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Almas, corações e mãos voluntárias pela fé

Romaria ao Eremitério Frei Salvador reúne anualmente milhares de fiéis, mas para que isso aconteça, muitas pessoas se dedicam para que o evento aconteça. Programação de Corpus Christi se inicia na próxima segunda-feira com o Tríduo

Eles são incansáveis. Sobrou um tempinho durante a semana? Sempre tem alguma coisa para organizar ou deixar em dia. E se o final de semana está tranquilo, uma visitinha ao Eremitério sempre é possível. Assim é a rotina dos 19 florenses que integram a atual Equipe do Frei Salvador, casais e amigos que juntos administram a estrutura física do Eremitério que leva o nome do religioso e tornam viva a romaria organizada anualmente desde 1989 em Flores da Cunha. Há mais de dois meses os voluntários trabalham na coordenação da 27ª Romaria Vocacional Frei Salvador Pinzetta, que ocorre na próxima quinta-feira, dia 4, com as celebrações de Corpus Christi. A caminhada de 2 quilômetros até o local de oração se inicia às 13h30min e deve reunir milhares de romeiros. O Tríduo Preparatório inicia nesta segunda-feira, dia 1º de junho, às 19h30min, no Eremitério.

“Quando avistamos aquela multidão de fiéis que seguem os passos do dom Ângelo durante a romaria é simplesmente maravilhoso. Sentimos uma emoção que não é possível descrever”, emociona-se a voluntária Maria Zim, 56 anos, que acompanhada pelo marido, Luiz Zim, 60 anos, integra a Equipe do Frei Salvador há anos. Com Maria, outros sete casais devotos trabalham para preservar a memória do Frei Salvador Pinzetta.

Além de todo o trabalho de limpeza, organização e reuniões mensais, a equipe de voluntários deixa a área do Eremitério sempre impecável, mantendo a pintura da capela em dia e as flores sempre vistosas. “Apegamo-nos ao Frei Salvador ainda em vida. Ele fez esse local de oração e nós vamos manter até quando formos capazes”, promete Vilso Cecconello, 66 anos, que também conta com a companhia da esposa Lorita, 64 anos, nos trabalhos voluntários.

Trabalho espontâneo
Com as tarefas semanais no Eremitério, os voluntários colecionam histórias de devotos ao Frei Salvador, assim como suas próprias experiências de fé ao religioso ‘florense’, que atualmente passa pelo processo de beatificação levado adiante pelo bispo emérito dom Ângelo Domingos Salvador. É a união dessas forças que a Romaria cresce a cada edição, ganhando sempre mais e mais fiéis. “Os pães são feitos por uma padaria e o valor é quase que integralmente doado por devotos. São cerca de 10 mil pães distribuídos”, conta Maria. “O vinho para o quentão também é todo doado por famílias produtoras. Para a Romaria deste ano não compramos nada de vinho, e contamos ainda com o Grupo Escoteiro Alberto Mattioni que faz e distribui o quentão”, exemplifica Vilso.

Além dos escoteiros, a lista de entidades e pessoas que auxiliam a Romaria é grande. O trabalho voluntário da equipe do Frei Salvador é uma pequena amostra de muitas pessoas que de alguma maneira tornam possível a realização da Romaria, cada um da sua maneira e de forma espontânea. Durante a missa no Eremitério é realizada a bênção da saúde, dos pães, das mudas de hortaliças e de sementes, que são distribuídas aos romeiros, gesto que recorda uma das principais práticas comunitárias de Frei Salvador. Praticamente tudo é proveniente de doações.

Para esses voluntários incansáveis, a recompensa é simples. Ver o local que cuidam com tanto zelo tornar-se cada vez mais um espaço de orações e pedidos por graças. “Conheci o frei quando ainda era muito jovem, o vi rezando aqui, em meio às árvores. No início tinham alguns degraus com pedras e terra e a imagem de Nossa Senhora. Fomos construindo as escadas, depois as alargamos para ter mais espaço, fizemos banheiros improvisados até que iniciamos a construção da capela. E a própria construção da igreja teve a doação de muitas pessoas. Ver a Romaria crescer a cada ano é a nossa recompensa”, garante o voluntário Olir Bergozza, 64 anos.


