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Acidentes matam uma pessoa a cada 17 dias na região

Ministério do Trabalho e Emprego de Caxias do Sul quantificou, desde o início do ano, 12 óbitos em seis cidades da Serra, incluindo Flores da Cunha. Nesta semana, um homem morreu em Flores e um florense perdeu a vida numa obra em Farroupilha

Dois acidentes de trabalho em menos de 50 horas deixaram duas pessoas mortas na Serra nesta semana. O primeiro caso foi registrado em um pavilhão em construção em Flores da Cunha, próximo à sede da Associação Atlética Banco do Brasil (AABB), na tarde de segunda-feira, dia 25. A vítima foi o montador João Miguel Claro de Lima, 32 anos. Em Farroupilha, o florense Jader Folchini Zanatta, 18 anos, perdeu a vida eletrocutado na quarta, dia 27.

De acordo com o presidente do Sindicato dos Trabalhadores das Indústrias da Construção Civil e do Mobiliário de Flores da Cunha e Nova Pádua, Adauto Souza Lima, o Maranhão, Miguel trabalhava em Flores por uma empresa terceirizada de Bento Gonçalves. Na ocasião, o operário estaria soldando uma peça de metal numa altura de 22 metros, quando caiu. A vítima foi encaminhada ao Hospital Fátima, onde chegou sem vida. Segundo Maranhão, Miguel era natural de Fontoura Xavier, cidade do Vale do Taquari.

Dois dias depois outro acidente vitimou Jader Folchini Zanatta. Ele morreu após receber uma descarga elétrica de um fio de alta tensão enquanto trabalhava em um prédio em construção no Centro de Farroupilha. O rapaz teria levado o choque após encostar uma barra de alumínio que utilizava na obra nos fios da rede elétrica da Rua Coronel Pena de Moraes. Zanatta estava a trabalho para uma empresa de esquadrias de Flores da Cunha, onde residia. O velório acontece nas Capelas Santo Antônio. O sepultamento está marcado para as 9h de hoje, dia 29, no Cemitério Público florense.


Número de acidentes fatais assusta na região
De janeiro até quarta-feira, dia 28, foram registradas 12 mortes em canteiros de obras de São Marcos, Vacaria, Caxias do Sul, Veranópolis, Bento Gonçalves e Flores da Cunha - média de uma morte a cada 17 dias. O gerente regional da unidade do Ministério do Trabalho e Emprego (MTE) de Caxias do Sul, Vanius Araújo Corte, destaca que a grande maioria das obras visitadas são embargadas total ou parcialmente com problemas na segurança dos trabalhadores. “A fiscalização é constante, mas com o crescimento de obras é mais difícil ter um controle. Por isso tantas mortes na construção civil. Flores da Cunha infelizmente não foge à regra: a maioria das obras, quando fiscalizadas, são embargadas”, destaca o gerente.
Corte enfatiza que dois aspectos são os mais observados em vistorias: a legalidade de contratos de trabalho e o cumprimento das normas de segurança. “Quando o risco apresentado pelo trabalho é grave, a obra é parada e alguns equipamentos podem ser interditados até que seja feito o pedido de desembargo”, explica. A unidade caxiense é responsável pelas fiscalizações de pelo menos 43 municípios.

Os principais motivos dos óbitos, segundo Corte, são as quedas de empregados, como foi um dos casos ocorridos nessa semana. Ele enfatiza que com simples proteções coletivas como os chamados linha da vida (cabo que prende o trabalhador) e o trava-quedas (proteção no entorno do prédio), os acidentes e mortes reduziriam em 80%. “São proteções simples e baratas que resolveriam a grande maioria de óbitos e acidentes”, aponta Corte.

Atualmente, tanto no Brasil quanto em países desenvolvidos, a construção civil se destaca como um dos setores mais problemáticos no que diz respeito aos acidentes de trabalho. No país, o setor é o quarto maior gerador de acidentes fatais em termos de frequência. De acordo com as estimativas da Organização Internacional do Trabalho (OIT), dos aproximadamente 355 mil acidentes mortais que acontecem anualmente no mundo, pelo menos 60 mil ocorrem em canteiros de obras.

Cuidado pode evitar acidentes
- Um operário sem trava-quedas nem linha da vida (cabo-guia) para fixação de cinto de segurança corre o risco de queda iminente.
- Ventos fortes de até 100 km/h, agindo nas laterais de um edifício, formam espirais que tiram a estabilidade do andaime. Sem trava-quedas ou cinto, o operário é pego de surpresa e pode despencar do equipamento.
- Edifícios sem guarda-corpo nas bordas de laje é certeza de queda de trabalhador. Esta é uma das principais causas de morte nos canteiros.
- O vão do elevador deve estar totalmente protegido por tela ou cancelas. A queda é quase sempre motivada por desatenção.
- A parte elétrica também deve receber atenção. É grande o número de mortes de trabalhadores motivadas por descargas elétricas de contato com material metálico, como uma barra de aço, canos ou ferramentas de metal. O trabalho próximo de redes de alta tensão exige medidas especiais de segurança.
- Além da proteção mecânica contra impactos sobre os pés, a bota é isolante, impedindo a morte por choque elétrico ao se pisar em um fio desencapado, por exemplo.
- O uso dos Equipamentos de Proteção Individual (EPI) é obrigatório e destinado à proteção de riscos suscetíveis de ameaçar a segurança e a saúde no trabalho. A empresa é obrigada a fornecer ao empregado, gratuitamente, EPI adequado ao risco e em perfeito estado de conservação.

Fonte: Organização Internacional do Trabalho (OIT)


Caso mais recente vitimou o jovem Jader Folchini Zanatta, que morreu eletrocutado enquanto manuseava uma barra de alumínio. - Jornal O Farroupilha / Divulgação
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