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A possível volta das aulas

Conforme estudo do Governo do Estado, Ensino Superior e Médio seriam os primeiros a retornarem

O Governo do Estado apresentou, na última semana, um relatório referente às sugestões de retomada da educação. De acordo com os dados (saiba mais a baixo), a pesquisa mostra que o Ensino Superior e Médio seriam os primeiros a retornaram, ficando a Educação Infantil na última etapa, prevista para a volta presencial.
Para a diretora da Escola São Rafael, Ana Paula Citolin Rigotto, são muitas as incertezas para um retorno. “Acredito que o retorno presencial deva ser feito de forma segura e cautelosa. Hoje não vejo como ideal voltar às aulas presenciais. A situação requer cuidados de distanciamento e, na escola, na sala de aula, esse distanciamento fica comprometido. Obviamente vamos cumprir todos os protocolos de segurança, caso esse retorno aconteça, mas ainda estamos vivendo um momento delicado que exige prudência”, ressalta.
Para a direção da escola que possui Ensino Médio. é de suma importância voltar às aulas presenciais, mas “não queremos colocar esses jovens e seus familiares em risco de saúde pra que haja o retorno”, enaltece. Ana Paula ainda informa que o ensino à distância está, de certa forma, sendo prejudicial à formação dos alunos. “O ensino presencial é fundamental para o desenvolvimento da criança e do adolescente. O convívio com os professores e colegas é muito importante. O aprendizado direto com o professor é imprescindível. Mas as aulas remotas, graças ao enorme esforço dos professores e dos alunos e seus familiares, também estão dando certo, se feitas de forma correta. Está se trabalhando muito para que o ensino à distância seja bem aproveitado e se tenha a aprendizagem necessária. Claro que existem diversas realidades, muitos alunos não têm acesso à internet ou equipamentos adequados para o estudo. É dever da escola amparar esses alunos, fornecendo material impresso, por exemplo”, finaliza.
A diretora da Escola Frei Caneca, Patrícia Pontalti, também destaca que a volta presencial implica em muitos fatores. “Existem os protocolos que devem ser seguidos, a compra dos EPIs e a questão do distanciamento. Um retorno não será como antes”, informa. 
A direção da instituição já realizou pesquisas e acredita que o Ensino Médio deve ser o primeiro a voltar. “As aulas presenciais são fundamentais. Esse é um momento atípico e não podemos comparar nem mensurar os prejuízos deste ano. Agora, o Governo Estadual adotou as aulas pela plataforma Google Classroom, que está facilitando o contato dos professores com os alunos”, garante Patrícia. 
Conforme a secretária municipal de Educação, Cultura e Desporto, Ana Paula Weber Zamboni, é uma grande responsabilidade pensar na volta das aulas. “Considerei satisfatório o retorno dessa consulta, embora tenhamos visões e necessidades diferentes, pois as redes são diferentes. Pela visão das escolas infantis, que atendem de 0 a 3 anos, os pais gostariam que as aulas voltassem e as escolas estão todas organizadas para atender os protocolos para um retorno das aulas presenciais”, informa Ana Paula. 
Já o ensino básico obrigatório, a partir dos quatro anos, a secretária destaca que é mais pertinente à volta das aulas pela autonomia que os alunos já têm. “Mas vai demandar da escola uma organização muito maior”, ressalta.
Ana Paula também opina que o Governo do Estado precisa se posicionar sobre o retorno da educação. “Nós não podemos mais ficar a cada 15 dias com uma declaração do Governo, divulgando bandeiras e deixando uma esperança para o retorno das aulas. Entendemos que se for para voltar, o Governo tem que se posicionar com pelo menos 30 dias de antecedência”, diz. “Com a pandemia em alta agora em agosto, na minha visão, seria impossível a volta das aulas no dia 1° de setembro. Então estamos no aguardo. A legislação está nos orientando e sendo bem exigente e é merecido, pois o momento pede esse comportamento, mas tem que ser com muita organização”, finaliza.

A pesquisa

A iniciativa do Governo do Estado de reunir sugestões sobre a retomada das aulas recebeu a contribuição de entidades com atuação em 441 municípios gaúchos, reunindo 759 respostas com propostas para o melhor cenário de reinicio das atividades presenciais, incluindo medidas de prevenção ao coronavírus e os desafios para implementar protocolos específicos.
Conforme o governo, as sugestões serão analisadas por um grupo de especialistas da Secretaria de Planejamento, Governança e Gestão (SPGG), com apoio das secretarias de Educação (Seduc) e da Saúde (SES). “Sabemos que o assunto da educação mobiliza muitas pessoas devido à preocupação com a vida das crianças e das famílias. Embora as crianças pertençam a um grupo de menor risco de letalidade, evidentemente são transmissoras do vírus. Não há uma solução fácil, então buscamos ouvir o máximo possível de entidades e de representantes do setor para chegarmos a uma solução coletiva e colaborativa”, explicou o governador Eduardo Leite, ao apresentar os resultados durante transmissão ao vivo pelas redes sociais no dia 30 de julho.

Os resultados

A consulta apresentou quatro cenários fechados, dos quais o que recebeu mais votos foi o que estabelece a retomada do ensino presencial em cinco etapas. Os ensinos Médio e Técnico seriam os primeiros a retomarem as atividades. Em seguida, os anos finais do Fundamental (do 6° ao 9° ano), os iniciais do Fundamental (do 1° ao 5° ano), o Superior e, por último, a Educação Infantil (creche e pré-escola). Essa proposta recebeu 679 votos (89,5%), de um universo de 759.
Em outro momento da pesquisa, pediu-se que as instituições montassem o cenário que, na visão de cada uma, era ideal para a retomada do ensino presencial. O retorno do Ensino Superior foi o mais votado para ser a primeira etapa, seguido dos ensinos Médio e Técnico, depois Fundamental (anos finais e após anos iniciais) e, por último, a retomada da Educação Infantil.
De acordo com o Estado, a educação movimenta, no Rio Grande do Sul, mais de 2,5 milhões de pessoas, desde a pré-escola à pós-graduação. Esse contingente representa ao redor de 20% da sociedade gaúcha. “É muita gente envolvida e, evidentemente, devemos ter todo o cuidado, porque significa uma grande circulação de pessoas nos deslocamentos e, em grande parte do tempo, que ficarão juntas em ambientes quase fechados ou fechados. Mas, de outro lado, temos a preocupação porque estamos falando da formação dos adultos que queremos, do futuro das gerações”, destacou Leite.
A decisão a respeito da retomada do ensino presencial ainda não está tomada. O governo do Estado segue debatendo internamente a questão, com as equipes técnicas, prefeitos e entidades que representam a educação.

A diretora da Escola São Rafael, Ana Paula Citolin Rigotto, declara que ainda não é hora de retornar à escola. - Gabriela Fiorio
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