, com missa festiva e almoço de confraternização na comunidade do Travessão Curuzu.

No dia 5 a Banda abriu a programação com uma homenagem ao sócio benemérito Valter Gomes Pinto, por sua colaboração e também prestígio junto à entidade. O empresário representou o grupo Marcopolo que apoiou o projeto ‘Banda Santa Cecília de Nova Pádua: Rumo aos 100 anos guardando a história e cultura italiana com a música’, por meio do Ministério da Cultura. A empresa caxiense auxiliou na compra de novos instrumentos, equipamentos de som e uniformes.


Programação

Hoje, dia 12
19h10min – Cerimônia de abertura das comemorações dos 100 anos da Banda Santa Cecília, no Restaurante Belvedere Sonda.

Dia 18 de abril
Quinta-feira
20h – Apresentação da Orquestra Sinfônica da UCS e da Banda Santa Cecília, na Igreja Matriz de Nova Pádua.

Dia 20 de abril
Sábado
18h – Sessão solene da Câmara de Vereadores, na Igreja Matriz de Nova Pádua.

Dia 21 de abril
Domingo
9h – Missa festiva na Igreja Matriz.
12h – Almoço na comunidade do Travessão Curuzu (ingressos a R$ 28).

- Para a realização da programação do centenário da Banda Santa Cecília, a entidade conta com o apoio da prefeitura de Nova Pádua e da Paróquia Santo Antônio. Mais informações com Gilmar Marin (3296.1161 ou 9937.0513), Jucimar Salvador (3296.1404), Lino Pecatti (3296.1418) ou Nestor Pecatti (3296.1518).


História de amor e respeito
Como se formou a Banda Santa Cecília ninguém sabe ao certo. Como os instrumentos caros e raros surgiram e como os primeiros músicos aprenderam a tocar, por volta de 1910, também não. Em 20 de abril de 1913 a Banda Santa Cecília foi fundada com o objetivo de trazer um pouco de alegria em meio a tantas dificuldades enfrentadas pelos imigrantes. Na época, a pequena colônia era o 4º Distrito de Caxias do Sul, passando a 2º Distrito de Flores da Cunha e conquistando a municipalização em 1992, tornando-se município.

Na data de fundação o grupo tinha como maestro Alvize Parize e como presidente Benedeto Bigarella. Os integrantes eram Domenico Sonda, Félix Silvestre, Antônio Bisinella, Enéas Araldi, Giovani Sonda, Pietro Dal Pozzo, Pietro Pauletti, Vitório Prataviera, Ludovico Ravison, Julio de Carli, Canuto Centenaro, Luiggi Centenaro, Giuseppe Rigoni, Henrique Sartor, Mathio Slaviero, Ângelo Menegat, Primo Marin, Giacomo Menegat e Ernesto Bigarella.

Nestes 100 anos a Banda se manteve viva graças à herança do amor pela música passada aos filhos e netos que deram continuidade ao grupo. Entre os nomes que tiveram importante participação está Jorge Baggio, que por 20 anos assumiu a presidência do grupo; Firmino Gelain, Rosalino Bisinella, Rogério Sonda, Marcelo Pecatti, Francisco Boscato, o maestro Luiz Gelain, Fioravante Pecatti, Adelino Menegat, Moacir Pecatti, Ciro Bisinella, Benjamin Vezzaro, Faustino Bisinella, Rugero Gelain e Casemiro Gelain.

Com importante papel na Banda, diversos paduenses já ocuparam o cargo de maestro como Francisco Boscatto, Luiz Gelain, João Gobbi, Felix Slaviero, Pedro Mandell, Elírio Toldo e o atual, Lino Pecatti. Ao completar 100 anos, a Banda Santa Cecília completa também um bom número de diferentes palcos e situações que esteve presente. Separar a história do município com a da Banda é uma missão impossível, isso porque ela esteve sempre presente. Marcou a primeira edição da Feira de Produtos Coloniais (Feprocol), em 1983, data em que a Banda comemorou seus 70 anos; deu as boas vindas ao primeiro prefeito de Nova Pádua, Dorvalino Pan, em 1993; animou festas religiosas e civis; fez homenagens a prefeitos, deputados, embaixadores, ministros, bispos, sacerdotes e inúmeras autoridades que visitaram Nova Pádua.

