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Alfredo Chaves: A escola, um pilar perdido

Professor Benedetto Ferrarini lembra da importância da Escola São João para a comunidade e arredores

Natural de Nova Pádua, no Travessão Paredes, Benedetto Ferrarini construiu sua história em Alfredo Chaves. Hoje, residindo no Centro de Flores da Cunha, ele conta que foi morar em Alfredo Chaves por causa da escola, onde lecionou por muitos anos, e também porque conheceu sua esposa, que era de lá. “Fui professor 34 anos, 7 meses e 13 dias, na escola do Alfredo, além de trabalhar na Escola São Rafael e também na Escola Luiz Gelain, em Nova Pádua”, lembra Ferrarini. As datas, ainda precisas na memória, levam Ferrarini ao dia 24 de julho de 1954, quando assumiu como professor na Escola de Alfredo Chaves. 
“Aquela escola era uma escola rural, e na época vinham trabalhar lá professores que se formavam em Osório e Ana Rech e iam para o interior. A escola tinha moradia, e como diretor eu tinha direito de morar na escola”, conta. 
Hoje a escola está em ruinas. Desativada desde 2007, há 14 anos, Benedetto sente uma perda gigantesca para a comunidade. “Creio que a escola, a igreja e a família é o tripé que sustenta uma comunidade, e não ter a escola falta uma parte deste tripé”, declara o professor que ainda revela: “A escola era um centro, porque em toda a região havia na época apenas escolas até a 4ª série. Mas, para fazer o exame de admissão, tinha que fazer a 5ª série” – o exame de admissão era feito para entrar no Ginásio (6ª série em diante). “Em 1958 foi introduzida a 5ª série no Alfredo. Então havia muitos alunos da redondeza que vinhamestudar lá. Por isso o Alfredo era conhecido na região”, diz.
Além de fazer parte da história da educação na comunidade, Benedetto também foi muito participativo na igreja e no esporte. “Lá é um lugar muito bom de morar, tanto pelo clima como pela comunidade, pelas pessoas, pelo trato. Eu participei muito da igreja, do coral, e a comunidade correspondia sempre participando das cerimônias religiosas. No futebol também: eu fui o fundador do time do Alfredo, o Esporte Clube Ipiranga, Fui o fundador, primeiro secretário, fui jogador, técnico e ganhamos alguns títulos”, relata Benedetto, com muita felicidade, enaltecendo que o esporte era o principal divertimento da comunidade. “As comunidades se encontravam. Quando havia missa, o centro era a missa, mas de tarde o povo se reunia no salão para jogar carta. O futebol era mais um motivo de encontro, criar amizades, conversar. Havia também o jogo de bochas”, informa.
"Alfredo me deu muitas oportunidades. Devo muito à comunidade que me incentivava para que de fato os alunos aprendessem, e depois de muitos anos, ainda hoje, me reconhecem”, finaliza. 

Uma escola para Nova Veneza*

Com a inesperada instalação da paróquia noutra localidade, ficou o prédio da casa canônica desocupado. A outra grande preocupação dos empreendedores moradores do local era a instrução de seus filhos.
Com a Proclamação da República em 15 de novembro de 1889, houve significativos avanços educacionais no país. Há de se levar em conta também, que em 1890, com  a criação do município de Caxias do Sul/RS, inicia-se a implementação do quadro administrativo local. Dentre muitas, pode-se destacar a preocupação com a instalação de escolas nas principais vilas do novo município.

A escola São João e o Núcleo Escolar Rural 31 de Março

Girolamo Mioranza e os amigos Valentin Grazziotin e Rissieri Bellincanta, antigos proprietários dos lotes coloniais nº 16 e 18, doaram no ano de 1949 cada qual um hectare de terra para que o poder público estadual construísse na localidade uma ampla escola.
A obra foi inaugurada no ano de 1951 e a escola passou a denominar-se Grupo Escolar São João, criado pelo Decreto Estadual nº 1.786 de 29 de janeiro de 1951. Com ótimas acomodações (dois quartos, cozinha, banheiro, despensa, uma grande sala de aula e banheiros para meninos e meninas) e residência para o professor, além de disponibilização de ensino até o 5º ano escolar, passou a receber alunos oriundos de toda a redondeza, especialmente das escolas dos Travessões Acioli, Serro Largo, Serro Grande e Paredes e da Capela São Judas Tadeu, que dispunham de escolaridade somente até o 4º ano.
O professor Benedetto Ferrarini, nomeado em 23 de julho de 1954, assumiu a regência da escola e orientou a conclusão das obras de ampliação da mesma (março/1962), que passou a contar com uma sala para a direção e mais uma sala de aula.
Em 12 de maio do ano seguinte, a escola passou a denominar-se Escola Rural de 1º Grau Incompleto São João. A partir de então, passou a receber alunos que procuravam a escola para concluir o 5º ano escolar.
Em 31 de dezembro de 2007 foi declarado o encerramento das atividades da Escola Estadual de Ensino Fundamental São João. No ato a escola atendia a um aluno de 1ª série, quatro alunos da 3ª série e dois alunos da 4ª série. Estes alunos foram transferidos para a Escola Municipal de Ensino Fundamental Rio Branco situada na Linha 100, Travessão Felisberto da Silva, três quilômetros distante; e para a Escola Estadual de Ensino Médio Luiz Gelain, na sede de Nova Pádua/RS, a dois quilômetros de distância.

* Recorte do livro 125 Anos de Colonização do Travessão Alfredo Chaves

 - Pedro Henrique dos Santos
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