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A sucessão na maior empresa

Em março, Mateus Corradi assume como CEO da Fábrica de Móveis Florense, lugar ocupado até agora por Gelson Castellan, e marca o início da terceira geração à frente da empresa de Flores da Cunha.

Há 10 anos – desde que o Perfil Socioeconômico começou a ser elaborado –, a Fábrica de Móveis Florense lidera o ranking de maior empresa de Flores da Cunha e, em março, se prepara para a transição da segunda para a terceira geração da família à frente do tradicional empreendimento no setor moveleiro do país e do mercado mundial. Mateus Corradi assume como o CEO da empresa, cargo até então ocupado por Gelson Castellan. A transição marca mais um passo do empreendimento que, aos 65 anos, é exemplo de modernidade, como a inserção de startups com o projeto Hélice, buscando um mercado “ultra explosivo”, conforme cita Castellan; o investimento na rede de franquias; mas, principalmente, na transparência entre acionistas, mantendo na empresa “uma imagem tão boa e verdadeira quanto é sua consistência nos bastidores”.
Castellan complementa que o acordo societário entre as famílias fundadoras, Corradi e Castellan, foi formatado nos anos 1990. “Ele rege um conjunto de regras que definem as condutas societárias. Consideramos a relação societária como um dos valores mais importantes de uma empresa, porque quando uma sociedade está em paz tudo funciona. A transparência é o valor mais importante entre os acionistas e as famílias Corradi e Castellan”, admite. O cenário representa a transição tranquila que se encaminha.

“Essa conduta favorece que a terceira geração venha a assumir a empresa de uma maneira muito natural e sem sustos. Tudo isso foi sendo planejado, pensado e comunicado às pessoas há muito tempo”, conta o empresário, que complementa que todos os integrantes da família têm a oportunidade de trabalhar na empresa, mas nem todos podem ficar. “Essas pessoas são integradas após um processo, um filtro onde é preservado o compromisso, as capacidades, a meritocracia, tudo é medido de uma maneira muito prática e transparente”, explica Castellan.

Foi o que aconteceu com Mateus Corradi, que atua na empresa desde 2001, quando começou como estagiário. “Eu sabia, desde o início, que por ser da família eu poderia ter uma oportunidade, mas não um lugar garantido. Desde o primeiro dia sempre entendi que tenho que me dedicar à empresa e fazer por merecer as oportunidades a mim dadas”, garante. Fazem parte ainda da terceira geração Felipe Corradi, que assume como diretor Industrial, e Roberta Castellan, diretora de Criação. “Tenho um senso de responsabilidade muito grande e a maior cobraça é a minha. A nossa passagem aqui é transitória, a minha responsabilidade é de carregar a empresa para uma próxima geração, pensando em como vamos nos manter, nos fortalecer, crescer em novos mercados, encontrar as mudanças de comportamento e o perfil do consumidor, e manter a empresa em paz, tanto na parte financeira e fiscal como na societária”, lista Corradi.
Os atuais diretores integrarão um conselho que, a partir de março, começa a funcionar formalmente. “Essas pessoas vão se reunir para serem definidos destinos de investimentos, questões societárias, estratégias da empresa, enfim, definições que não são o dia a dia da Florense”, explica Castellan, que complementa: “Mais de 90% das empresas do mundo são familiares, então nós tentamos, na segunda geração, fazer com que a nossa empresa familiar fosse uma empresa familiar exemplar. Para nós mesmos, para as pessoas que trabalham conosco, para o mercado, para os nossos clientes. Procuramos ser, dentro da nossa estrutura, uma referência”.

Planos futuros
Com mais de 600 empregos diretos, além de funções indiretas e 2,5 mil pessoas atuando na rede de franquias, Gelson Castellan adianta que entre os futuros planos da Florense está ser uma empresa atual.

“O desafio é se reinventar, porque uma empresa que tem 65 anos e quer ser atual, moderna e de vanguarda, tem que seguir esse caminho e a reinvenção começa pela simplificação, por esse processo muito moderno de compartilhamento de informações. Reunimos as pessoas em mesas de afinidade, elas trabalham em conjunto, a privacidade é zero na Florense, abrimos mão de todas as mordomias que, teoricamente, as empresas têm para diretores e gerentes. O nosso negócio é fazer o trabalho fluir”, pontua Castellan.