Atuais membros
Hoje a Banda conta com 21 integrantes:
Aline Pecatti – clarinete.
Bernardo Sonda – percussão tarol.
Elimar Marin – trompete.
Evandro Fabian – trompa.
Fabio Loro – trompa.
Geovana Daniel – clarinete.
Gilmar Marin - sax soprano.
Guilherme De Melo – bombardino.
Joel Panizzon – trompete.
Jorge Miozzo – percussão pratos.
Jucimar Luiz Salvador – bombardino.
Lino Pecatti – saxofone e vocal.
Luiz Carlos Marcante – percussão bumbo.
Marta Bisinella Pecatti – teclado e vocal.
Morgana Salvador Decosta – clarinete.
Neris Marin – clarinete.
Nestor Pecatti – trombone e vocal.
Próspero Menegat – trompa.
Cristina Pecatti Daniel – percussão pandeirola e vocal.
Roberta Galiotto Salvador – clarinete.
Sergio Miozzo – tuba.

Arquivo Banda Santa Cecília/Divulgação

Um dos primeiros registros da Banda no início do século passado.

Mara Bebber/Divulgação

Atual formação conta com 21 integrantes.

Estudante Giovana Daniel, 14 anos, e o agricultor Próspero Menegat, 72 anos: música que faz viver. - Camila Baggio
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2 Comentários

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    Marcopolo Inaugura Espaço Memória Marcopolo Valter Gomes Pinto18 de Março de 2017 às 06:13

    VALTER-GOMES-PINTO Valter Antônio Gomes Pinto era chamado na Alemanha: Sr. Gomes Pinto. Ele se sentia orgulhoso de pertencer a um dos membros-dirigente na administração da MARCOPOLO S.A. e sí expressava com essa frase: “Um bom negócio é uma belas-artes”; “Quem encomenda a música, paga a banda”; “A melhor doença não presta para nada”; ” Passar o dia vestido com calcas de jogging, é perder o controle da vida! “; ” Se você não aguenta um vento mais frio, o que vai fazer no topo da montanha ?” Ele era uma ESTRELA silenciosa ( não se sabia, o que ele pensava ). Um empresário-acionista poderoso nas finanças tinha um nível altamente qualificado na educação profissional, falava inglês e era um talento em organização, a maneira de ele escrever se podia comparar a uma comida chinesa ( tudo picadinho ). Isto quer dizer, não precisava mastigar era só engolir! Ele não fazia o uso de SMS ou E-MAILS. Para fazer contato, dava preferência para chamada ao telefone ou celular, a correspondência particular era por via Correio

  2. Image
    Marcopolo Inaugura Nesta Quinta Espaço Memória Valter Gomes Pinto16 de Agosto de 2016 às 04:12

    Valter Antônio Gomes Pinto era chamado na Alemanha: Sr. Gomes Pinto. Ele se sentia orgulhoso de pertencer a um dos membros-dirigente na administração da MARCOPOLO S.A. E se expressava com essa frase: “Um bom negócio é uma belas-artes”; “Quem encomenda a música, paga a banda”; “A melhor doença não presta para nada”; ” Passar o dia vestido com calcas de jogging, é perder o controle da vida! “; ” Se você não aguenta um vento mais frio, o que vai fazer no topo da montanha ?” Ele era uma ESTRELA silenciosa ( não se sabia, o que ele pensava ). Um empresário-acionista poderoso nas finanças tinha um nível altamente qualificado na educação profissional, falava inglês e era um talento em organização, a maneira de ele escrever se podia comparar a uma comida chinesa ( tudo picadinho ). Isto quer dizer, não precisava mastigar era só engolir! Ele não fazia o uso de SMS ou E-MAILS. Para fazer contato, dava preferência para chamada ao telefone ou celular, a correspondência particular era por via Correio

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