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Baderna no Centro será investigada pela Polícia Civil

Briga generalizada ocorrida em um posto de combustíveis no dia 12, em Flores da Cunha, resultou em pelo menos cinco pessoas feridas. Origem da confusão foi um fato bem conhecido da população: falta de respeito. Responsabilidades serão apuradas

As consequências da confusão que resultou em pelo menos quatro jovens e um policial militar feridos, no final da tarde do último domingo, dia 12, no posto Ditrento, no centro de Flores da Cunha, deverão se estender para além da Delegacia de Polícia (DP). A delegada Aline Martinelli irá apurar a responsabilidade do proprietário do Santana que estaria com o som alto e que teria originado o tumulto e investigar a participação de outras pessoas na briga, além de possíveis excessos na conduta dos policiais militares que participaram da ação. “Todas as versões serão levadas em consideração”, destaca a delegada. Aline esperava contar também com gravações das câmeras de monitoramento instaladas no interior do posto. Porém, de acordo com ela, a empresa alegou que houve um problema técnico, e que há dois dias o equipamento não estava funcionando. Além de agressões e ameaças, uma das vítimas registrou ocorrência por danos em seu veículo (o parabrisa traseiro de um Fiesta teria sido quebrado por um policial).

Ocorrências de brigas nas imediações do posto como a de domingo passado, especialmente em finais de semana e feriados prolongados, não são novidade em Flores da Cunha. Constantemente moradores daquele trecho das ruas Borges de Medeiros, Barros Cassal e Júlio de Castilhos reclamam da baderna provocada pelas pessoas – a maioria jovens – que ficam com som alto e bebendo até a madrugada. No último dia 5, por volta das 20h45min, a BM foi chamada para atender uma ocorrência de agressão. Conforme o registro, uma menor de 15 anos de idade teria sido agredida com uma garrafada ao tentar defender sua irmã que estava sendo agarrada por um rapaz. O namorado da irmã da vítima, de 20 anos, também foi atingido por uma garrafada na cabeça e agredido a pontapés por três homens enquanto estava caído.

Além da bagunça, é comum nas manhãs seguintes a um final de semana encontrar os estabelecimentos comerciais e residências próximas ao posto com cheiro de urina e fezes. “Eles urinam nas entradas das casas e portas dos prédios”, reclama um comerciante de 28 anos, que prefere o anonimato por medo de represálias. Além disso, o som alto incomoda a maioria dos moradores da área central. “Essas pessoas que concordam com o som alto deviam ficar na casa deles com música a todo volume para ver se aguentam”, reclama o comerciante. “Quem mora no centro não sabe o que é dormir nos finais de semana”, completa.

Com relação à briga do último domingo, um empresário de 55 anos defende a ação da polícia e diz que é preciso aumentar também a atuação do Conselho Tutelar para conter os excessos, pois há muitos menores bebendo com os adultos. De acordo com ele, o poder público deve tomar providências e elaborar uma lei proibindo o consumo e venda de bebida alcoólica em vias públicas e espaços destinados a pedestres. Outra medida que ele sugere é a aplicação frequente do teste do bafômetro, especialmente no centro da cidade, onde há maior concentração de jovens que bebem e depois dirigem. “Mas, pelo que se viu domingo, eles não têm mais respeito nem com os policiais”, aponta o empresário. Ele acredita que mais de mil pessoas se concentraram nas imediações do posto no dia 12 para ver o que estava acontecendo. “O que acontece no centro de Flores é uma vergonha”, completa o comerciante.


Confusão iniciou devido ao excesso de volume
O resultado da briga generalizada ocorrida no final da tarde de domingo, dia 12 de fevereiro, no posto Ditrento, poderia ter sido pior. A confusão acabou quando pelo menos cinco pessoas já estavam feridas. O fato foi registrado por volta das 19h30min. A Brigada Militar (BM) recebeu uma denúncia de moradores das redondezas de que havia som alto no posto. Ao chegarem ao local os PMs identificaram o proprietário de um Santana e teriam pedido para que o volume fosse abaixado. Segundo o comandante da BM, capitão Juliano Amaral, o dono do carro teria tentado agredir um policial. “O homem estava bastante alterado. Foi preciso imobilizá-lo”, lembra o capitão.

Após, pelo menos outras 30 pessoas teriam investido contra os PMs em represália à prisão do proprietário do Santana. Os policiais usaram spray de pimenta e a arma Taser (que dá choques) para dispersar os baderneiros. No Hospital Fátima foram atendidas duas pessoas com ardência nos olhos, uma com ferimento na cabeça (chegou algemada) e o dono do carro. Um PM também foi medicado (tinha um ferimento na cabeça).