A rede de lojas da Florense é outro ponto que deverá ganhar investimentos neste ano. “Visamos cada vez mais serviços de excelência, pois e cadeia de valores e envolvimento é muito grande. Estamos sempre preocupados em fazer com que tudo o que construirmos ou imaginarmos seja factível, verdadeiro e dure muito tempo. A fábrica é sempre muito importante, mas todas as fábricas de móveis têm mais capacidade de produção do que o mercado está demandando, por isso nosso grande investimento, já há alguns anos, são as lojas. Investir mais na rede, pois é nosso coração, nosso ponto, e queremos lojas mais modernas, mais bonitas, com treinamento de equipe e tecnologia de serviços”, adianta Castellan. Atualmente, são 56 lojas no Brasil e 12 no Exterior.
Na rede, o destaque fica para uma nova loja da Florense em São Paulo, uma espaço que já está em construção e será modelo no país. “É um projeto espetacular, onde teremos um departamento de marketing, espaços como bistrô e lounge. Vai ser como um QG da Florense em São Paulo, em localização privilegiada. Muitas pessoas nos questionam quanto a investimentos, em milhões de minutos ou horas? É outro conceito. O verdadeiro investimento é o tempo que dedicamos às coisas que sabemos que temos que fazer bem”, reconhece.
Outro investimento, este na produção, é um novo equipamento que deverá transformar o modo de trabalho. “É um das máquinas mais importantes que a empresa já comprou em sua história. Ela será a inteligência da Florense, fazendo uma leitura de todos os nossos lotes de produção, de todas as cores, espessuras, materiais, processos e aproveitamentos diferentes. É a máquina que vai decidir a vida da Florense em questão de produção”, menciona Castellan.
Corradi complementa ainda os investimentos em e-commerce, em inovação tecnológica e questões ligadas a produtos. “Mas o meu primeiro plano é continuar mantendo essa empresa em paz, com cabeças com o mesmo foco, afinal, jogador sozinho não vence campeonato e esse vai ser um dos meus grandes focos. Me sinto sortudo em ter um time de terceira geração muito bom, além de acionistas com foco pela preservação da Florense, acima de qualquer coisa”, valoriza.

Raízes e crise
Para Castellan, embora a realidade da Florense hoje seja muito distante de Flores, a relação entre empresa e cidade é intrínseca. “Fizemos muitas coisas por Flores, porque é importante que a cidade também seja uma referência, que ela tenha coisas diferentes, bonitas, que conte com uma infraestrutura. Temos nossa sede aqui, são nossas raízes e o que pudermos fazer para que as imagens da empresa e da cidade se associem nós fizemos. Temos muitas relações da comunidade com a empresa, 50% dos florenses têm ou tiveram uma ligação conosco. Por isso, a influência que Flores da Cunha tem sobre a Florense, e vice versa, é indiscutível. A cultura de Flores está dentro da Florense e o inverso também é verdadeiro. Queremos que outras empresas não tenham apenas o cuidado com seu faturamento, mas que façam também por Flores da Cunha”, diz Castellan.
Mateus Corradi acrescenta ainda que, neste período de recessão econômica, a empresa se planejou para manter patamares sólidos.

“Uma situação assim afeta a todos, as receitas diminuem, o mercado aperta, as margens ficam espremidas. Então, nós nos preparamos, fizemos duras lições com a rede de reestruturação e otimização de custos, aprendizados dentro da fábrica por maior eficiência e produtividade e nos organizamos para passar a crise de uma forma estável. Estamos firmes e sólidos para essa retomada econômica, pois é normal que, depois de uma crise profunda como esta, tenhamos uma curva de retomada, que pode ser mais acentuada ou não, dependendo das decisões políticas que o país tomar, mas estamos esperançosos porque depois de anos temos pessoas que cuidam da economia brasileira com uma cabeça liberal”, avalia.

Gelson Castellan passa, a partir de março, o cargo  de CEO da Florense a Mateus Corradi. - Danúbia Otobelli
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1 Comentários

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    Sandra Parizzi Picinatto05 de Fevereiro de 2019 às 06:05

    Sempre ótimas notícias!

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