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Aos 100 anos, uma das melhores fases

O Sport Club Internacional de Porto Alegre acumula momentos históricos de 4 de abril de 1909 a 4 de abril de 2009.

O Sport Club Internacional de Porto Alegre acumula momentos históricos de 4 de abril de 1909 a 4 de abril de 2009. Em 100 anos de fundação, jogos inesquecíveis e personalidades marcantes criaram a força de um clube que chegou ao topo do futebol mundial em 2006, com a conquista do Mundial de Clubes da Fifa. Mas nem só de alegrias viveu a torcida Colorada, principalmente em parte da década de 1980 e em 1999, quando passou um dos seus piores momentos: o clube esteve ameaçado de ser rebaixado para a Segunda Divisão do Campeonato Brasileiro. O Inter escapou do descenso apenas na última rodada, com um gol do então capitão Dunga sobre o Palmeiras de Luiz Felipe Scolari, no Estádio Beira-Rio. Porém, os gols que não saem da mente da torcida são os mais recentes, os quais deram os principais títulos do currículo alvirrubro, como a Libertadores e o Mundial em 2006, a Recopa em 2007, a Sul-Americana em 2008 e, mais recentemente, o bicampeonato gaúcho – 8 a 1 ante o Juventude, ano passado, e 8 a 1 sobre o Caxias, no dia 19 de abril deste ano. Para o motorista autônomo de Flores da Cunha Alfeu Toscan, 46 anos, os principais foram os que deram o tricampeonato brasileiro (1975, 1976 e 1979). “Minha família havia adquirido uma televisão em 1974. Foi quando comecei a acompanhar mesmo o futebol, principalmente o Inter. Ver Carpeggiani e Falcão jogando era outra coisa”, recorda o torcedor, o qual é associado. Também não sai da memória de Toscan a última vez que esteve no Beira-Rio: em 2007, o São Paulo venceu o Colorado do técnico Abel Braga por 2 a 1, em partida válida pelo Brasileirão. “Depois nunca mais fui ao estádio. Mas um dos meus três filhos vai até hoje para Porto Alegre”, diz o motorista, citando, com orgulho, ser de uma família só de colorados – a mulher, Maria Inês, 47 anos, e os filhos Aline, 24; Diego, 22; e Pedro Henrique, sete anos. “Todos estamos felizes com o time. Este ano do centenário será muito especial”, sentencia.

“Válvula de escape”

Para a dona de casa Mariela Castellan da Silva, 37 anos, a paixão pelo Internacional está diretamente relacionada, infelizmente, à dor da perda. Em 2003, um acidente de trânsito ocorrido em Flores da Cunha vitimou a filha Gabriela, 11 anos. Na época, Mariela não se considerava uma Colorada fervorosa, porém, durante tratamento médico – o qual está em andamento –, encontrou a melhor maneira de se expressar: “Eu precisava de uma válvula de escape. Torcendo, extravaso minhas alegrias”, conta Mariela, casada com o cônsul Colorado em Flores, Jair Antunes da Silva, 34 anos. Eles têm dois filhos: Jackson, 14, e Leonardo, quatro anos. Image Hosted by ImageShack.us
A última vez em que ela esteve no Beira-Rio foi na final da Copa Sul-Americana, dia 3 de dezembro de 2008. “Foi muito bom ver o Inter conquistar mais aquele título, inédito para o país e de forma invicta”, recorda a torcedora. Em casa, ela conta com o apoio do filho mais novo. Jackson, que sonha ser jogador profissional e dar mais alegrias à mãe, treina na escolinha do Juventude, em Caxias do Sul, como meia-atacante. “Meu sonho é vê-lo jogando no Inter”, confidencia Mariela que, entre os itens com o símbolo do time do coração guardados em casa, têm revistas, pôsteres, CDs, camisas autografadas, uma boneca e até uma pantufa. Para este ano, a projeção é otimista: levantar todas as taças que disputar. “O Nilmar e o Taison estão jogando muito. O Nilmar é meu ídolo. Com eles pode dar certo, né, ainda mais no ano do centenário. Tomara que façam muitos gols”, aposta. Gols que, sem dúvida, se forem marcados, jamais sairão da memória da torcedora. Um pouco da história A origem do Internacional está associada a três integrantes da família Poppe: Henrique, José e Luis. Eles chegaram a Porto Alegre em 1908, vindos de São Paulo, e logo abriram uma loja. - Entretanto, não conseguiam ser aceitos como sócios em clubes da Capital. Jovens, com idades entre 20 e 30 anos, eles queriam praticar esportes, de preferência o futebol. Mas o Grêmio, que já existia há seis anos, fechou as portas para eles. E também os clubes de remo, de tiro e de tênis. A desculpa era sempre a mesma: gente recém-chegada, pouco conhecida. - A dificuldade que os Poppe encontraram acabou servindo de motivação para a criação de um novo clube em Porto Alegre, o Sport Club Internacional. Os discursos ouvidos nas reuniões sempre giravam em torno de um princípio importante para os Poppe: democracia. Ou seja, a discriminação não era aceita. Por isso até hoje é conhecido como o Clube do Povo. - O primeiro presidente do Internacional surpreendia pela idade. João Leopoldo Seferim tinha 17 anos quando foi eleito para comandar o clube. - Dois dias após completar 100 anos, o Internacional celebrou os 40 anos da inauguração do Estádio Beira-Rio (dia 6 de abril). Na ocasião, foi apresentado o projeto Gigante Para Sempre, o qual prevê uma reformulação do complexo. - O plano de erguer o Beira-Rio saiu do papel em 1956. Três anos mais tarde foram iniciadas as obras. O estádio foi construído em grande parte com a contribuição da torcida, que doou material de construção. A inauguração ocorreu em 6 de abril de 1969. No jogo inaugural, contra o Benfica de Portugal, Claudiomiro fez o primeiro gol do Inter no estádio. - O Beira-Rio tem capacidade para 56 mil pessoas. O recorde de público foi 106.554 pessoas (Seleção Gaúcha 3x3 Seleção Brasileira, em 17 de junho de 1972).
O motorista Toscan compara atual equipe com a que jogou na década de 1970. - Fabiano Provin
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