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A realidade da proteção animal

União Pela Vida Animal (Upeva) segue enfrentando dificuldades para combater o abandono de cães e gatos

A ONG União Pela Vida Animal, popularmente conhecida como Upeva, surgiu em Flores da Cunha com o intuito de combater o abandono de cães e gatos. O amor pelos animais fez com que um pequeno grupo de voluntários fundasse a entidade no ano de 2008. Desde então, a organização atua no resgate de animais, auxilia na castração e no cuidado para que eles possam ser adotados – só no Brasil, segundo a Organização Mundial da Saúde, o número de animais que vivem nas ruas ultrapassa os 30 milhões.

Atualmente, 150 cães retirados das ruas estão na chácara da ONG, localizada na Capela Medianeira – a instalação,  foi cedida pela prefeitura pelo período de dez anos em um contrato assinado em 2014. Outros cerca de 150, entre cães e gatos, vivem nas casas de voluntárias ou em lares temporários. Porém, não há mais espaço para abrigá-los. “Nós temos a certeza de que acumular animais não é a solução para o fim do abandono. Esses bichos estão castrados e vermifugados. Por questões financeiras, são vacinados no momento da adoção, por responsabilidade do futuro tutor. Muitos deles têm necessidades especiais – como perda de uma das patinhas ou de um dos olhos – o que torna a adoção mais difícil”, conta a secretária da ONG e uma das responsáveis pelas visitas e manutenção da chácara, Nicolle Costa. Muitos animais são abandonados ou sofrem maus-tratos no município. Devido a isso, eles são recolhidos e levados às clínicas veterinárias para receberem cuidados. Após o tratamento, são encaminhados para a chácara com o objetivo de serem adotados. Porém, o número de adoções é muito menor em comparação com a quantidade de animais que a entidade cuida.

Para auxiliar no cuidado dos bichos e na limpeza da chácara, a Upeva dispõe de um funcionário. Como existem muitos cachorros no local, manter a harmonia entre eles é outro impasse enfrentado pelas voluntárias. “Os cães estão distribuídos em nove cercados, onde podem viver soltos. Porém, as brigas são comuns e já resultaram em mortes de cachorros. A cada chegada de um novo animal, diversas tentativas de adaptação são feitas até encontrar a divisão adequada onde ele poderá viver sem riscos” relata Nicolle.

Além dessas dificuldades, a Upeva sofre com a falta de recursos financeiros. A ONG gasta em média R$ 20 mil por mês. A prefeitura municipal auxilia com dois mil sacos de ração por ano (25kg cada saco), com materiais de limpeza e 40 castrações por mês. O poder público também ajuda com reformas e melhorias feitas na chácara eventualmente. O restante é custeado pela própria entidade (veja como ajudar abaixo). Por contar com a disponibilidade dos voluntários, a organização também atua com o propósito de evitar maus-tratos e abandono. “Uma das principais ações é a realização de palestras em escolas, visto que ensinar as crianças sobre os cuidados com os animais e adoção consciente é um dos nossos objetivos”, frisa a secretária. Além disso, a Upeva atua em conjunto com órgãos competentes para atender denúncias.

Como a Upeva se mantém

Rifas beneficentes e eventos são realizados regularmente para auxiliar nas despesas da organização. Uma vez por mês, ocorre o tradicional brechó da Upeva, onde são comercializados roupas, sapatos e acessórios por preços baixos para a população. A feira é organizada pelos voluntários, desde a separação dos itens, organização do local e atendimento aos clientes. O bazar solidário, por sua vez, abre todos os sábados, em uma sala comercial alugada na Rua Júlio de Castilhos, onde são vendidos itens em melhor estado de conservação, desde roupas, móveis, artigos de decoração, acessórios, entre outros. O espaço também é mantido por voluntários.

 Outra fonte de renda é o pedágio solidário. Anualmente, são formados grupos de pessoas para abordar os motoristas em quatro pontos da cidade, solicitando doações em dinheiro. Rifas esporádicas, feitas com produtos doados para a ONG e números vendidos ao valor R$ 2, e a rifa anual que sorteia um automóvel também são medidas tomadas a fim de angariar recursos. Além disso, repasses da promotoria – oriundos de multas – são destinados mensalmente para a Upeva (o valor varia conforme o mês).

Como ajudar

Existem diversas formas de contribuir com a Upeva. Para adotar animais que estão na chácara, é preciso agendar um horário com os voluntários ou nas redes sociais da ONG. Como um dos principais trabalhos é castrar animais abandonados e de famílias carentes, também é possível apadrinhar uma castração. Outra ação consiste na arrecadação de tampinhas e embalagens plásticas de garrafas pet, remédios, produtos alimentícios, de higiene bucal, de limpeza e de beleza. O material recolhido é destinado a uma recicladora e o valor obtido revertido para a organização.

Quem tem interesse em ser voluntário, a ONG organiza pequenos grupos de visita para ir até a chácara aos sábados pela manhã. A intenção é brincar e dar carinho aos cães. Por meio do programa Nota Fiscal Gaúcha (NFG) também é possível colaborar com a Upeva. Para isso é necessário realizar cadastro no site do programa e solicitar a inclusão do CPF na nota fiscal no momento da compra. Além disso, doações financeiras para auxiliar nas despesas com as clínicas veterinárias e outros serviços podem ser feitas por depósito bancário na conta corrente 51337-7, agência 0167 (Banco Sicredi), em nome da Upeva. A entidade também recebe doações de itens diversos (roupas, calçados, acessórios) para serem comercializados no bazar e brechó ou ainda jornais velhos e ração. Veja mais informações e outras formas de ajudar em www.upeva.com.br.

Ato de amor

Desde janeiro, a designer gráfica Greicy Toscan conta com a companhia da vira-lata Lady Gal. A cachorra tem entre dois e três anos e foi adotada na chácara da Upeva, em uma das visitas realizadas por voluntários e amantes dos bichos aos sábados de manhã. “Eu vi muitos cachorros lá, mas coloquei os olhos nela. Eu não tinha a intenção de adotar naquele dia, mas gostei dela”, conta. Greicy decidiu adotar a vira-lata porque seu cachorro sumiu. “Eu sempre fui bastante apegada aos animais, principalmente cachorros. É maravilhoso chegar em casa e ter alguém pulando, querendo atenção e carinho”, revela. Além de Lady Gal, Greicy também tem um gato, o Madruga.

 

 - Bruna Marini
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