A menor safra de uva dos últimos anos
Flores da Cunha produziu 42,2 milhões de quilos da fruta, o que representa 52,3% a menos do que a colheita passada
O que era previsto desde o ano passado se confirmou: a safra da uva teve a sua maior quebra dos últimos anos. Conforme dados do Instituto Brasileiro do Vinho (Ibravin), foram colhidos no Rio Grande do Sul 300,2 milhões de quilos de uva em 2016, o que representa 57,2% a menos do que o registrado no ano passado. Flores da Cunha também amargou com os números e anotou uma perda em mais de 50% de uvas colhidas. No total, o município produziu 42,2 milhões de quilos e processou 76 milhões, ou seja, comprou 34 milhões de quilos da fruta de outros municípios.
Em Nova Pádua, os dados não foram diferentes. O município vizinho produziu 16,4 milhões de quilos da uva, o que representa também um índice reduzido em relação aos últimos anos. O que difere é que Nova Pádua processou apenas 3,5 milhões de quilos e vendeu o restante para outros lugares. “Flores da Cunha ficou em 2º lugar na produção de uvas, atrás de Bento Gonçalves com 52 milhões de quilos colhidos, mas todos os municípios da região tiveram quebra”, explica o presidente do Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Flores da Cunha e Nova Pádua e vice-coordenador da Comissão Interestadual da Uva, Olir Schiavenin.
Os números refletem a combinação desastrosa de granizo, geada e excesso de chuva registrados no segundo semestre de 2015 e que atingiram em cheio a safra da uva gaúcha. “Os vários fatores climatológicos levaram a essa produção reduzida, que ocasionou a perda de 46 milhões de quilos de uva no município”, anota Schiavenin.
Mercado
A redução do volume atinge diretamente as vinícolas e o mercado consumidor, o que acalenta a dúvida sobre a falta de vinhos e os sucos de uva nas gôndolas. De acordo com o Ibravin, de janeiro a maio de 2016, foram comercializados 7% a menos de vinhos de mesa do que o mesmo período de 2015 e 7% a mais de vinhos finos. No geral, foram vendidos 6,5% a menos de vinhos do que o ano passado. Em 2015, nos primeiros cinco meses se comercializou 76,5 milhões de litros e, neste ano, 71,5 milhões de litros. No suco de uva integral, as vendas foram 0,41% a mais do que as registradas em 2015, ou seja, 35,2 milhões para 35,3 milhões de litros.
Diante disso, uma reunião do Comitê de Avaliação e Monitoramento de Estoques do Ibravin, realizada na terça-feira, dia 28 de junho, no auditório do STR florense, concluiu que a falta de vinhos é menos preocupante do que o mercado paralelo de comercialização de bebidas derivadas do vinho, como sangrias e coquetéis. “Ainda precisamos ver como vai se comportar o mercado, mas imaginamos que com todas as notícias de quebra da safra e a probabilidade de faltar produto, muitas pessoas compraram e estocaram as bebidas. Além disso, existe todo um mercado além do Rio Grande do Sul que também produz. O que nos preocupa mesmo é a volta do mercado paralelo de produtos que imitam o vinho”, atesta Schiavenin, que complementa que como o vinho teve um reajuste significativo devido ao Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI), as bebidas mistas com preços mais acessíveis estão se proliferando.
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