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Até quando a VRS-814 ficará sem manutenção?

Rodovia que liga os municípios de Flores da Cunha e Nova Pádua está abandonada. Motoristas que trafegam diariamente pelo trecho precisam ter atenção redobrada com os buracos e a falta de sinalização. Daer promete nova ação paliativa em breve

Transitar pela rodovia VRS-814, que liga os municípios de Flores da Cunha e Nova Pádua, tornou-se uma aventura perigosa. Realizar tal proeza exige atenção e pulso firme dos condutores, que precisam desviar de buracos a todo instante e controlar o veículo diante de trechos irregulares, onde a primeira camada da pavimentação asfáltica é quase inexistente. Como se não bastasse, é preciso contar com a sorte e torcer para que nada de errado aconteça ao automóvel, pois uma parada de emergência seria um risco, já que o trecho de 12 quilômetros tem poucos espaços de acostamento.

No último mês, o que era ruim ficou ainda pior depois das chuvas intensas. Os elevados níveis de precipitação, aliados ao tráfego intenso de caminhões carregados, aceleraram a deterioração do asfalto, principalmente no trecho florense da vicinal. De acordo com dados da Somar Meteorologia, o total de chuva acumulada em Flores da Cunha em julho chegou a 357,2 milímetros, considerando que a média para o período é de 137,4 milímetros. Dos 31 dias do mês, 17 foram de chuva. Somente no dia 21 a precipitação registrada foi de 115,2 milímetros, quase três quartos do esperado para o mês todo.
A 2ª Superintendência Regional do Departamento Autônomo de Estradas e Rodagem (Daer), com sede em Bento Gonçalves, é a responsável pela manutenção das estradas da Serra. Por meio de nota enviada pela assessoria do órgão, o clima chuvoso contribuiu para a deterioração do percurso. “As chuvas intensas do período não só prejudicam o estado de conservação das rodovias como impedem ações mais efetivas, que só podem ser tomadas com clima seco e temperatura superior a 10ºC”, destaca a nota do Daer.

A previsão é de que após a estabilização do clima uma equipe de trabalho será deslocada até a VRS-814 para executar uma operação tapa-buraco no trecho.

Reivindicação se tornou ‘novela’
O excesso de curvas, a pista estreita, a falta de acostamento e de sinalização são problemas que acompanham a VRS-814 (que já foi chamada de VRS-014 e VRS-314) desde a sua conclusão, no final de 1989. Com o tempo, os problemas e os acidentes no percurso só foram aumentando. Insatisfeita com a situação, a população, representada por seus governantes, vêm cobrando ações efetivas por parte do órgão responsável pela via, o Departamento Autônomo de Estradas e Rodagem (Daer), há mais de 20 anos.

Um dos capítulos da ‘novela’ VRS-814 teve início no dia 17 de março de 1997, quando o então secretário estadual dos Transportes do governo Antônio Brito (PMDB), José Otávio Germano, assinou uma ordem de serviço para contratação de empresa para a elaboração de projeto de construção de 2,6 mil metros de refúgios. No ano seguinte, o Diário Oficial do Estado divulgou a empresa vencedora da licitação e o projeto, no valor de R$ 51,4 mil, o qual deveria ficar pronto em no máximo 180 dias. Depois disso, o governo lançaria outro edital para contratar uma empresa que executaria a obra.
No início do ano de 2000, após a morte do vereador paduense Vaine Sottoriva, vítima de um acidente ocorrido na VRS, parlamentares do município solicitaram, por meio de indicação, a construção de acostamentos e melhorias na vicinal. Depois de dois anos de esquecimento, a discussão foi retomada por conta de outro acidente grave que ocasionou a morte do agricultor Marino Bisinella, também morador de Nova Pádua. Na época, o então coordenador regional do Daer, Arthur Adalberto de Oliveira, alegou falta de recursos para a execução da obra.

Em 2002, uma comissão intermunicipal e multipartidária formada pelos prefeitos de Flores da Cunha e Nova Pádua, pelos presidentes das duas casas legislativas, e por quatro vereadores paduenses, esteve reunida na sede do Daer em Bento Gonçalves, pedindo apoio para o início das obras. Todavia, os trabalhos de recapagem asfáltica do trecho de 12 quilômetros iniciaram, de fato, em agosto de 2004, mais de dois anos depois da visita da comitiva. Já construção dos 26 refúgios, de 100 metros cada um, prevista no projeto elaborado pela Conde Construtora e Engenharia, em 1997, ficaria para o próximo capítulo da novela.

Seis anos após as obras de recapeamento e sob insistentes pedidos de ajuda da população e de governantes florenses e paduenses, em julho de 2010 uma equipe de operários do Daer realizou uma operação emergencial para tapar buracos da VRS-814. Na ocasião, o coordenador regional, Rogério Brasil Uberti, anunciou que na semana seguinte iriam começar as obras de recapagem de todo o trecho, um investimento de R$ 300 mil. O trabalho seria concluído em 40 dias, mas sequer começou.

Tentando acabar de vez com a novela VRS-814, em maio de 2011 uma comitiva de Nova Pádua visitou quatro deputados na Assembleia Legislativa, em Porto Alegre, pleiteando apoio político com relação à antiga reivindicação. Na época, o Daer informou que ações na VRS-814 estariam previstas a partir da primeira semana de junho, o que também não ocorreu. Nesta semana o Daer anunciou que pretende realizar obras de tapa-buracos na rodovia, mas não se pronunciou sobre a realização de trabalhos efetivos, que venham a resolver os problemas definitivamente. E assim segue a ‘novela’, sem um desfecho final. Até quando a população irá esperar?

Atenção também na descida da Serra
As chuvas além da média também aceleraram a deterioração asfáltica de um dos trechos mais perigosos da ERS-122, a descida da Serra do Rio das Antas, entre Flores da Cunha e Antônio Prado. Após apontamentos de leitores, o jornal O Florense percorreu o percurso para verificar a situação da estrada, comprovando o alerta. Do quilômetro 106 ao 109 foi constatada a existência de pelo menos cinco pontos com buracos e deslocamento de placas de asfalto.

Conforme apurado, a descida apresenta menor quantidade de buracos. Porém, fica evidente a precariedade dos poucos pontos de refúgio. Os maiores problemas foram verificados na subida do trajeto, que apresenta buracos, desnivelamento de pista e pontos onde a sinalização vertical é quase inexistente.

A assessoria do consórcio Univias, responsável pelo trecho, informa por meio de nota que, devido à grande umidade da região e ao período chuvoso e frio, “mantemos o serviço de tapa buraco emergencial. Cabe salientar que com as chuvas e com o frio intenso, a usina de asfalto não consegue trabalhar, necessitando de uma temperatura acima de 12ºC para funcionar. Assim que possível, executaremos ação de reparação mais duradoura que esta solução emergencial que está sendo feita diariamente”.
No mês de julho, a praça de pedágio administrada pela concessionária contabilizou a passagem de 101.404 veículos de grande, médio e pequeno porte, uma média de 3,2 mil por dia.


Operações tapa-buraco realizadas na vicinal desde o ano passado não amenizaram problemas.  - Fabiano Provin
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