Abatedouro florense cresce e estimula a produção regional
Granja Menegon ampliou a produção em 25% somente no último mês e agora abate 50 mil frangos por semana. Para atender à demanda, houve a necessidade de alojar mais frangos e a empresa buscou parceria com oito produtores de Nova Pádua e Flores da Cunha, favorecendo o crescimento do setor
A agricultura em Nova Pádua representa quase 75% do Produto Interno Bruto (PIB), sendo responsável por uma arrecadação de R$ 51 milhões em 2011. Das culturas compreendidas neste segmento, um dos destaques é a avicultura, que ocupa o primeiro lugar no ranking de participação no município, correspondendo por 39,8% da arrecadação. Conforme dados municipais, em 2011 foram criados 12,7 milhões de quilos de aves, o que significou uma arrecadação de R$ 20,6 milhões. Em 2010, os números foram melhores no que se refere à produção, sendo registrados 14,5 milhões de quilos. Contudo, a arrecadação foi menor e girou em torno de R$ 16,3 milhões.
Dada a importância do segmento avícola para a economia paduense, o fato de que nos últimos quatro anos uma quantidade considerável de criadores de aves tem enfrentado dificuldades e, inclusive, encerrado suas atividades, existe a preocupação de autoridades do município e, principalmente, de quem depende da atividade. De acordo com a Secretaria de Agricultura paduense, em 2009 existiam 75 aviários em Nova Pádua. Em quatro anos houve uma redução de 46,6%. Hoje apenas 40 estão registrados junto à prefeitura.
Oportunidade
Em setembro de 2012 o produtor Hélio Pan, 55 anos, do Travessão Divisa, levou o que considera “o maior susto da vida”. Depois de aproximadamente 40 anos alojando frangos para a Pena Branca de Caxias do Sul, empresa adquirida em 2008 pela Seara Alimentos (Grupo Marfrig), ele teve o contrato rescindido de imediato, sem aviso prévio. Em 2011 a família havia iniciado uma série de investimentos para adequar os três aviários que tem às exigências normativas do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa). “Tínhamos investido uns R$ 100 mil em um dos aviários para adequar às exigências da Seara. Colocamos tudo abaixo e construímos um novo, respeitando os itens. Fizemos empréstimo no banco para pagar. Também iniciamos uma série de melhorias nos outros dois aviários e no entorno da propriedade, como a construção de escritório e banheiro. O investimento foi alto”, relata o produtor.
Conforme Pan, depois que o aviário estava pronto ele alojou mais quatro lotes de frangos até receber o comunicado da Seara de que o contrato estava encerrado. “No dia 18 de setembro de 2012 eles carregaram a última leva de aves. Recebemos uma quantia a mais, que equivalia a outro lote e ficamos sem saber o que fazer, cheios de contas para pagar e sem trabalho”, relembra, com pesar, a esposa de seu Hélio, a produtora Silvia Toscan Pan, 50 anos. Dos três irmãos da família Pan, que juntos chegaram a criar cerca de 100 mil frangos, sobrou apenas seu Hélio. “Meu pai iniciou no ramo avícola há 40 anos. Somos três irmãos morando aqui nas redondezas. Todos produziam para a Seara e quando começaram as exigências eles desistiram. Só eu decidi investir”, completa.
Para conseguir vencer as dívidas, a família focou em outras culturas. Na propriedade existem 15 vacas de leite, que rendem uma produção de 100 litros por dia, além de três hectares cultivados com uvas Isabel e Niágara e três mil pés de tomate. “Temos algumas vacas leiteiras e entregamos leite para a Santa Clara. Também investimos pela primeira vez na plantação de tomates e, graças a Deus, tivemos sorte, pois o preço este ano foi ótimo. Assim fomos levando por mais seis meses”, destaca Silvia. Hélio conseguiu firmar uma parceria com a Granja Menegon de Flores da Cunha e há cerca de 30 dias passou a alojar frangos para a empresa.
Abatedouro florense age como um ‘socorrista’ dos produtores de aves
Há cerca de 30 dias, a Granja Menegon, situada na localidade de Santa Bárbara, no interior de Flores da Cunha, ampliou em 25% sua industrialização. O abate que antes era realizado de segunda à quinta-feira passou a ser feito também na sexta-feira. Com isso, houve a necessidade de alojar mais frangos e a empresa buscou parceria com mais oito produtores, sendo três de Nova Pádua e cinco em Flores da Cunha. O produtor Hélio Pan está entre os beneficiados.
Na verdade, essa parceria com produtores de frango de Flores e Nova Pádua iniciou há cerca de oito anos, quando os irmãos Jovaldino Menegon, 46 anos, e Roberto Menegon, 34 anos, decidiram ampliar o negócio iniciado pelo pai, Mansueto Menegon Neto, 76 anos, em 1974. Na época, além dos aviários, eles investiram na criação de um frigorífico. Aos poucos foram diminuindo a produção própria de frangos e iniciaram a busca por alojadores parceiros. “Tínhamos 10 pavilhões que alojavam 100 mil frangos, mas nossa demanda foi aumentando e precisávamos de mais aves. Como não tínhamos condições de aumentar a produção, fomos buscar parceiros fora.” Conforme Roberto, os integrados eram criadores que trabalhavam para outras empresas que acabaram desistindo da parceria.
