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A saúde da mulher

Ginecologista e obstetra, Larissa Taufe Pozza, esclarece dúvidas e fala sobre cuidados diários

O Dia da Mulher também provoca uma reflexão sobre a necessidade de voltar os olhos para a saúde, o bem-estar e a qualidade de vida do público feminino. Por isso, e para responder algumas das principais dúvidas delas sobre os mais diversos assuntos, a redação do Jornal O Florense conversou com a médica ginecologista e obstetra Larissa Taufe Pozza, de 30 anos. A profissional, que é natural de Bento Gonçalves, realiza atendimentos em Flores da Cunha há pouco mais de um ano. Larissa possui graduação em Medicina pela Universidade do Extremo Sul Catarinense (Unesc) e em Ginecologia e Obstetrícia pelo Hospital de Clínicas de Passo Fundo. Acompanhe a entrevista completa: 

O Florense: Desejo demasiado em comer doces, irritabilidade, vontade de chorar. Esses são apenas alguns dos sintomas da famosa TPM (Tensão Pré-menstrual) que atinge muitas mulheres. Como amenizar ou, até mesmo, prevenir esses desconfortos? 
Dra. Larissa Taufe Pozza: Manter hábitos de vida saudáveis, como uma dieta balanceada e prática regular de atividade física, evitar o uso de álcool e tabagismo. Em casos específicos, podemos aliar medicamentos para amenizar os sintomas do período pré-menstrual, mas cada paciente deve ser avaliada de forma individual. 

OF: Como deve ser a rotina de cuidados com a higiene íntima e a depilação feminina? 
Dra. Larissa: Optar pelo uso de sabonetes com pH neutro para limpeza da região íntima, usar calcinhas de algodão, realizar higiene após a relação sexual, ter uma alimentação equilibrada e sono adequado. Quanto à depilação, evitar uso de lâminas devido a possíveis quadros de foliculite (inflamação do folículo piloso, a ‘casinha’ do pelo). Optar por depilação com cera quente, cremes depilatórios ou laser. 

OF: No verão a infecção por Candidíase tende a aumentar, por que isso ocorre? Quais cuidados as mulheres devem tomar para evitar essa doença?
Dra. Larissa: No verão, temos as frequentes idas ao litoral, piscinas e rios, com isso ficamos grande parte do dia com biquínis ou maiôs úmidos, favorecendo a proliferação de fungos e bactérias na região genital. Deve-se realizar a troca da roupa de banho durante o dia para evitar essa umidade na região íntima. Também é importante evitar o consumo de alimentos ricos em açúcares e optar por realizar a higiene com sabonetes que contenham pH neutro em sua composição. 

OF: Quais são os métodos contraceptivos mais procurados e com menos efeitos colaterais? 
Dra. Larissa: Os métodos mais procurados atualmente são as pílulas anticoncepcionais, pela facilidade de adesão e popularidade, e os DIU’s (dispositivos intrauterinos), por ser um método de longa duração. Cada mulher é única, ou seja, deve-se avaliar de forma individual a escolha de cada método, suas expectativas e seus possíveis efeitos colaterais. 

OF: No atual cenário econômico as mulheres estão optando por ter filhos cada vez mais tarde. Quais os riscos de uma gestação tardia, após os 40 anos? Qual seria a ‘idade ideal’ para a maternidade?
Dra. Larissa: Após os 35 anos a fertilidade da mulher entra em declínio, e pode ser cada vez mais difícil ter uma gestação de forma espontânea. Existem alguns riscos de uma gestação tardia, tais quais: abortamento, risco de doenças maternas (hipertensão, diabetes gestacional, pré-eclâmpsia, entre outras), malformações fetais e maior chance de fetos com síndromes (por exemplo a Síndrome de Down). 

OF: A partir de que idade as mulheres devem começar a realizar exames preventivos como o Teste de Papanicolau e a Mamografia? Com qual finalidade e periodicidade eles devem ser executados? 
Dra. Larissa: Conforme orientação do Ministério da Saúde, o Papanicolau deve ser realizado em todas as mulheres dos 25 aos 64 anos, e em caso de dois exames consecutivos negativos, deve-se repetir após três anos. Já a Mamografia deve ser feita dos 50 aos 69 anos, porém, em mulheres com histórico familiar positivo, deve-se realizar o exame 10 anos antes da idade de diagnóstico. Importante ressaltar que cada caso deverá ser individualizado com seu ginecologista e que as orientações não excluem a necessidade de consultas anuais para exame físico e avaliação de possível solicitação de exames.

OF: O câncer de colo de útero é um dos mais comuns entre as mulheres. De que forma a vacina contra o HPV (Papilomavírus humano) pode contribuir para reduzir esses números? Quem pode fazer essa imunização e onde ela está disponível? 
Dra. Larissa: A vacina HPV quadrivalente é indicada para ambos os sexos e é capaz de prevenir infecções persistentes e lesões pré-cancerosas causadas pelo vírus HPV dos subtipos 6, 11, 16 e 18. Com ela, é possível evitar o câncer de colo de útero, vulva e vagina nas mulheres, do pênis em homens e câncer de canal anal, em ambos os sexos. Além disso, também previne os condilomas (verrugas genitais). A vacina está disponível no SUS para meninas e meninos dos 9 aos 14. Porém, todas as mulheres que já iniciaram sua vida sexual podem fazê-la até os 45 anos, em clínicas particulares.

OF: A menopausa é um processo natural do organismo da mulher, mas nem tudo o que acontece no corpo feminino se deve ao encerramento da fase fértil, alguns sintomas estão relacionados ao estilo de vida e às escolhas. Quais são os cuidados que se deve ter nessa etapa? O que pode ser feito para evitar desconfortos?
Dra. Larissa: Uma avaliação completa com seu ginecologista de confiança para verificar a necessidade de início de tratamento medicamentoso, com vistas a amenizar os sintomas relatados nesta fase. Além da terapia de reposição hormonal, quando houverem indicações, dispomos de algumas outras medicações para controle dos sintomas como os fogachos (calorões) e o ressecamento vaginal. Para evitar que os sintomas se exacerbem, é importante realizar atividade física regularmente. Os exercícios mais indicados são a musculação e a prática do Pilates, para reforço de massa muscular e prevenção de fraturas. Uma dieta saudável e balanceada, rica em nutrientes, também ajudará a mulher menopausada a passar por essa fase com maior tranquilidade.

Dra. Larissa Taufe Pozza reforça a importância de manter hábitos saudáveis. - Valdinéia Tosetto
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