Após duas infecções em bebês, maternidade de Flores da Cunha passa por protocolo de desinfecção
Por precaução, setor foi fechado e pacientes encaminhados para Caxias do Sul. Reabertura aconteceu nesta terça-feira após validação do Controle de Infecção do Hospital Nossa Senhora de Fátima.
Após dois recém-nascidos serem diagnosticados com uma infecção de pele, o Hospital Nossa Senhora de Fátima optou por fechar sua maternidade, por precaução, e reforçar procedimentos de higiene e limpeza. O setor foi reaberto ao meio-dia desta terça-feira (30), após exames não constatarem nenhum risco. Os dois bebês estão internados em observação em Caxias do Sul. A expectativa é que recebam alta médica até o final de semana.
O primeiro recém-nascido apresentou sintomas no dia 22 de julho. Três dias depois, apareceu o segundo paciente. Eles foram encaminhados para a UTI Neonatal do Hospital Geral, que é referência para a região.
— É a chamada Síndrome da Pele Escaldada, que tem esse nome por parecer uma pele queimada. Ela cria essas bolhas, que são de pus e secreção. Um deles começou pelo umbigo, e outro tinha lesões mais espalhadas, pelos braços e tórax. Ambos (os bebês) estão bem. Estes casos precisam de 10 dias de antibiótico. Eles estão bem, as lesões diminuíram muito e a expectativa é que em quatro dias estejam em casa — explica o médico Breno Fauth de Araújo, chefe da UTI Neonatal do Hospital Geral.
A médica infectologista Viviane Buffon explica que os sintomas são decorrentes da bactéria Staphylococcus, que é relativamente comum. Pelos pacientes serem recém-nascidos, que têm a imunidade ainda em desenvolvimento, a infecção aconteceu e desenvolveu as fissuras na pele dos pacientes.
— Tivemos realmente uma situação com dois recém-nascidos e desenvolveu um quadro um pouquinho mais exacerbado do que normalmente a gente percebe. As crianças foram acolhidas imediatamente, estão recebendo todo o suporte necessário e estão evoluindo bem. Por uma questão de cautela, de proteção, que é característica do hospital de Flores, decidimos não receber novas crianças até que tudo estivesse higienizado, checado e validado. Foram feitos todos os procedimentos, os testes deram negativos e as atividades foram retomadas (nesta terça) — pondera a médica do Controle de Infecção do Hospital.
— É uma bactéria relativamente comum, que pode ocorrer. Quando acontece, o procedimento é exatamente este. Fechar o ambiente e esterilizar completamente para matar os germes e reabrir com segurança — concorda o médico de Caxias do Sul.
A maternidade foi fechada na sexta-feira (26), após a confirmação do segundo paciente. Os dois recém-nascidos desenvolveram os sintomas quando já estavam em casa e retornaram ao hospital em busca de ajuda. A medida de não receber novos pacientes na maternidade foi uma precaução do hospital. Desta forma, a médica infectologista descarta que outras crianças tenham sido infectadas pela bactéria.
— Essa infecção gera uma lesão na pele. A pele, ao invés de ficar íntegra, acaba formando umas bolhas, que podem ser pequenas ou maiores, até que essas bolhas se rompem e a pele perde a proteção nas partes onde tem essa bolha. Perde essa proteção natural, então a criança fica mais suscetível a outras infecções e também a desidratação — explica Viviane.
A infectologista explica que a Staphylococcus é uma bactéria comum, mas que, geralmente, é barrada pela imunidade das pessoas. A equipe do hospital realizou testes em outras áreas e pacientes, inclusive adultos, e nenhum outro sintoma ou risco foi detectado.
O Controle de Infecção do Hospital Nossa Senhora de Fátima é formado por uma médica infectologista, uma microbiologista, duas farmacêuticas e uma enfermeira. Esta equipe é um requisito para instituições médicas alcançarem o nível II do Instituto Brasileiro para Excelência em Saúde (Ibes), certificado conquistado pela instituição em abril deste ano. Até por este compromisso, a infectologista Viviane tranquiliza a comunidade.
— Não existe um hospital que não tenha tido, em algum momento, um quadro de infecção. Isso faz parte do processo, infelizmente. A gente não quer que aconteça, mas o mais importante é que a equipe estava atenta, os bebês foram acolhidos e a instituição reconheceu, validou e investiu na realização dos procedimentos necessários. O fechamento da maternidade não era uma obrigação, mas foi um cuidado extremo que a instituição adotou para a limpeza e análises dos níveis de bactérias. Tudo foi feito e a comunidade pode ficar tranquila — garante a médica.
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