“Conseguimos prender duas pessoas. Fizemos Termos Circunstanciados (TCs) e encaminharemos o caso para o Ministério Público (MP). Se nada for feito, uma tragédia logo irá a acontecer nesse local”, sustenta Amaral. O Santana foi recolhido por um guincho.

A irmã de um dos detidos conta que seu familiar estava algemado quando foi agredido por policiais. “Ele não tem carro e frequenta o posto. A Brigada agiu certo para conter a confusão, mas não podem sair agredindo todos. É preciso acabar com a bebida e o som nesse posto”, argumenta.

A gerente de marketing dos Postos Ditrento, Carla Perussato, frisa que os funcionários dos estabelecimentos da rede são orientados a organizar a convivência dos frenquentadores, porém, o caso de domingo foi isolado. “O homem que investiu contra um PM estava bastante alterado. Funcionários pediram para que o volume fosse diminuído. Infelizmente, algumas pessoas acabam se excedendo. Nossa prioridade é manter a segurança dos clientes e dos vizinhos do posto”, frisa a gerente. Carla conta que o estabelecimento tem câmeras de segurança, porém, foi constatado que os equipamentos tiveram problemas técnicos e não estavam filmando naquele dia.


A repercussão nas mídias sociais
Confira abaixo alguns dos comentários feitos por leitores na página do Facebook do jornal O Florense.

Luciano Catafesta: Em Caxias do Sul, 1% da população se queixa que a polícia age para valer. Em Flores da Cunha 99% das queixas são porque a polícia não age (falando em trânsito). Nos poucos quilômetros que separam essas duas cidades, o que será o marco divisório, o abismo da incompetência ou uma muralha de má vontade?
Julio Moutinho: Lamentável sob todos os aspectos! Já era previsto. Uma vergonha para nossa cidade. No domingo cruzei pelo posto Ditrento às 18h e comentei com minha mulher sobre a vergonha que é o “cartão postal domingueiro” de Flores. Será que teremos de conviver com esse tipo de barbárie até quando?
Daiane Boeira: Falta de respeito com o resto da população que não gosta de bebida e som alto. Ninguém é obrigado a ouvir o som dos outros e ter que andar desviando dos baderneiros bêbados e garrafas de cerveja espalhadas pelas ruas.
André Tessari: Antes de mais nada gostaria de parabenizar a Brigada Militar, pois tiveram pulso firme. Algumas pessoas não têm respeito por ninguém mesmo e nem pela nossa cidade.
Valdirene Zuppa Kremer: Parabenizo a Brigada Militar pelo belo trabalho que está realizando em Flores da Cunha.
Thainá Bittencourt: Se vocês gostam de ficar em casa fazendo tricô, sem problemas. Deixem os jovens curtir. Construam um lugar para toda essa galera se divertir.
Marilei da Silva: Não entrando em contradição com os jovens nem com segurança dos jovens, mas a realidade é que infelizmente os jovens têm um pouco de razão, pois a juventude de Flores da Cunha não tem um lugar apropriado para lazer.
Ivandro Marin: Uma coisa é saber conversar, é saber beber e saber se divertir com os amigos. Fazer baderna com som alto, sujar as calçadas e mijar nas ruas, querer ser o tal, é outra coisa.
Claudia Vanzelotti: Como disseram, parabéns à Brigada. Faltava pulso firme para esta gurizada que não tem educação com ninguém. Tem coisa muito mais importante para o prefeito e os vereadores fazerem do que isto. Se não acham o que fazer de lazer na cidade, mudem-se para a Capital.
Juliane Eyng Rohden: Parabéns à Brigada. Estava na hora de agir. Convivo com isso todos os finais de semana. Isso era as 19h30min, imaginem que muitas e muitas vezes aturo até as 5h da manhã. Sem contar todo lixo que é encontrado no dia seguinte.
Nilves Pauletti: Estamos apoiando sempre a Brigada Militar nessas atitudes. Trabalho no setor de emergência e vemos o resultado de tudo isso.
Éder Luiz Dagort: Só digo uma coisa: “A liberdade de uns acaba aonde começa a de outros”.
Caroline Bianchetto: Parabéns aos PM’s de Flores. Chega de baderna! A situação criada só demonstra o quanto está precária a nossa educação, em todos os sentidos.


Um dos presos foi imobilizado com a arma não letal Taser, que dá choques. - Divulgação
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