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A tempestade Sandy que só um florense viu

Engenheiro mecânico Assis Lavoratti esteve em Nova Iorque e sentiu os efeitos do fenômeno que causou prejuízos superiores a US$ 33 bilhões

O que era para ser uma viagem de turismo para visitar os tios nos Estados Unidos tornou-se a pior experiência até então vivida pelo engenheiro mecânico florense Assis Lavoratti, 28 anos. Ele viajou para a costa americana no dia 26 de outubro e chegou a sair para fazer compras em uma loja de eletroeletrônicos com o tio, Ivo Antoniazzi, no dia seguinte. Mas o lazer acabou por aí. Antes de retornarem para casa, em Marick (distante 45 minutos de três de Nova Iorque), eles ouviram pelo rádio o aviso de que a população deveria voltar para casa com mantimentos não perecíveis e ocupar os abrigos – a tempestade Sandy, que chegou a ser classificada como furacão, estava chegando. O rastro de destruição no solo do presidente reeleito Barack Obama, principalmente no Estado de Nova Iorque, ultrapassa os prejuízos de US$ 33 bilhões. Números extraoficiais mostram que pelo menos 100 pessoas morreram (sendo um brasileiro do Rio de Janeiro).

Lavoratti começou a perceber o que realmente estava por vir quando os sistemas públicos de transporte, como o trem, foram desativados. “Por volta das 15h do dia 28 começou a ventar muito forte. Pela internet acompanhávamos a previsão do tempo. Na madrugada as rajadas passaram dos 200km/h”, relata. No bairro residencial que o tio vive com a esposa Amy e a filha Irene as cercas das propriedades eram facilmente vistas voando de um lado para outro. Uma árvore que ficava em frente à moradia de um vizinho caiu, atingindo o veículo da tia – a perda foi total. “A árvore atingiu a fiação elétrica. Ficamos sem luz nem gás. O pior é que começou a esfriar”, lembra Lavoratti. Os termômetros estavam próximos de 0ºC.

O aquecimento foi improvisado com uma churrasqueira, onde alguns alimentos foram feitos na brasa. A iluminação se resumiu à lareira e às velas. “Fizemos um rodízio nas casas de amigos da família, distantes uma hora de carro. Eles tinham energia. Também ficamos sem tomar banho. Aí começou a apertar o sapato. Consegui fazer a higiene pessoal na quarta-feira, dia 31. Depois, só no aeroporto, dia 3 de novembro. Até hoje (dia 7) eles estão sem energia elétrica”, conta Lavoratti.

Momentos de pavor
A ventania da tempestade assustou o engenheiro Lavoratti, que permanecia no abrigo subterrâneo sempre que orientado pelos familiares. “Em determinados momentos eu pensei que o telhado da casa iria embora. Vi que o caso era sério quando olhava para eles e via a cara de espanto. No dia 2, quando retornávamos para casa após comer com amigos, um helicóptero do Exército focou o facho de luz em nós e nos acompanhou até entrarmos na residência. Coisa que só vi em filme”, pontua o florense. Um detalhe interessante citado por Lavoratti é que passados alguns dias da tempestade um representante da seguradora do veículo da tia esteve no local e, com um computador e uma pequena impressora, emitiu o cheque do valor do carro, mais US$ 3 mil de ajuda. “O governo norte-americano tem um fundo especial para isso”, comenta.

O retorno para o Brasil começou às 10h locais do dia 3. O voo era somente às 20h, mas como os transportes ainda funcionavam precariamente, o trajeto até o aeroporto foi complicado. “Depois de pegar três trens e um ônibus lotado é que consegui chegar. No final, o que era para ser uma viagem de passeio se transformou em uma experiência única”, opina Lavoratti, que vivenciou, em 2011, outro fenômeno da natureza: um terremoto de 7 graus na escala Richter (que vai até 9), no Peru. “Eu trabalhava para uma empresa e estava no 7º andar de um prédio. Naquela oportunidade eu não tive o pavor que senti nos Estados Unidos”, avalia o engenheiro florense, que a partir de agora irá avaliar detalhadamente o seu próximo destino.

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Árvore que caiu na frente da residência dos tios do engenheiro florense após ventos de 200km/h também danificou a fiação elétrica (Foto/Assis Lavoratti/Divulgação).<br />
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Árvore que caiu na frente da residência dos tios do engenheiro florense após ventos de 200km/h
também danificou a fiação elétrica (Foto/Assis Lavoratti/Divulgação).



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Ivo Antoniazzi (D) vive há 32 anos nos Estados Unidos e ofereceu um café da manhã no meio da rua aos vizinhos, que promoveram um mutirão para cortar a árvore que destruiu um dos carros da família (Foto/Assis Lavoratti/Divulgação).




Assis Lavoratti e uma infinidade de fotos e vídeos: “Realmente senti pavor”. - Fabiano Provin
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