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Agroindústria é ampliada no Travessão Carvalho

Solenidade na Doces Silber teve a presença do secretário estadual de Desenvolvimento Rural, Ivar Pavan

O secretário do Desenvolvimento Rural, Pesca e Cooperativismo (SDR-RS), Ivar Pavan, inaugurou no interior de Flores da Cunha a ampliação da agroindústria Doces Silber, dos empresários Maria Aparecida Silva Bernardi e Luiz Bernardi. No município, seis agroindústrias integram o Programa Estadual de Agroindústrias, e outras buscam a formalização e também a certificação do Selo Sabor Gaúcho. O ato ocorreu no dia 19 de dezembro.

Acompanhado do diretor do Departamento da Agroindústria da SDR-RS, Ricardo Fritch, e do prefeito Lídio Scortegagna (PMDB), entre outras autoridades, Pavan disse que 1.640 agroindústrias integram o Programa Estadual. “Tenho a convicção de que o futuro da agricultura familiar é este, produzir alimentos prontos. Desafiamos os agricultores a produzir, agregar valor e comercializar. Mas não apenas isso, nós os apoiamos por meio das nossas políticas públicas. Elas incentivam os agricultores a crescer, a investir com a certeza de retorno”, discursou.

Segundo Pavan, a família Bernardi é um exemplo a ser seguido. “Hoje um dos desafios da agricultura é manter os jovens no campo e aqui vemos na prática como mantê-los no campo. Acredito que o jovem fica no meio rural e se empenha no trabalho rural quando ele percebe um futuro e quando ele vê o trabalho na agricultura semelhante ao que é oferecido na cidade. E aqui, nesta agroindústria, percebemos isso, que os filhos perceberam que aqui existe uma indústria, que gera renda, mas com algumas vantagens. Entre elas a melhor qualidade de vida e segurança”, pontuou o secretário estadual.

No final de novembro a empresária Maria Aparecida recebeu a placa de prata na categoria Produtora Rural dentro do prêmio Mulher de Negócio, promovido pelo Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae-RS). O objetivo do projeto é identificar, selecionar e premiar os relatos de vida de mulheres empreendedoras de todo o país. Há oito anos a proprietária do empreendimento decidiu investir na plantação de mirtilos, ideia inovadora na época. Em uma área de 1,5 hectare a família plantou 3,2 mil plantas com sistema de irrigação.

O plano era ganhar dinheiro com a venda da fruta in natura. Três anos após houve a primeira colheita, que rendeu 2 mil quilos. Ao tentar colocar o produto no mercado Maria Aparecida percebeu que a realidade era bem diferente do que havia imaginado. Para decepção da família, a fruta não era conhecida no mercado e a aceitação não foi satisfatória. Na busca de uma solução para o problema, a agricultora teve a ideia de montar uma agroindústria.

Inicialmente, Maria Aparecida começou a produzir geleias de mirtilo, que eram doadas às amigas ou vendidas a preços simbólicos. Aos poucos os doces ficaram conhecidos e a procura aumentou. Após, veio a orientação da Emater-RS, do Sindicato dos Trabalhadores Rurais (STR) e da SDR-RS, bem como a capacitação para o processo de fabricação das compotas, realizada no Centro de Treinamento de Fazenda Souza (Cefas), em Caxias do Sul, onde recebeu apoio da Federação dos Trabalhadores na Agricultura do Estado (Fetag) para a participação em diversas feiras. Atualmente a produção da Doces Silber é de 6 mil quilos (metade vai para uma rede supermercadista e, o restante, é industrializada em forma de geleias).

Saiba os passos para iniciar uma agroindústria

Existem regras para a criação de uma agroindústria familiar. Para ingressar no programa pstadual, os agricultores devem estar inscritos na Secretaria da Fazenda (Sefaz-RS) como microprodutores rurais e terem a Declaração de Aptidão ao Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar (Pronaf). Para isso, devem obrigatoriamente produzir no mínimo 80% da matéria-prima, com exceção dos produtores de farináceos. Além disso, não podem ser proprietários ou sócios de empresa jurídica e devem vender, no máximo, R$ 194 mil por ano, entre produtos in natura e industrializados. A propriedade não pode exceder a quantidade de quatro módulos fiscais, o que na Serra representa 48 hectares.

Quanto aos aspectos higiênico-sanitários, as agroindústrias familiares devem obedecer às normas dos Serviços de Inspeção, seja estadual ou municipal, quando se tratar de produtos de origem animal (queijos, embutidos, mel e ovos). No caso de produtos de origem vegetal, as normas a serem obedecidas são as da Secretaria Estadual de Saúde.

O Centro de Treinamento de Fazenda Souza (Cefas), em Caxias do Sul, sugere que os interessados em financiamentos do Pronaf procurem assistência técnica em órgãos como a Emater-RS ou sindicatos rurais, que poderão indicar o projeto mais adequado. A ideia de promover a legalização e a organização das agroindústrias familiares nasceu dentro do Conselho Regional de Desenvolvimento da Serra (Corede-Serra) em 1992. O Programa de Agroindústrias do Corede-Serra ganhou adeptos e, em 1996, por meio do Polo de Modernização Tecnológica, originou o Cefas, no distrito de Fazenda Souza, em Caxias. Criado com o objetivo de capacitar os agricultores, técnicos e trabalhadores em agroindústrias em tecnologias voltadas ao processamento da matéria-prima produzida na sua propriedade, o Cefas é coordenado por quatro instituições: a prefeitura caxiense, a Universidade de Caxias do Sul (UCS), a Emater-RS e a Federação Estadual de Pesquisa Agropecuária (Fepagro).

Atualmente, o Centro realiza cursos de processamento de frutas e hortaliças e estudo de mercado (módulos doces e salgados), processamento artesanal de laticínios (módulos 1 e 2) e boas práticas de fabricação. O Cefas também está credenciado a realizar cursos de Boas Práticas de Fabricação, o que é uma exigência dos coordenadores do Programa de Agroindústria Familiar, para que o interessado possa se inscrever no mesmo; e de gestão de agroindústria.
O Cefas tem infraestrutura com alimentação e hospedagem. Inscrições podem ser feitas pelo e-mail capelli@emater.tche.br ou pelo telefone (54) 3223.5633, no escritório regional da Emater-RS.


A empresária Maria Aparecida (ao centro) com seus familiares e funcionários e com o secretário Pavan e o prefeito Lídio, entre outras pessoas. - Prefeitura de Flores da Cunha/Divulgação
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