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A inadimplência dos florenses aumentou no primeiro semestre de 2009. Segundo dados do Serviço de Proteção ao Crédito (SPC) de Flores da Cunha, de janeiro a junho deste ano, cerca de 800 nomes já foram incluídos na lista de devedores. No mesmo período do ano passado, em torno de 540 pessoas foram adicionadas à listagem, o que representa um aumento de 47.6%. A comerciante Lenita Novello acredita que o aumento de devedores seja em decorrência da falta de planejamento orçamentário. “As pessoas estão gastando mais. Isso pode ser bom para a economia, mas se elas deixarem de pagar suas contas, nós, lojistas, não temos como nos manter. Isso é muito prejudicial para o setor”, afirma ela. Ainda conforme a comerciante, nos meses de janeiro e fevereiro, em torno de 50% das pessoas deixaram de pagar suas contas junto à loja. “Esse foi o pior período do ano. Depois esse índice caiu, mas logo voltou a subir”, constata. Lenita afirma ainda que a maioria dos lojistas tem receio de encaminhar os clientes devedores ao SPC, pois temem que eles não retornem mais ao estabelecimento. “Esse é um direito do lojista, assim como é um dever do cliente pagar as suas contas no dia certo”, desabafa. A lojista constata que o maior débito é registrado entre as vendas feitas no carnê. “Infelizmente o que vai acontecer é que nós seremos obrigados a extinguir essa modalidade de venda. Embora os cartões de crédito retenham em torno de 5% do valor da venda, nós temos certeza de que vamos receber na data certa”, assinala. “Se diminuísse a inadimplência, consequentemente diminuiria o preço final das mercadorias”, finaliza a comerciante. Para a responsável pelo caixa de uma loja de calçados e confecção de Flores, Fernanda Pelizzoni Dias, o aumento da inadimplência está dificultando a situação do comércio. “Está ficando cada vez mais difícil manter esse setor” destaca. Na opinião da economista Jaqueline Maria Corá, esse aumento pode ser reflexo da facilidade de crédito conquistada nos últimos anos. Com isso, as famílias brasileiras passaram a consumir mais. Entretanto, a falta de planejamento orçamentário tem ocasionado o endividamento e, com isso, a elevação desse índice. “Existe mais dinheiro no mercado. Com isso, as famílias estão adquirindo mais produtos, estão aprendendo a utilizar o cartão de crédito. Eles passaram a fazer parte da chamada sociedade de consumo”, destaca a especialista. Embora as famílias comprem mais, existe uma preocupação com o grau de endividamento e o quanto elas poderão suportar esse comprometimento da renda. “Nunca antes se registrou índices tão altos de inadimplência”, aponta Jaqueline.