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A terra do dragão

Existe uma pequena nação da Europa onde Llanybydder, Aberystwyth e Ystradgynlais são nomes de localidades, a paixão nacional é o rúgbi, e a bandeira traz um enorme dragão vermelho, sinal de orgulho que se espalha nos logos de empresas, rótulos, camisetas e até na forma de bicho de pelúcia.

Existe uma pequena nação da Europa onde Llanybydder, Aberystwyth e Ystradgynlais são nomes de localidades, a paixão nacional é o rúgbi, e a bandeira traz um enorme dragão vermelho, sinal de orgulho que se espalha nos logos de empresas, rótulos, camisetas e até na forma de bicho de pelúcia. Apesar de ser menor que Sergipe, tal pátria tem três parques nacionais que cobrem a quinta parte do território, com uma das maiores colônias de pássaros marinhos do hemisfério norte. Todas as placas de trânsito, avisos em banheiros, estacionamentos e outros lugares públicos são bilíngues, e não é só na capital Caerdydd, ou Cardiff.

Provavelmente você nunca ouviu falar de Cymru, mas esse é o outro nome de Wales, ou País de Gales, em português. Na verdade, Gales nem mesmo é um país. Não passa de um principado da Grã-Bretanha, o que certamente não o diminui como nação, restrições de poder político sejam postas à parte. Um plebiscito deve acontecer dentro de dois anos, e poderá dar maior autonomia ao parlamento do País de Gales, criado há apenas dez anos. Mas ainda que o sim ganhe, grande parte das decisões políticas, como o imposto sobre o vinho que tem assombrado as 17 vinícolas locais, continuará vindo de Londres. Cymraeg, o idioma ancestral O galês pode ser considerado a mais falada das línguas celtas que incluem o gaélico escocês e o irlandês. Segundo último censo, 22 por cento da população do País de Gales é bilíngue, número que tem crescido depois de 1993, quando o galês foi promovido à língua oficial, lado a lado com o inglês. Os resultados do censo também revelam que nas regiões norte e oeste, até 60 por cento da população é fluente em galês.

Quem decidir fazer a carteira de motorista não só no País de Gales, mas em qualquer outro canto da Grã-Bretanha, terá essas duas opções de idioma. O mesmo ocorre em muitos outros serviços prestados por órgãos públicos, o que mostra respeito pelas diferenças, mas também uma certa ânsia em se mostrar politicamente correto e talvez assim reparar os erros cometidos no passado. Para os visitantes, ler placas de “proibido fumar” com a inscrição dim ysmygu ou ver o símbolo de uma lombada e a palavra twmpathau pode parecer divertido e até exótico, mas achar a direção certa por placas de trânsito bilíngues, onde só não há mais palavras por falta de espaço, é mais complicado do que parece. Principalmente se for no centro de Cardiff, com sua organização caótica e obras que nunca terminam, o que ficou ainda pior depois da construção do gigantesco Millennium Stadium, lotado a cada partida de rúgbi.

O melhor da capital é o complexo na baia onde deságuam os rios Taff e Ely, com muitos restaurantes e a arquitetura inovadora do Millenium Center (criado à mesma época do estádio, como se adivinha pelo nome), que abriga a opera nacional, várias salas de teatro e exposições. Antes de seguir viagem, vale a pena visitar o Castelo de Cardiff, sua torre de estátuas coloridas e salas temáticas, onde cor e riqueza de detalhes não foram economizados pelos restauradores

Caminhada pela costa

Pembrokeshire fica na região sul, a menos de duas horas de Cardiff, mas há um desvio no caminho que leva a um castelo diferente das dezenas de outros que se encontram nas redondezas. De Carreg Cennen, só restam ruínas, mas sua localização é magnífica, isolado no alto de uma colina de 90 metros, com um precipício no lado sul, de onde se avista uma paisagem belíssima de “colcha de retalhos”. Onde era o porão do castelo, há uma escada estreita em direção a cavernas naturais, que no passado forneciam água através de inúmeros poços, e hoje só podem ser visitadas por quem tiver uma lanterna.

Depois de 60 quilômetros de estrada, chega-se a Tenby, uma cidadezinha pitoresca que serve de base para explorar o Parque Nacional de Pembrokeshire. O que faz do parque destino cobiçado por caminhantes que curtem a natureza, são os 200 e poucos quilômetros de trilhas ao longo da costa recortada, onde vivem aves marinhas exóticas, como o papagaio-do-mar. Para os que querem apreciar a beleza do litoral, sem o esforço de dias de caminhada, há pontos estratégicos com estacionamento ou paradas de ônibus, bastante frequentes durante o verão. A capela de St Govan, incrustada entre as falésias há quase mil anos, e as Stack Rocks, ponto de encontro de milhares de pássaros barulhentos, são alguns pontos imperdíveis. Vinho galês Llanerch Vineyards é um dos produtores de vinho do País de Gales que abraçaram o turismo vinícola para sobreviver à concorrência acirrada dos vinhos estrangeiros e as taxas do governo. Para Peter Andrews, dono da Llanerch e maior produtor no País de Gales, o vinho local tem sido mais valorizado recentemente, o que prova que pode competir de igual para igual com os bons vinhos estrangeiros. “Nosso vinho já foi servido em eventos de prestígio, como o G8 que aconteceu na Escócia, em 2005, e também em outros encontros oficiais em Londres e Bruxelas”, ele lembra. Mas para os produtores, o turismo ainda é o maior incentivador. Além de visita aos oito hectares de vinhedos, a Llanerch Vineyards oferece acomodação, restaurante, cursos de degustação e gastronomia. Colin Dudley, da Parva Farm and Vineyard, acredita que muitos vinicultores estão tendo sérias dificuldades financeiras: “A nossa indústria vinícola já é pequena, e está sendo reduzida ainda mais por causa dos impostos.” Em abril desse ano, o imposto sobre o vinho e outras bebidas alcoólicas produzidas no Reino Unido sofreu um aumento de dois por cento acima da inflação, índice que o governo deseja manter para os próximos quatro anos, como plano para combater o alcoolismo – e aumentar a arrecadação. O ano passado, o aumento foi de seis por cento, o que põe o Reino Unido em posição de destaque, entre os países com os maiores impostos na categoria. Entre os 17 produtores que formam a pequena indústria vinícola do País de Gales, varietais brancas como Reichensteiner, Seyval Blanc, Müller-Thurgau, Chardonnay, Madeleine Angevine, Schönburger, Huxelrebe e Ortega são preferidas. E se não for pelo vinho, o País de Gales é certamente mais conhecido por seus festivais gastronômicos, como o de Abergavenny, que acontece durante dois dias em setembro. Participar de um desses festivais é a melhor maneira de aprender sobre a cozinha típica galesa, que tem o cordeiro (tradicionalmente assado e servido com molho de hortelã), peixe e frutos do mar como base para a maioria dos pratos. Mas há também especialidades como crempogs, panquecas salgadas, servidas uma sobre as outras, com manteiga e laverbread, um pão frito de algas e aveia, tradicionalmente consumido com bacon no café da manhã. O principal ingrediente é a alga laver, abundante na costa sul e também usada em saladas, sopas e molhos. Entre os vários tipos de queijo produzidos no País de Gales, os mais populares são Pantysgawn, feito com leite de cabra, Tintern, um tipo de cheddar com cebolinha, Caerphilly, a partir de leite de vaca, com baixo índice de gordura e alto de sal, Y Fenni, com sementes de mostarda e cerveja e também conhecido por Red
Dragão símbolo no castelo de Cardiff. - Divulgação
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