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A união de mãos e povos

Às vésperas da Fenavindima, que tem como tema ‘a festa de todas as mãos’, conheça histórias de pessoas que escolheram Flores da Cunha para amar e disseminar suas culturas

A 14ª Festa Nacional da Vindima irá dar enfoque às mãos, que unidas fazem Flores da Cunha um município pujante. Mãos de diversas raças, cores, religiões, pequenas ou grandes, que juntas enaltecem ainda mais o povo florense. E uma dessas mãos são as da família Lukaszewski, que há 20 anos disseminam a cultura polonesa, especialmente no bairro de Nova Roma, onde residem.

Patriarca da família, o aposentado Estevam Lukaszewski, 77 anos, nasceu e se criou em Gaurama, a 20 quilômetros de Erechim, no norte do Estado, onde há uma forte presença da cultura polaca. Ele e sua esposa, Lídia Lukaszewski, 74 anos, aposentada, criaram na cidadezinha do sul seus 10 filhos: Geni, Ivanilde, Cláudio, Izeldi, Sérgio, Inelci, Paulo, Flávio, Marinês e Jucimar.

Antes de resolver mudar para o município, a família foi morar na cidade de Ipê para trabalhar na lavoura. “Já plantei de tudo”, diz Estevam. Ele conta que uma de suas filhas, Ivanilde, 53 anos, veio juntamente com seu marido, Laudileno Spica, 51 anos, residir em Flores e acabou trazendo toda a família. “Não troco aqui por nada. Aqui construí minha casa e vivi muito bem a minha vida”, conta o aposentado.

Lídia, que entende o português, mas adora falar polonês, diz que seus avôs vieram da Polônia – como os de Estevam – e que não quer perder essa cultura. “Aqui em casa todos falam polonês, cantam e rezam o terço. Queremos preservar isso”, diz com muito orgulho. Além de suas habilidades com a língua polonesa, Lídia faz uma ótima comida para lembrar as origens. Ela recebeu a reportagem do Jornal o Florense com bolinho de milho e ‘kluski’, para nós, o nhoque italiano, que são tradicionais da cultura polonesa.

Como recordação da Polônia – que nunca visitaram, mas têm o sonho de conhecer – uma moeda de ouro guardada a sete chaves. “A moeda era do meu bisavô e passou de geração para geração. Hoje ela está comigo e vou passar para um filho, que vai passar pra um neto”, conta Estevam. A moeda, de cinco centavos, do ano de 1898, é uma relíquia polonesa e uma forma de lembrar ainda mais suas origens.

Depois de 20 anos em Flores, todos da família Lukaszewski, se sentem em casa. “Desde que chegamos aqui nos identificamos com a cultura e com a gastronomia”, conta Lídia. Segundo eles, a família foi muito bem recebida. O encontro da cultura polonesa com a italiana deu certo e essa mistura de tradições estará presente na Fenavindima. A família vai prestigiar o evento e participar dos desfiles, que mostrarão, além do legado deixado pelos imigrantes italianos, o vinho, o artesanato, a gastronomia, o dialeto vêneto, os costumes e os aspectos construídos pelas pessoas que escolheram Flores da Cunha para viver.

 

Um prefeito que veio de Goiás

Quem não sabe, acha que é florense desde sempre. Mas as raízes do ex-prefeito Alberto Walter de Oliveira, 63 anos, são da cidade de Ceres, lá em Goiás. Oliveira, em sua infância, também morou na Bahia com sua família e depois retornou para Goiás, para a cidade de Anápolis. Lá, ficou até seus 19 anos, quando resolveu se aventurar. Por meio de um amigo, ouviu falar de Flores. Arrumou as malas, comprou a passagem e aqui chegou. “Sempre gostei e ouvi falar bem da cultura italiana. Quando cheguei logo estava empregado e comecei a participar de movimentos estudantis e me identificar com a política. Aqui fui muito bem acolhido”, revela Oliveira, que é formado em Ciências Contábeis.

A partir disso, sua relação com a cidade só aumentou. Em 1979 abriu um escritório de contabilidade, em 1982 se candidatou a vereador (o mandato na época era de seis anos), em 1988 concorreu a prefeito vencendo as eleições, e em 1993 fundou a Olimóveis Urbanismo. “Vi Flores da Cunha como uma cidade de oportunidades. Fui ocupando os espaços, me integrando com a comunidade. Aqui, construí minha vida pessoal, profissional e política”, valoriza.

E como exemplo, durante os desfiles da Festa Nacional da Vindima, Alberto juntamente com a Olimóveis e a Comissão de Desfiles da Fenavindima 2020, organiza a ala ‘Bom Viver Aqui’, onde estão convidadas para desfilar todas as pessoas que não nasceram em Flores, mas sentem-se em casa. “Queremos transmitir essa concepção de acolhimento, até mesmo para outras pessoas se espelharem e se sentirem parte da festa e da cidade”, garante o ex-prefeito.

Se você quer fazer parte do desfile entre em contato pelo e-mail desfilecenicofenavindima@gmail.com ou pelo telefone (54) 9.9158.5139 (WhatsApp).

A Fenavindima 2020 tem três desfiles, sempre aos domingos: dia 16 de fevereiro, às 15h; dia 23 de fevereiro, às 10h; e dia 1º de março, às 15h. O corso está sendo montado com o auxílio das comunidades e entidades.

 - Gabriela Fiorio
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