As 20 raças de cachorro mais queridas do Brasil
Conheça um pouco da história e das particularidades de cada uma delas
O Brasil tem cerca de 52 milhões de cães de estimação, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Mas algumas raças despontam no coração dos brasileiros. Compilamos dados de rankings, como o censo da plataforma de hospedagem canina Dog Hero e de uma pesquisa do Instituto Qualibest, para montar a lista das 20 raças mais queridas do País. Vamos a elas.
Pug
Um movimento suspeito ouriçou as orelhas pontudas de Pompeu. Havia cavalos, lanças e armaduras no horizonte. Era o exército espanhol que se avizinhava do acampamento holandês. O príncipe Guilherme de Orange acordou de sobressalto com as lambidas e os latidos de seu pug de estimação. Para sua sorte, houve tempo de escapar do ataque inimigo. O ato heroico de Pompeu, em meados do século 16, valeu um lugar eterno para o pug como mascote da realeza da Holanda. A raça, aliás, tem origem nobre. Era uma das preferidas dos imperadores chineses. Na China, as pessoas gostam até das dobras da cabeça do pug. O formato das rugas é semelhante a um símbolo chinês que significa boa sorte. Pequenino, o pug é um excelente cão de companhia. Mas saiba que ele é bem carente e nunca desgruda do dono. Além disso, o cão pode ter a respiração barulhenta, devido ao focinho achatado. Isso impede agito e exercícios intensos. Outro cuidado importante: pugs amam comer e têm tendência à obesidade.
Shih-tzu
Uma lenda diz que os lamas do Tibete criaram os shih-tzus como um presente aos imperadores chineses. Outra: eles seriam a reencarnação de deuses arteiros. Isso talvez explique a fama de raça desobediente. Mas os shih-tzus sempre foram bons cães de companhia. Os nobres chineses os usavam para esquentar os pés, por exemplo. O nome deles significa “pequeno leão” em chinês.
Maltês
Os primeiros registros do maltês têm mais de seis mil anos. E há uma controvérsia sobre a sua origem. Alguns especialistas creem que a raça – também chamada de bichon – surgiu na Ásia. Mas a teoria mais aceita aponta a ilha de Malta, próxima da Itália, como berço. Daí o nome. O maltês dava lucro aos marinheiros do passado. Acreditava-se que os pelos do cão podiam curar doenças. Então, os antigos usavam os fios para fazer luvas.
Buldogue
A origem dos buldogues é, no mínimo, bizarra. Eles eram cães de briga que enfrentavam adversários com dez vezes o seu tamanho. Por isso, os criadores privilegiavam os exemplares mais ferozes, musculosos e resistentes à dor. Foi assim até o começo do século 19, quando os britânicos baniram esse tipo de divertimento. A proibição alterou a forma como a raça era selecionada. Dali em diante, os filhotes mais dóceis ganharam privilégio. E o resultado pode ser visto hoje em qualquer parque mundo afora. O buldogue inglês preservou a cara de mau, mas se tornou um bichinho muito amável. São ótimos cães de companhia – especialmente se o dono não é chegado ao agito. É que esses mascotes costumam ter pouco fôlego, em razão do focinho curto, que dificulta a respiração. Já o buldogue francês é mais ativo. Gosta de brincar e correr. A história dessa variante da raça tem algumas versões.
Pit Bull
Terriers nasceram para cavar. Hounds surgiram com o intuito de ajudar na caça. Pastores eram peões de fazenda. E pit bulls foram feitos para brigar com outros cachorros. O cerne das polêmicas envolvendo essa família de cães está relacionado à sua função original. Em 1835, o Reino Unido proibiu o bull-baiting – as lutas entre cachorros e touros. Quem apreciava esses eventos logo migrou para as rinhas de cães, que necessitavam de menos espaço. Mas os buldogues eram meio lentos para esse combate. Os criadores, então, passaram a cruzá-los com raças ágeis, como os terriers. A ideia era combinar velocidade e força.
Surgiram exemplares musculosos e rápidos, de cabeça grande e focinho mais curto. Ou seja, ideais para a luta. A primeira raça a aparecer foi o staffordshire bull terrier. Levado aos EUA, o cão deu origem ao american pit bull terrier e ao american staffordshire terrier. Atualmente, a família dos pit bulls abrange diversas raças – incluindo red nose, monster blue e red devil, entre outros. Todas carregam um instinto de agressividade adormecido em seu DNA. Não significa que serão violentas. O segredo está na forma como essa propensão é estimulada. Um filhote de pit bull pode tornar-se um adulto dócil se receber orientação correta. A tarefa de equilibrar a inclinação genética cabe ao dono.
