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Avicultura ganha espaço em Flores da Cunha

Município conta com 43 criadores e a prefeitura pretende incentivar ainda mais as famílias interessadas em investir na área que é uma das mais representativas no retorno do ICMS

Do setor primário, atrás somente da produção de uvas, os aviários são responsáveis por um dos maiores retornos do Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS) para o município de Flores da Cunha – 3,39% conforme dados da prefeitura, com base no ano de 2018. No total, são 43 produtores distribuídos por diversas localidades. Um deles, que está no ramo da avicultura há 13 anos, é o jovem empreendedor Mateus Fortunati, 34 anos, que, junto com sua esposa, Juliana Zanatta Fortunati, 35 anos, e seus pais, Aparício e Teresinha Fortunati, cuida de dois aviários e está na fase de construção de mais dois espaços destinados à criação de aves na comunidade da Restinga. “Sempre cultivamos uvas e, em 2006, após sofrermos com a pérola, uma praga que ataca as raízes das plantas, principalmente da videira, buscamos uma solução para continuar tendo uma renda para a nossa família. Hoje estamos desistindo dos vinhedos e investindo na construção de novos aviários”, conta Fortunati.
O jovem conta que o investimento só se tornou possível graças ao auxílio da prefeitura, por meio da Secretaria de Agricultura e Abastecimento. Isso porque o Executivo concede descontos sobre os serviços de máquinas para terraplanagem de locais onde haverá construção ou ampliação de aviários – cada agricultor poderá receber o limite de 100 horas de máquinas pesadas com 100% de subsídio. A titular da pasta, Stella Pradella, explica que a intenção é ampliar o subsídio, por isso um projeto de lei já foi encaminhado à Câmara de Vereadores. “Na nossa lei vigente podemos subsidiar 100 horas por propriedade, ou seja, se a pessoa quer construir três aviários em um ano, só podemos auxiliar com as mesmas 100 horas. Na alteração, propomos 100 horas por unidade edificada”, salienta a secretária.
Stella adianta que nesses primeiros meses do ano três agricultores cadastraram projetos para receber os auxílios e já estão em fase de construção – entre eles o jovem Mateus Fortunati, que seria beneficiado em dobro com a mudança da legislação. “Pensamos e queremos ajudar um pouco mais os nossos produtores e isso também fortalece o município no retorno do ICMS. Então é vantajoso para os dois lados”, analisa Stella, que projeta um crescimento significativo na avicultura de Flores da Cunha para os próximos anos. Além dos três projetos já encaminhados, outros cinco passam por análise de viabilidade técnica. “Vemos um grande aumento na procura, não somente pela ajuda do município, mas também em função do mercado. No ano passado não tivemos nenhum pedido por subsídio, justamente porque o mercado estava em baixa”, informa a secretaria.

Iniciativa vem se mostrando positiva
A paisagem na propriedade da família Fortunati, na comunidade da Restinga, está se modificando. No lugar dos vinhedos, aviários que representam uma nova etapa de trabalho para o jovem Mateus Fortunati, sua esposa Juliana Zanatta Fortunati, e seus pais, Aparício e Teresinha. Há praticamente 13 anos eles viram na avicultura uma oportunidade para manter os laços no interior e garantir ali o sustento familiar. Neste ano a família resolveu duplicar a criação de aves, de dois aviários passará a quatro espaços. Isso porque o negócio está dando certo e já representa a principal renda da família – somando os dois galpões, a capacidade de criação é de 87,9 mil frangos. Com a construção dos dois novos espaços, essa capacidade passará para quase 208 mil cabeças de frango, um crescimento de mais de 130%.
A família tem contrato com uma empresa alimentícia que faz a entrega dos frangos para a criação, fornece a ração e realiza a retirada dos animais para o abate. Os empreendedores florenses entram com a estrutura, a mão de obra e a energia dos pavilhões. “Os frangos ficam em média de 28 a 30 dias, quando chegam a pesar 1,4 kg, que é a média de abate. Ficamos 15 dias sem as aves para que o pavilhão passe por uma limpeza e higienização e então recebemos mais um lote”, conta Mateus, destacando ainda que na avicultura não é necessário ter tantos hectares como a uva para ter um bom resultado financeiro.
Quanto ao mercado, Mateus também aponta vantagens, como o acompanhamento da inflação. “A uva sempre está no R$ 1. O frango, no ano passado, saiu de R$ 2,40 e foi para R$ 2,70 ao quilo”, exemplifica. A iniciativa de mais que dobrar a capacidade de criação de aves também teve o incentivo da empresa a qual a família possui contrato. “Temos uma bonificação que ganhamos durante o período de financiamento para a construção. São nove centavos por cabeça de frango que eles pagam a mais, sendo que temos um mínimo de oito lotes por ano para trabalhar. Então eles também ajudam a investir”, analisa o empreendedor. 
Conforme dados da Inspetoria de Defesa Agropecuária de Flores da Cunha, o município tem capacidade de alojamento para 1,4 milhão de cabeças para o corte por lote (dados de 2018). Com os oito aviários que estão em fase de construção e análise, o município alojará mais 440 mil frangos por lote – em média cada proprietário realiza oito lotes ao ano, gerando uma estimativa de 14,7 milhões de frangos que passam pelas propriedades florenses antes de ganharem os mercados e as mesas dos consumidores.

Como se cadastrar

Os produtores interessados nos serviços de subsídio da prefeitura devem ir até a Secretaria de Agricultura e Abastecimento, junto ao Centro Administrativo, com a licença ambiental de instalação do empreendimento. O agricultor beneficiado terá o prazo de um ano do recebimento do benefício para construir seus empreendimentos e iniciar a produção, sob-pena de restituir o valor investido pela prefeitura, obrigatoriamente corrigido. 

Incentivo também em Nova Pádua

Os produtores paduenses também estão vendo na avicultura um negócio lucrativo. Atualmente, o município possui 32 produtores que, juntos, produzem cerca de 23 milhões de quilos de frango por ano, conforme dados da Secretaria Municipal de Agricultura. Conforme o secretário Samoel Smiderle, neste ano está previsto o subsídio para duas novas granjas. A exemplo de Flores da Cunha, o município também fornece auxílio para quem quer investir em aviários – o Programa de Incentivo ao Desenvolvimento Avícola (Pida) –, criado em 2007.
A essência do Pida é auxiliar nas reformas dos aviários já existentes para adequá-los às novas exigências do mercado, bem como a ampliação e implantação de novas áreas com o fornecimento de terraplanagem, cobertura, telas, areia e brita. De acordo com Smiderle, o incentivo é aprovado para o agricultor perante projeto apresentado na Secretaria. “Subsidiamos horas máquinas, R$ 13 mil para compra de material para a cobertura do galpão a cada 100 metros, além de areia e brita para a construção das muretas em novos aviárias. Para quem solicita a reforma do galpão, o município ajuda com areia e brita e R$ 5 mil para a troca de grades, a cada 100 metros”, explica o secretário.

Mateus Fortunati está deixando de lado os vinhedos para investir na avicultura. - Gabriela Fiorio
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