O projeto começou com um integrado, o produtor Elio Lusa, do Travessão Curuzu, em Nova Pádua. Com o tempo novos parceiros procuraram a empresa. Hoje, a Granja Menegon conta com 14 integrados em Nova Pádua que somam 21 aviários e uma produção de 210 mil aves. Em Flores da Cunha são 12 produtores e 18 aviários, o que rende uma produção de 230 mil aves. Inicialmente eram abatidas 10 mil aves por semana. Atualmente, o abete diário é de 10 mil aves, de segunda à sexta-feira, o que representa 50 mil frangos por semana. A empresa emprega 75 funcionários. “O produtor entra com o pavilhão e a mão de obra. Nós fornecemos os pintos, a ração, os medicamentos e o veterinário que visita as propriedades. O processo de criação dura em torno de 45 dias. Depois fica um vazio sanitário de 15 dias e, em seguida, eles voltam a alojar outro lote”, explica Roberto.
Atualmente a Granja Menegon figura entre as 50 maiores empresas de Flores da Cunha. Em 2011, segundo dados do Perfil Socioeconômico do município, ela estava em 29º lugar.
Setor em alerta
Depois de receber informações de que a Seara Alimentos poderia fechar a unidade de abate de Caxias do Sul (Penasul) nos próximos meses e de que poderia rescindir o contrato que mantém com produtores de frango de toda a região, o jornal O Florense procurou a empresa para obter esclarecimentos sobre os boatos. Confira a resposta enviada pela assessoria da empresa:
“A Seara Alimentos, empresa do Grupo Marfrig, realiza continuamente ajustes em sua plataforma de produção com o objetivo de equilibrar oferta, demanda e custos, assegurando a viabilidade econômica e a competitividade de todo o seu sistema produtivo no país. Tais ajustes podem envolver a redução ou a ampliação de plantéis. O Grupo Marfrig opera no Estado do Rio Grande do Sul por meio de 9 complexos agroindustriais instalados em Capão do Leão, Alegrete, Bagé, São Gabriel, Pampeano, Roca Sales, Caxias do Sul e Frederico Westphalen, além de um centro de distribuição em Santa Rita, na Grande Porto Alegre. Com aproximadamente 9 mil funcionários, 800 produtores integrados de aves e suínos e 3 mil fornecedores de bovinos e ovinos, é um dos maiores empregadores do Rio Grande do Sul. Com programas de fomento ao desenvolvimento de alimentos da mais alta qualidade internacional e de sistemas de produção sustentável, o Grupo Marfrig atua em parceria com uma rede de entidades locais totalmente alinhadas com o desenvolvimento sustentável do Estado.”
Dada a importância do segmento avícola para a economia paduense, o fato de que nos últimos quatro anos uma quantidade considerável de criadores de aves tem enfrentado dificuldades e, inclusive, encerrado suas atividades, existe a preocupação de autoridades do município e, principalmente, de quem depende da atividade. De acordo com a Secretaria de Agricultura paduense, em 2009 existiam 75 aviários em Nova Pádua. Em quatro anos houve uma redução de 46,6%. Hoje apenas 40 estão registrados junto à prefeitura.
Oportunidade
Em setembro de 2012 o produtor Hélio Pan, 55 anos, do Travessão Divisa, levou o que considera “o maior susto da vida”. Depois de aproximadamente 40 anos alojando frangos para a Pena Branca de Caxias do Sul, empresa adquirida em 2008 pela Seara Alimentos (Grupo Marfrig), ele teve o contrato rescindido de imediato, sem aviso prévio. Em 2011 a família havia iniciado uma série de investimentos para adequar os três aviários que tem às exigências normativas do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa). “Tínhamos investido uns R$ 100 mil em um dos aviários para adequar às exigências da Seara. Colocamos tudo abaixo e construímos um novo, respeitando os itens. Fizemos empréstimo no banco para pagar. Também iniciamos uma série de melhorias nos outros dois aviários e no entorno da propriedade, como a construção de escritório e banheiro. O investimento foi alto”, relata o produtor.
Conforme Pan, depois que o aviário estava pronto ele alojou mais quatro lotes de frangos até receber o comunicado da Seara de que o contrato estava encerrado. “No dia 18 de setembro de 2012 eles carregaram a última leva de aves. Recebemos uma quantia a mais, que equivalia a outro lote e ficamos sem saber o que fazer, cheios de contas para pagar e sem trabalho”, relembra, com pesar, a esposa de seu Hélio, a produtora Silvia Toscan Pan, 50 anos. Dos três irmãos da família Pan, que juntos chegaram a criar cerca de 100 mil frangos, sobrou apenas seu Hélio. “Meu pai iniciou no ramo avícola há 40 anos. Somos três irmãos morando aqui nas redondezas. Todos produziam para a Seara e quando começaram as exigências eles desistiram. Só eu decidi investir”, completa.
