Geral

O início do mês de setembro significa o final do ‘Ferragosto’, um período de finalzinho de férias para os italianos. É também o último suspiro de verão europeu, em dias vivos e cheios de programações. O destino é a cidade de Sospirolo, região de Belluno, no Norte da Itália onde, aos pés do Monte Sperone, no circuito dos Dolomitis Belluneses, famílias vivem com hábitos parecidos com os de quem têm origem italiana no Sul do Brasil.

A cidade que tem pouco mais de 3 mil habitantes tem a sua economia baseada na agricultura, no artesanato e em pequenas indústrias. Muitos moradores já são aposentados, e os que buscam trabalho o fazem nas cidades próximas, como na província de Belluno, Sedico, Feltre, Santa Giustina, entre outras. Caminhando pela cidade, a arquitetura emoldurada pelas montanhas ganha a atenção dos olhos e é inevitável não se apaixonar pelo cenário que se forma em cada rua e em cada ângulo para onde se olha. Praticamente todas as habitações são antigas, porém reformadas de modo que garanta comodidade e conforto, sem perder as características originais da construção.

Em alguns dias, o que se vive é a típica vida do povo sospirolese: uma massa feita em casa, a missa na Igreja Matriz, uma partida do time da cidade no domingo à tarde, um café e um drink pelos negócios locais. A fisionomia das pessoas e as expressões do dialeto Veneto (que divide espaço com outros dialetos da região) são familiares a ponto de veicular rapidamente a rotina de quem vive no interior de Flores da Cunha ou Nova Pádua.

Sospirolo é rodeada de pequenas igrejinhas, são mais de dez, como a de San Martino, Santo Antonio, San Lorenzo, Santa Teresa, muitas delas construídas nas montanhas, há centenas de anos. Mas a principal é a Matriz, em homenagem a San Pietro e Paolo, bem no Centro da cidade. Um verdadeiro cartão postal de uma construção datada de 1898. A poucos metros dali, se encontra o cemitério, com túmulos antigos de 1500 até os dias atuais. As lápides são obras de arte, e o tamanho de espaço demonstra a antiguidade do povo local.

Personagens da semana

A primeira semana em Sospirolo certamente é marcada por pessoas que são responsáveis pelo intercâmbio entre as cidades gêmeas: as famílias de Massimo e Adriana Tegner e Luigina e Angelo Pilloti, assim como o presidente da Associação dos Amigos de Flores da Cunha, Gabriele Galletti. Massimo foi prefeito de Sospirolo por uma década, entre 1998 e 2008 e, atualmente, ele e a esposa Adriana estão aposentados, e desfrutam da horta que cultivam e de tempo para produzir muito do que consomem com qualidade em receitas rodeadas de afeto. Quando o assunto é os dois filhos e os três netos, que atualmente residem em cidades da região, os olhos brilham de forma diferente.

Luigina e Angelo também têm dois filhos, e os três netos que são a alegria do casal. A rotina dos Pilotti é o cultivo de uma caprichadíssima horta e pomar, de onde são colhidas frutas e verduras orgânicas, parte vendida em feiras e para vizinhos próximos e a outra parte Luigina, com a ajuda da filha Valentina, faz produtos como geleias, sucos naturais e doces. São essas pessoas que desprendem seu tempo e abrem a porta da sua própria casa para que a cultura seja disseminada entre cidades que são distantes apenas no mapa, mas que se encontram em poucas gerações por meio de raízes comuns.

*A fotógrafa Larissa Verdi integra o intercâmbio cultural da Associação dos Amigos de Sospirolo, entidade que nasceu com o Gemellaggio com Flores da Cunha, firmado em 2012. Esta é a primeira reportagem da série ’30 Giorni a Sospirolo’, que ao todo terá quatro publicações, até 5 de outubro.