Agricultores celebram a chegada da primavera
Nova estação, que tem início nesta terça-feira, dia 22, mexe com a expectativa dos produtores rurais
Enfim, a primavera. A chegada da estação, que ocorre nesta terça-feira, dia 22, é aguardada com ansiedade pelas pessoas, pois as paisagens enchem-se de cor e as ruas, campos e parques ficam mais alegres e bonitas. Para os produtores rurais de Flores da Cunha não é diferente, já que é a época em que brotam as principais culturas do município – e o trabalho feito no inverno e no outono começa a dar resultados. Mas junto com as culturas, vêm também as expectativas.
De acordo com o engenheiro agrônomo da Emater-RS, Raul Lopes Dalfolo, a expectativa entre os agricultores para a safra deste ano é boa. A principal preocupação agora é com a geada que ocorreu nesta segunda-feira, dia 21, e que queimou alguns brotos. “O frio intenso causa sérios danos às culturas perenes. No mês passado, a geada afetou produtores de pêssego e ameixa, principalmente na região de Mato Perso”, afirma Raul.
O frio também preocupa o agricultor Nediomar Cecco, 44 anos, da Linha 60, que cultiva uma grande variedade de hortifrutigranjeiros. Um dos produtos com que ele trabalha, a beterraba, teve seu preço reduzido para menos da metade nos últimos tempos: antes comercializado a R$2,50/kg, agora o produto é vendido por cerca de R$ 0,95/kg. “As vendas estão ruins devido à pandemia. Não há restaurantes e colégios abertos”, conta Nediomar.
Quanto à uva, principal cultura do município em fase de brotação, as primeiras impressões são as melhores possíveis. “Já dá pra ver que ela está desenvolvendo bem, tem uma boa quantidade de cachos, a previsão é que vai ser uma safra boa, se nos mantermos livres de geadas”, projeta o agricultor.
A longo prazo, a preocupação é a influência do fenômeno La Niña, que teve início na sexta-feira, dia 11. Para o evento entrar em atividade, é necessário que o Oceano Pacífico se resfrie por um longo período de tempo. O mês de setembro já é o nono consecutivo em que as águas do Pacífico permanecem mais geladas do que o normal. A previsão da Organização Meteorológica Mundial (OMM) é de que o La Niña dure até o mês de novembro, mas seja de baixa intensidade.
Para o sul do país, a principal consequência do evento climático é a falta de chuvas. Em 2019, a seca já foi um problema para os agricultores da região de Flores da Cunha. Uma delas foi Marci Schiavenin, 48, de Monte Bérico, cuja família trabalha com uvas, morangos e tomates. “No ano passado, nós plantamos tomates, mas tivemos que desistir porque não tivemos água suficiente. Tivemos que escolher entre o morango e o tomate”, conta a Marci.
A preocupação para a safra deste ano são as chuvas de granizo, porque a família trabalha com parreiras descobertas. Já o açude da propriedade foi ampliado, o que ajudará no armazenamento de água: “Mesmo se a seca vier, nós teremos a quantidade de água que precisamos”, afirma Marci.
A ampliação do açude contou com a ajuda da Secretaria Municipal da Agricultura e Abastecimento, que apoiou a iniciativa com subsídios e as máquinas necessárias. De acordo com a secretária Stella Pradella, o município se dispõe a auxiliar os agricultores, desde que eles tenham licenciamento ambiental, tanto na implementação de parreirais ou na terraplanagem de aviários, quanto na limpeza e ampliação de açudes. “Nós conseguimos ajudar com 20 horas/máquina por ano para cada agricultor. Mas reforço: é preciso que eles tenham a licença”, afirma Stella.
Mesmo com possíveis dificuldades, o cenário é promissor para a safra 2020/21, segundo a Secretaria. “De uma maneira geral, podemos dizer que a estimativa é boa. Tudo indica que, se o tempo colaborar conosco, vamos ter sim uma safra muito boa”, projeta a secretária.
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