Novidade após a Romaria

Na 27ª Romaria do Frei Salvador, além da partilha dos pães, mudas e sementes, haverá a distribuição de um opúsculo (pequena obra literária) intitulado Doze Dias com Frei Salvador para alcançar graças e milagres. “Faremos a distribuição desse material neste ano e pretendemos fazê-lo nos próximos também. É um livro onde os fiéis são orientados a pedir a Deus 12 graças, por intercessão de Frei Salvador. Cada dia, após uma reflexão sobre a graça a ser pedida, é oferecida uma oração apropriada”, explica dom Ângelo Domingos Salvador.

Os restos mortais de Frei Salvador Pinzetta estão na Igreja Matriz Nossa Senhora de Lourdes desde 1989. No local está sempre disponível um livro onde cada fiel pode escrever seu pedido. “Temos guardados 24 livros repletos de pedidos e agradecimentos ao religioso. Quem sabe para a próxima Romaria teremos um memorial dedicado a ele, onde serão guardados os livros, os ex-votos e todas as provas de seus milagres já realizados”, planeja dom Ângelo.

Foto/Arquivo O Florense

Mais de 8 mil pessoas participaram do cortejo de 2014.


Missas mensais são realizadas no Eremitério

O Eremitério do Frei Salvador está sempre aberto para quem quer dedicar um tempo para orações, pedidos ou agradecimentos ao religioso. São celebradas missas mensais na capela – todo segundo domingo do mês, com o terço às 14h30min e missa às 15h. O segundo sábado de cada mês é o de trabalho, quem quiser ajudar é sempre bem-vindo. “O trabalho que fizemos é com amor e de coração. Ver as pessoas chegando aqui para fazer um pedido importante, deixando o Eremitério um local de oração e veneração é nosso maior pagamento”, reconhece Maria.

O trabalho voluntário de cada um, que ajuda como pode, é uma forma de solidificar a fé. Tornar um sentimento tão puro em ações. “Viver aqui é muito bonito, pedimos também sempre pela saúde, amor, amizades e quando é por Frei Salvador, sentimos que a cidade toda tem um carinho muito grande”, valoriza o voluntário Luiz Zim.

A Equipe Frei Salvador é formada pelos presidentes Luiz e Maria Zim; pelos vices Vilso e Lorita Cecconello; pelos tesoureiros Jair e Marines Carlim; e pelos integrantes Olir e Lidia Bergozza, Hilário e Lurdes Bassanesi, Luiz e Iracema Bassanesi, Abel e Nice Menegon, Danilo e Ivete Moresco, Helena Pasticelli, Silvio Garibaldi e Carmem Cioato Lima.


Um local em transformação e sempre de oração

Quando Frei Salvador se deslocava até o espaço onde hoje está o Eremitério, a oração era sempre uma companheira. O terreno era como uma grande horta dos freis. Ali eram plantados milho, trigo, batata, entre outros alimentos. Do espaço em meio à roça, surgiu um local de oração, onde em 1957 foi construído o Monumento em Honra a Nossa Senhora de Fátima, uma iniciativa do frei Agostinho Bizotto. Frei Salvador, zelador dos noviços no trabalho, exigia muita oração e silêncio. Os noviços encostaram pedras e lajes ao longo da subida da colina, aplainaram os degraus e a imagem de Nossa Senhora de Fátima, adquirida em Caxias do Sul, finalizou o monumento.

