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Asfalto da discórdia

Recapeamento asfáltico em ruas centrais divide opiniões dos moradores, que discutem a necessidade e a prioridade da obra

No último dia 6, o Jornal O Florense noticiou em seu site que, no dia seguinte, quatro ruas do centro de Flores da Cunha começariam a receber recapeamento asfáltico. Vários comentários foram feitos na publicação, a maioria se posicionando contra a medida – das 70 interações, apenas duas se mostraram favoráveis à obra. Um dia depois, a prefeitura anunciou o adiamento dos trabalhos, alegando instabilidade do tempo – e até então eles não foram retomados.
Entre as críticas dos leitores à obra estavam dúvidas sobre a necessidade do investimento, destacando outros pontos da cidade que, na visão deles, mereciam prioridade. As quatro ruas que receberiam o recapeamento sob a estrada de paralelepípedos são: Raimundo Montanari, Tiradentes, Andrade Neves e General João Manuel, nos trechos entre as ruas Dr. Montaury e Professora Maria Dal Conte. Conforme a Secretaria de Planejamento, Meio Ambiente e Trânsito, o investimento aproximado é de R$ 317 mil em 4.160m² de asfalto.
O comentário mais curtido na publicação da notícia questionava o aumento da temperatura causado pelo asfaltamento e a possível falta de drenagem da água das chuvas. A moradora de Otávio Rocha, Deise Dani, reivindicava melhorias na comunidade: “Nós temos ruas centrais precisando de paralelepípedo, não precisa asfalto, só o calçamento já ficamos contentes”.
Outro aspecto levantado pelos leitores foi o do saneamento que, na visão de alguns, deveria ser prioritário. “Asfaltar a rua do centro? Se preocupem em trocar a tubulação dos nossos esgotos”, disse o leitor Tiago Sandi. Já Gabriel Vanelli Braga sugeriu outros trechos que mereciam atenção: “Por que não arrumar o calçamento existente, por exemplo, na John Kennedy, e outros que estão intransitáveis?”.

O que dizem nas ruas

A reportagem do Jornal O Florense visitou as quatro ruas na tarde da última terça-feira, dia 13, para ouvir a opinião de comerciantes e moradores – os que seriam afetados mais diretamente pelo asfaltamento. E o resultado foi o oposto do que se viu nas redes: nas ruas, a maioria das pessoas se mostrou a favor do recapeamento.
“Asfalto é progresso. Valoriza os imóveis, a quadra inteira. Calor já há porque a cidade é quente nessa época. É a primeira vez que eu vejo as pessoas contra um asfalto”, disse Rogério Nunes Flores, 47 anos, monitor de um centro terapêutico na Rua General João Manuel. 

Moradora da quadra ao lado, Amélia Giachelin Rizzoto, 76, também se mostra favorável ao asfaltamento. “Eu gostaria sim. É melhor para os carros e para os pedestres. E gostaria que eles começassem logo, vai saber quando vamos ter essa oportunidade de novo?”, diz ela, que reside na Rua Andrade Neves.

A maior resistência ao projeto ocorre na Rua Tiradentes. A reclamação de alguns moradores é que os paralelepípedos estão bem colocados, sem a necessidade de asfaltamento, e que a cidade deveria ter outras prioridades. O calor também é algo que os preocupa, embora a contrariedade às obras não seja unânime.

Um dos contrários é Lucas Bellincanta Carpeggiani, que mora na rua há 32 anos: “Eu acredito que o asfalto ia encorajar as pessoas a andarem com maior velocidade, acima do limite. Também temos receio de alagamentos”. Lucas se mostrou indignado com a falta de consulta aos moradores antes da realização do projeto e a ausência de maiores explicações sobre a necessidade das obras por parte da prefeitura.

O que diz a prefeitura

O secretário de Planejamento, Gabriel Luiz Echer, reitera que as obras iniciaram na quarta-feira, dia 7, com o bloqueio das vias para a limpeza. Mas as atividades foram suspensas por conta da umidade que inviabiliza o asfaltamento. O empecilho atual para a retomada é um acordo de datas entre a prefeitura e a empresa responsável pela execução das obras.
O intuito das autoridades é continuar com o projeto. Nesse período de paralisação, no entanto, a prefeitura segue aberta para ouvir a comunidade. “Nós estamos dispostos a debater qualquer demanda sobre essa questão, como sempre estivemos. A prefeitura sempre foi transparente em relação às obras que fez. A decisão foi tomada de acordo com o plano de governo e acreditamos que ela vai trazer benefícios para todos”, salienta Gabriel.
Conforme o Secretário de Obras e Viação, Élio Dal Bó, a maioria dos moradores das ruas é favorável ao recapeamento, mas é necessário levar em conta a opinião de todos os contribuintes. “O poder público procura ouvir as pessoas e semear as coisa boas, não as discórdias. Acreditamos que a maioria prefere a pavimentação asfáltica, pois as ruas ficam mais limpas e silenciosas, entre outras coisas”, afirma Élio. 


 

 - Pedro Henrique dos Santos
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