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O êxodo rural é uma preocupação que ronda diversas famílias. Mas você sabia que ações inversas também acontecem? Na família Bettiol Ribeiro, os irmãos Rafael, 34 anos, e Rodrigo, 28, largaram sua formação de administradores para se aventurar no campo.

Moradores de Caxias do Sul, a família Bettiol Ribeiro possuía terras em Flores da Cunha praticamente abandonadas, as quais pertencem ao avô Wilson Bettiol, que se mudou para a cidade vizinha com os filhos ainda pequenos. “Meus avós e meus pais sempre trabalharam na cidade. Minha mãe é professora e meu pai metalúrgico e sempre fomos incentivados a fazer faculdade e trabalhar em empresas”, conta Rafael, que até pouco tempo trabalhava na parte comercial de uma grande empresa caxiense.

“Há uns anos atrás eu e meu irmão nos tornamos vegetarianos. Sempre trabalhei pensando em sustentabilidade, na alimentação, visitei outros países e fui me transformando aos poucos. Víamos também uma instabilidade no mercado de trabalho e fomos rabiscando algumas ideias”, afirmam os irmãos. Junto com o primo Israel Costa Bettiol, 28 anos, formado em engenharia mecânica, lembraram das terras do avô e começaram a pensar em produzir vegetais totalmente sem agrotóxicos e que os auxiliassem na boa alimentação. “Iniciamos a plantação de shimeji – espécie de cogumelo – onde analisamos que haveria um campo bem grande de atuação. Assim também conheceríamos melhor a cultura e teríamos acesso a vários alimentos que antes eram mais difíceis de encontrar”, contam.

Sem nenhuma noção de como trabalhar na terra, os irmãos foram em busca de cursos e aperfeiçoamentos, e, desde março de 2018, criaram a empresa Broto, localizada no bairro São Cristóvão, na Estrada Velha – próximo a divisa com Caxias do Sul.

“Muitas pessoas não sabem mais o que é um alimento natural e estamos buscando isso. Construímos uma estufa, com a ajuda do nosso avô – que inclusive está muito feliz em voltar para as suas terras – e estamos ainda aprendendo muita coisa”, afirmam. Conforme os novos agricultores, a produção do cogumelo iniciou em outubro do ano passado e desde janeiro começaram a participar de feiras e entrar no mercado. Com as temperaturas mais baixas, os jovens estão percebendo algumas dificuldades, mas querem dar os próximos passos. “Somos curiosos e queremos fazer a diferença. Não foi fácil largar tudo. Tivemos muita ajuda da nossa família, inclusive para fazer os primeiros investimentos”, pontuam. Os jovens também cultivam outros alimentos, como gengibre, batata doce, feijão e temperos.

A propriedade ainda não tem luz elétrica, mas com a motivação e a força de vontade dos Bettiol Ribeiro muita história ainda está por vir. Quem quiser conhecer mais o trabalho dos irmãos podem acessar @vivabroto (Facebook ou Instagram).