Diariamente o local era de oração e, desde então, passaram-se mais de 50 anos e hoje o Eremitério está bem diferente, mas mais do que nunca é um local dedicado a preces. Ganhou estrutura física e atualmente é palco de uma das celebrações religiosas mais autênticas de região, a Romaria Vocacional Frei Salvador Pinzetta. A Igreja Nossa Senhora de Fátima do Eremitério começou a ser construída em 2004 e foi inaugurada em setembro de 2008.

Em 1987 um encontro de casais vocacionais da paróquia reuniu-se e dali Frei Salvador surgiu como o “promotor vocacional da paróquia”, segundo descreve o Livro Tombo, em pesquisa de dom Ângelo Salvador. Com isso, uma primeira caminhada em homenagem ao Frei Salvador foi realizada em 1987, que seguiu até o Cemitério Público, onde estavam os restos mortais do religioso. Uma segunda caminhada foi feita no ano seguinte e, em 1989, com a exumação de Frei Salvador, sendo transladado para o interior da Igreja Matriz, teve início a 1ª Romaria ao Frei Salvador, que seguiu em procissão até o Eremitério.

Na caminhada cerca de 100 pessoas participaram, número que se multiplicou na 1ª Romaria, que registrou cerca de 3 mil fiéis. Na edição do ano passado, mais de 8 mil romeiros seguiram do Centro de Flores da Cunha até o Eremitério. Frei Salvador nasceu no dia 27 de julho de 1911 e faleceu em maio de 1972, após um derrame cerebral, aos 61 anos de idade.

Beatificação
A cada mês, o processo de beatificação e canonização de Frei Salvador avança um passo. A próxima etapa, de acordo com o bispo emérito dom Ângelo Domingos Salvador, ocorrerá em junho. Nessa fase, o relatório com 689 páginas sobre a vida e as virtudes do religioso será impresso pelo relator nomeado pelo Vaticano, frei Vincenzo Criscuollo, e entregue aos membros da Congregação das Causas dos Santos. Serão eles que passarão a analisar a vida de Frei Salvador. “Cada membro irá ler e verificar se ele teve uma vida virtuosa. Se aprovado, farão uma assembleia e o religioso passa a ser tratado como venerável”, explica dom Ângelo.

Todo esse processo de leitura e análise não tem data definida para finalização. “Vai depender do tempo deles, porque existem mais de 3 mil causas em análise. Eu espero e desejo que neste ano de 2015 consigam fazer a assembleia plenária e analisar, mas estamos bem avançados no processo”, diz dom Ângelo.

O processo de beatificação e canonização de Frei Salvador se iniciou em 1977, mas ficou um longo tempo parado, tendo sido retomado em 2011, quando foi aberto e enviado para a Itália o Inquérito Diocesano sobre a vida do frade. Aprovado sob o ponto de vista jurídico, o processo entrou na Fase Romana – etapa atual de leitura e análise do documento pelos integrantes da Congregação das Causas dos Santos.

Foto/Divulgação

Cerca de 2 toneladas de serragem foram tingidas na última semana.


Tapetes retratam os 140 anos da imigração italiana

Há 51 anos Flores da Cunha reúne centenas de voluntários que trabalham para que a fé ganhe uma demonstração também por meio dos tapetes feitos com serragem colorida que circundam a Praça da Bandeira e encantam até mesmo quem é florense e está acostumado a ver as peças. Para as celebrações do Corpus Christi deste ano, de 4 a 7 de junho, os trabalhos se iniciam na manhã da próxima quarta-feira, dia 3 de junho, dando o trânsito será bloqueado e forma e cor serão dadas aos mais de 900m² de tapetes ornamentais que enriquecem a solenidade de fé que é a procissão do Corpo de Jesus – o Santíssimo Sacramento. A missa campal no feriado, dia 4, será às 9h30min. Em 2015 os desenhos confeccionados com serragem terão como tema os 140 anos da chegada dos primeiros imigrantes italianos ao Rio Grande do Sul.