Spitz alemão
No Brasil, a raça é mais conhecida como lulu da pomerânia. Mas o lulu é a menor apresentação dessa família de cães. Ou seja, é um spitz alemão anão (ou toy). São cinco variações – com portes que vão dos 20 cm aos 50 cm de altura. A confusão acontece porque os EUA e o Reino Unido classificam os cães de outra forma – e dissociam o menor exemplar do spitz alemão. Lá, ele é chamado de pomeranian – ou “pom”. A Pomerânia é o berço do spitz alemão. E também é um lugar muito frio. O aspecto de bichinho de pelúcia foi importante para garantir a sobrevivência do cão nas baixas temperaturas.
Atualmente, o pelo gera alvoroço: as tosas do tipo ursinho e leãozinho explodem o fofurômetro da web. Não à toa, o cão mais popular do Instagram é um lulu. A raça é muito agitada e curiosa. Quando passeia, o lulu costuma correr e latir sem parar. Adestrá-lo desde filhote é a receita para conter essa impertinência.
Schnauzer
O bigodão é a marca desse mascote. Esperto e apegado ao dono, o schnauzer costuma ser alegre e, por vezes, meio temperamental. É do tipo que fala na cara. Ou melhor, late. Se não simpatiza com um convidado ou outro animal, o barbudinho deixará isso bem claro. Não à toa, os alemães apelidaram o schnauzer de “vovó ranzinza”. Por ser impetuoso, é considerado um cão de alerta.
Pastor-alemão
Boa parte das habilidades do pastor-alemão se devem a Max Von Stephanitz e Arthur Mayer. Os dois criadores alemães iniciaram o melhoramento da raça em 1899, fundando uma organização dedicada a aprimorá-la. O intuito era gerar um animal útil não só em fazendas, mas em múltiplas frentes. O pastor se disseminou após a 1ª Guerra, quando exércitos inimigos da Alemanha levaram filhotes para seus países. O pastor-alemão é a terceira raça mais inteligente – só atrás do border collie e do poodle.
Basset
O orelhudo basset é ótimo de faro. Na seleção genética, os criadores reduziram o tamanho de suas patas para deixá-lo próximo do chão – e, assim, apurar seu olfato. É que o basset era usado para caçar presas de pequeno porte, como lebres e coelhos. Hoje, tornou-se um perfeito cão de companhia. Não se engane com os olhos caídos e o jeitão meio cabisbaixo. O basset é afetuoso e companheiro, além de muito inteligente.
Dachshund
“Imagine um dachshund que vai de Nova York a Londres. Puxe o rabo em Londres, e o cão uivará em Nova York.” Era assim que Albert Einstein explicava o conceito do telégrafo sem fio. O físico alemão tinha um dachshund de estimação. A raça surgiu na Alemanha e foi criada para caçar texugos – roedores que vivem em buracos no chão. Com o corpo e o focinho alongados, o salsicha conseguia entrar facilmente nas tocas. Em geral, o dachshund tem uma personalidade forte. É teimoso e destemido, podendo até enfrentar cães maiores. Os alemães adoram essa autoestima. Tanto que o dachshund é considerado o símbolo da Baviera, o maior Estado do país.
Rottweiler
Está entre as raças que sofrem preconceito em razão de sua pretensa agressividade. Um dos mitos mais difundidos afirma que o cérebro do cão cresce além da capacidade do crânio – e a pressão interna poderia desencadear ataques repentinos. A disfunção até existe, mas é raríssima. Só ocorre se houver tumores localizados na região. Com orientação e afeto, o rottweiler torna-se uma doçura. Tanto que a raça é utilizada em terapias. São muito brincalhões e apegados ao dono. Necessitam de bastante espaço. Se ficarem fechados, tendem a se estressar.
Lhasa Apso
O lhasa apso surgiu há 500 anos para atuar como guardião dos mosteiros do Tibete. Era considerada um raça sagrada, pois a alma de antigos lamas habitaria o corpo desses cães. Os lhasas não podiam ser vendidos – apenas presenteados, como um voto de boa sorte. Na década de 1930, o Dalai Lama agraciou um casal americano com uma ninhada, e os peludinhos se espalharam pelo continente.
Yorkshire
Meigo, esperto e companheiro, ele é um dos queridinhos das celebridades. O segredo dessa predileção pode estar relacionado a um detalhe estético. É que o pelo do yorkshire é muito bonito. Além disso, não para de crescer. Finos e sedosos, os fios são quase como cabelos humanos. Ou seja, dá para inventar vários penteados diferentões e exibir o mascote por aí.
A raça, como sugere o nome, foi criada no condado de Yorkshire, na Inglaterra, por volta de 1800. O cão surgiu para ajudar camponeses a caçar roedores em tocas subterrâneas.