Para conseguir vencer as dívidas, a família focou em outras culturas. Na propriedade existem 15 vacas de leite, que rendem uma produção de 100 litros por dia, além de três hectares cultivados com uvas Isabel e Niágara e três mil pés de tomate. “Temos algumas vacas leiteiras e entregamos leite para a Santa Clara. Também investimos pela primeira vez na plantação de tomates e, graças a Deus, tivemos sorte, pois o preço este ano foi ótimo. Assim fomos levando por mais seis meses”, destaca Silvia. Hélio conseguiu firmar uma parceria com a Granja Menegon de Flores da Cunha e há cerca de 30 dias passou a alojar frangos para a empresa.
Abatedouro florense age como um ‘socorrista’ dos produtores de aves
Há cerca de 30 dias, a Granja Menegon, situada na localidade de Santa Bárbara, no interior de Flores da Cunha, ampliou em 25% sua industrialização. O abate que antes era realizado de segunda à quinta-feira passou a ser feito também na sexta-feira. Com isso, houve a necessidade de alojar mais frangos e a empresa buscou parceria com mais oito produtores, sendo três de Nova Pádua e cinco em Flores da Cunha. O produtor Hélio Pan está entre os beneficiados.
Na verdade, essa parceria com produtores de frango de Flores e Nova Pádua iniciou há cerca de oito anos, quando os irmãos Jovaldino Menegon, 46 anos, e Roberto Menegon, 34 anos, decidiram ampliar o negócio iniciado pelo pai, Mansueto Menegon Neto, 76 anos, em 1974. Na época, além dos aviários, eles investiram na criação de um frigorífico. Aos poucos foram diminuindo a produção própria de frangos e iniciaram a busca por alojadores parceiros. “Tínhamos 10 pavilhões que alojavam 100 mil frangos, mas nossa demanda foi aumentando e precisávamos de mais aves. Como não tínhamos condições de aumentar a produção, fomos buscar parceiros fora.” Conforme Roberto, os integrados eram criadores que trabalhavam para outras empresas que acabaram desistindo da parceria.
O projeto começou com um integrado, o produtor Elio Lusa, do Travessão Curuzu, em Nova Pádua. Com o tempo novos parceiros procuraram a empresa. Hoje, a Granja Menegon conta com 14 integrados em Nova Pádua que somam 21 aviários e uma produção de 210 mil aves. Em Flores da Cunha são 12 produtores e 18 aviários, o que rende uma produção de 230 mil aves. Inicialmente eram abatidas 10 mil aves por semana. Atualmente, o abete diário é de 10 mil aves, de segunda à sexta-feira, o que representa 50 mil frangos por semana. A empresa emprega 75 funcionários. “O produtor entra com o pavilhão e a mão de obra. Nós fornecemos os pintos, a ração, os medicamentos e o veterinário que visita as propriedades. O processo de criação dura em torno de 45 dias. Depois fica um vazio sanitário de 15 dias e, em seguida, eles voltam a alojar outro lote”, explica Roberto.
Atualmente a Granja Menegon figura entre as 50 maiores empresas de Flores da Cunha. Em 2011, segundo dados do Perfil Socioeconômico do município, ela estava em 29º lugar.
Setor em alerta
Depois de receber informações de que a Seara Alimentos poderia fechar a unidade de abate de Caxias do Sul (Penasul) nos próximos meses e de que poderia rescindir o contrato que mantém com produtores de frango de toda a região, o jornal O Florense procurou a empresa para obter esclarecimentos sobre os boatos. Confira a resposta enviada pela assessoria da empresa:
“A Seara Alimentos, empresa do Grupo Marfrig, realiza continuamente ajustes em sua plataforma de produção com o objetivo de equilibrar oferta, demanda e custos, assegurando a viabilidade econômica e a competitividade de todo o seu sistema produtivo no país. Tais ajustes podem envolver a redução ou a ampliação de plantéis. O Grupo Marfrig opera no Estado do Rio Grande do Sul por meio de 9 complexos agroindustriais instalados em Capão do Leão, Alegrete, Bagé, São Gabriel, Pampeano, Roca Sales, Caxias do Sul e Frederico Westphalen, além de um centro de distribuição em Santa Rita, na Grande Porto Alegre. Com aproximadamente 9 mil funcionários, 800 produtores integrados de aves e suínos e 3 mil fornecedores de bovinos e ovinos, é um dos maiores empregadores do Rio Grande do Sul. Com programas de fomento ao desenvolvimento de alimentos da mais alta qualidade internacional e de sistemas de produção sustentável, o Grupo Marfrig atua em parceria com uma rede de entidades locais totalmente alinhadas com o desenvolvimento sustentável do Estado.”
Gostaria de um número p contato c vocês aí