Para isso, há semanas servidores da prefeitura trabalham na pintura da serragem. O trabalho é manual e o material é doado por madeireiras de São Francisco de Paula e Cambará do Sul. Segundo a prefeitura, cerca de 2 toneladas foram pintadas e serão utilizadas no trabalho do Corpus Christi. Tanto trabalho tem como consequência um turismo religioso que ganha admiradores, mas que tem como objetivo principal a fé a Deus e Cristo.

O pároco de Flores da Cunha, frei Valdivino Salvador, lembra que para a Igreja, o Corpus Christi – ou Corpo de Cristo, é uma manifestação pública da fé em Jesus Cristo, presente na Santíssima Eucaristia. “É um dia de veneração, adoração e que se percebe que Jesus Cristo, presente na Eucaristia, é alimento na caminhada da fé”, valoriza.

Além dos 140 anos da colonização italiana, os tapetes por onde a Santíssima Eucaristia irá passar retratarão o tema da Campanha da Fraternidade 2015, Eu vim para servir, com a ideia de aprofundar, a partir do Evangelho, o diálogo e a colaboração entre a Igreja e a sociedade como serviço ao povo brasileiro. “A nossa expectativa, como todos os anos, é muito boa. Fizemos uma divulgação em paróquias de cidades vizinhas, mandando material para cada comunidade. Contamos com a colaboração do tempo tanto na quarta-feira, dia do trabalho nos tapetes, quanto para as celebrações religiosas”, comenta frei Valdivino.

O Secretário de Turismo, Indústria, Comércio e Serviços, Everton Scarmin, destaca que de 10 a 15 mil católicos devem participar da programação em Flores da Cunha. “Até o domingo, dia 7, esperamos ainda mais visitantes. Temos as atrações do Dio do Vinho e neste ano estamos aproveitando que Flores da Cunha é um dos berços da imigração italiana para levar aos tapetes a saga dos imigrantes”, completa Scarmin.


Programação

1º a 3 de junho – Segunda a quarta-feira
19h30min – Tríduo Preparatório, no Eremitério do Frei Salvador.

3 de junho – Quarta-feira
– Confecção dos tapetes de serragem no entorno da Praça da Bandeira (Avenida 25 de Julho e ruas John Kennedy, Borges de Medeiros e Dr. Montaury).

4 de junho – Quinta-feira, feriado de Corpus Christi
9h30min – Missa em frente à Igreja Matriz, com procissão de Corpus Christi e bênção do Santíssimo Sacramento.
12h – Almoço partilhado no salão paroquial.
13h30min – Início da caminhada ao Eremitério do Frei Salvador, com Missa dos Romeiros e bênção da saúde e dos pães. Haverá distribuição de mudas de hortaliças e plantas.
– Todo o dia: na Praça da Bandeira, show com o pianista Rodrigo Salton e comercialização de produtos coloniais e chocolates.
– Visitas e informações: o Museu e Arquivo Histórico Pedro Rossi estará aberto das 9h às 17h, sem fechar ao meio-dia. No sábado e domingo, dias 6 e 7, o espaço também estará aberto. Na sexta, dia 5, o horário é normal, das 8h às 11h30min e das 13h às 17h30min.

Em Otávio Rocha
Dia 4 – O chamado Longo Tapete, confeccionado no entorno da Praça Regional da Uva pelas comunidades da paróquia, será preparado pela manhã.
15h – Missa na Igreja de São Marcos com adoração e bênção ao Santíssimo Sacramento e, após, procissão sobre o Longo Tapete.

Em Mato Perso
10h – Missa na Igreja de Santa Juliana, seguida por procissão nos tapetes confeccionados no templo.

Em Nova Pádua
9h – Missa na Igreja Matriz de Santo Antônio, seguida por procissão com o Santíssimo pelas ruas centrais da cidade.


Parte do grupo que atua no Eremitério: atrás, Vilso Cecconello, dom Ângelo Salvador e Olir Bergozza; à frente, Lorita Cecconello, Maria Zim e Luiz Zim. - Camila Baggio
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