Pinscher
O pinscher é muito confundido com o chihuahua. Ambos são pequeninos e nervosinhos, mas o pinscher tem o pelo sempre curto, com cores que vão do caramelo ao preto. Ele chega a ser ainda mais desconfiado do que o seu sósia. Por isso, é um ótimo cão de guarda, considerado uma miniatura do dobermann. Cuidado antes de esmagar um pinscher num abraço, pois a raça tem ossos frágeis e sofre fraturas com facilidade.
Labrador
O casal John e Jenny adotou um labrador que cabia numa caixa de sapato. Mas aquela doçura logo se transformou num mastodonte capaz de virar a casa de cabeça para baixo. Seu nome: Marley. O astro do filme Marley e Eu, lançado em 2008, fez muita gente chorar e ajudou a colocar a raça em evidência. Hoje, o labrador é o preferido em diversos países, como EUA e Austrália. O labrador é ativo, adora correr e brincar.
Vai bem como cão-guia e também ajuda em resgates. O olfato apurado lhe permite encontrar vítimas de avalanches enterradas em até seis metros de neve. A raça descende do cão-de-são-joão, originário da província canadense de Terra Nova e Labrador. Hoje extinto, ele ajudava os pescadores a recuperar peixes caídos das redes.
Golden Retriever
Dudley Marjoribanks, o Barão de Tweedmouth, era um político escocês e criador de cães. No século 19, ele queria produzir uma raça de porte médio, obediente e fácil de treinar. O cão teria de nadar em água gelada para pegar peixes e acompanhar os caçadores de aves nas florestas. Hoje, a raça tornou-se o sonho de consumo de boa parte dos cachorreiros do mundo. O golden retriever é o quarto colocado no ranking de inteligência canina, do especialista Stanley Coren.
Amáveis, esses cães são utilizados em terapias e também como guias para cegos e cadeirantes. O golden, aliás, não é o mais indicado para guarda. É que eles são queridões com todo mundo, e não apenas com os donos. O golden também é bastante ativo, mas não chega a ser tão travesso quanto os primos de Marley. Embora doce, ele pode brincar de forma abrupta com as crianças e até criar certa rivalidade. Isso porque o golden tende a enxergá-las como irmãos da mesma matilha.
Beagle
Criado pelo desenhista americano Charles Schulz, em 1950, o beagle de Charlie Brown talvez seja o cão mais famoso da ficção. Snoopy é cheio de personalidade. Gosta de contrariar as ordens de seu dono e, não raro, o constrange. É que a raça é meio teimosa mesmo. Como curte uma zoeira, o beagle precisa de espaço para extravasar toda a sua energia. Além disso, a raça tem um olfato excelente. Tanto que é muito usada para farejar coisas ilegais em aeroportos.
Poodle
É um cão com argumentos irresistíveis. É uma das raças que menos solta pelos pela casa e é o segundo cão mais inteligente do mundo, atrás apenas do border collie.
O poodle não chega a ser imortal, mas está entre os cães com maior expectativa de vida – cerca de 14 anos, em média. Além disso, ele é dócil, obediente e simpático. Embora carregue a pecha de “cachorro de enfeite”, o poodle surgiu para pegar pesado no trabalho. Sua função era buscar as caças que caíam nos rios (o que faz dele um retriever).
Boder Collie
É a raça considerada a mais inteligente de todas. A função original desses cachorros era o pastoreio – e eles já se destacavam nas fazendas. O border collie está sempre atento aos olhos do dono. Basta uma piscadela para o dog entender um comando. É um dos cachorros mais aptos ao adestramento. É também o que mais se sobressai nas competições de agility, um circuito com obstáculos e tarefas, inspirado no hipismo. A raça tem categorias e rankings exclusivos.
Vira-lata
O vira-lata é uma paixão nacional. Ele aparece como o pet favorito dos brasileiros em diferentes pesquisas. A origem desses queridões remonta à própria existência dos cachorros. Afinal, antes do homem iniciar as seleções controladas, a reprodução era guiada pela natureza. O vira-lata, portanto, é um cão de raiz. A mistura genética é um dos seus trunfos. Como tem influências diversas, o Sem Raça Definida (SRD, sigla usada pelos veterinários) apresenta uma gama variada de tamanhos, cores e habilidades.
Menos propenso a doenças genéticas, o vira-lata tende a dar menos despesas do que os cães de raça. E esse despojamento pode ser o segredo da sua popularidade. Ele é gente como a gente. E não desiste nunca: o vira-lata tem uma grande capacidade de resistência e adaptação. Entretanto, requer cuidados como qualquer outro cachorro.
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