Arara de estimação deve ser devolvida
Ave foi apreendida pela Patram, e família Slaviero, do Travessão Carvalho, aguarda preocupada
Acostumada com as frequentes visitas de turistas que buscam as belezas e a tranquilidade do interior florense, onde ainda são produzidos de forma artesanal uma variedade de produtos coloniais, a família de Nelson Slaviero foi surpreendida recentemente com a visita inesperada de policiais militares. Eles não foram para desfrutar das belezas naturais ou conhecer a propriedade da família, onde funciona um pequeno comércio de produtos coloniais, mas sim para apreender uma arara da espécie Canindé, que vive no local há cerca de 35 anos.
Ela nunca foi rainha, nem princesa, mas participou de inúmeros eventos, sendo figurante em carros alegóricos da Festa Nacional da Vindima e da Festa Colonial da Uva de Otávio Rocha, entre outras atividades regionais que resgatam a tradição italiana. A apreensão da arara, que deixou os descendentes de Raimundo Slaviero, também conhecido por ‘Gibene’, angustiados e apreensivos, ocorreu no dia 4 de agosto. “Foi muito triste ver eles (policiais) colocando ela fechada numa gaiola”, reclama Cimara Daiane, nora de Nelson, que complementa que a arara fazia parte da família.
Ela conta que foi surpreendida pela Polícia Ambiental, em atendimento a uma denúncia anônima que dava conta que o animal estaria com a família de forma ilegal. Após a apreensão, a família ingressou na Justiça com um pedido de restituição da ave. A causa teve decisão favorável, no entanto, até o início dessa semana a arara, que foi presente de casamento de Gibene ao filho Nelson há mais de três décadas, ainda não havia sido devolvida.
Trinta e cinco anos na família Slaviero
A família conta que a ave foi trazida do Estado do Mato Grosso em 1983 por um parente. Apesar de estar impossibilitada de voos longos desde filhote, devido a um problema em uma das asas, nas mais de três décadas que está na propriedade, a arara nunca esteve confinada em cativeiro ou uma gaiola que a impedisse de se locomover, tampouco sofreu maus tratos. “A não ser agora, quando foi levada pela Patram, nunca havia sido trancada”, lamenta Nelson. A decisão do juiz substituto da Comarca florense, Nilton Luís Elsenbruch Filomena, favorável à restituição do animal, tem respaldo do Ministério Público, que por meio do promotor Stéfano Lobato Kaltbach, entende ser inviável a retirada do animal do local onde se encontra, sobpena de, com isso, causar algum prejuízo a ele. Além disso, o promotor público ressalta que a arara está recebendo o cuidado adequado, com alimentação e higiene, estando com ótima saúde, conforme atestado do médico veterinário. “Encontra-se, por certo, adaptada à convivência com seu cuidador”, destaca o magistrado.
Conforme o advogado Miguel Debortolli, a apreensão da arara ocorreu de forma ilegal, pois a Lei 9.605/98, que trata dos crimes ambientais, é posterior a posse do animal, que à época da promulgação estava há 15 anos na propriedade. Além disso, o longo tempo de convivência com a ave demonstra uma verdadeira relação afetiva com a família de agricultores, sendo que a presença dela contribuiu, inclusive, para a estabilização do quadro depressivo de um familiar. Mesmo com a decisão favorável à devolução, os cuidadores não sabem quando poderão retomar o convívio com a ave. “Estamos de braços atados, sem saber onde ela está e como está”, diz, emocionada, Cimara. “Foram rápidos em vir buscar, e porque agora demoram tanto para devolver”, completa o sogro Nelson. Enquanto a arara não é restituída ao seu antigo lar, a família vive dias de angústia à espera de um final feliz.
Que horror como tem gente malvada ! É feliz ali e solta ..Esta na natureza e não para os curiosos olharem