A magia e o talento de Oswaldo Montenegro
Artista se apresentou em Caxias do Sul no início do mês e volta ao palco neste domingo para encantar fãs de toda a região
Andréia Debon
Premiado no cinema e no teatro, Oswaldo Montenegro, um dos maiores compositores e músicos brasileiros, subiu ao palco do UCS Teatro, em Caxias do Sul, na quarta-feira, dia 2 de outubro. O artista fez um show inesquecível e emocionante. Com uma simplicidade pouco vista no meio artístico, Oswaldo circulou em meio ao público e cumprimentou os fãs antes de sua apresentação. O show, marcado para as 20h30min, iniciou pontualmente, confirmando o profissionalismo de um músico que tem em seu currículo 42 Cds gravados e 900 músicas. Durante uma hora e meia ele cantou o tocou canções de diversos álbuns seus, com destaque para seu mais recente CD, intitulado De Passagem. Ele subiu ao palco acompanhado pela flautista Madalena Salles, sua parceira profissional há quase 40 anos. Oswaldo Montenegro também está prestes a lançar seu segundo longa-metragem, Solidões. Antes de sua apresentação, Oswaldo Montenegro recebeu O Florense para uma entrevista. Confira abaixo.
Oswaldo Montenegro se apresenta novamente em Caxias do Sul neste domingo, dia 13, às 19h30min, na Praça Dante Alighieri, durante o encerramento da Feira do Livro. O show do UCS Teatro foi organizado pela Los Gringos Marketing & Eventos.
O Florense: Você circula pelo Brasil para apresentar seu novo álbum de inéditas intitulado De Passagem. Como caracterizar o repertório desse novo trabalho?
Oswaldo Montenegro: Um álbum de inéditas sempre traduz o que você estava passando naquele momento. Mesmo que você não queira, ele acaba sendo uma fotografia do que você estava vivendo. Nesse novo trabalho tem duas músicas que eu gosto muito: ‘Eu quero ser feliz agora’ e ‘Velhos amigos’.
O Florense: Você vai lançar no dia 2 de novembro em Porto Alegre seu segundo longa-metragem, Solidões. Nos fale um pouco sobre esse novo projeto...
Oswaldo Montenegro: Eu estava vendo outro dia que a solidão é a palavra mais usada em romances, peças, canções e filmes. O ser humano tem uma obsessão com isso. Então resolvi abordar esse tema de todos os jeitos, todos os conceitos, tudo o que é maneira de filmar, cada episódio é filmado de uma maneira tecnicamente. Tem uma mulher, que é a Vanessa Giácomo, que perdeu a memória, um cara que vai tentar a vida no Rio e não consegue sucesso, enfim, têm mil tipos de solidão, a mulher que espera o cara no bar e o cara não chega. E todos são narrados por essa mulher que perdeu a memória.
O Florense: Você concilia múltiplas atividades de criação, seja no teatro, na literatura ou no cinema. Quais são suas inspirações?
Oswaldo Montenegro: Eu tento escrever sobre o que eu vi, o que eu vivi, sobre o que me contaram ou sobre o que eu inventei. Às vezes eu misturo essas quatro coisas e fico sem saber se eu vi, inventei ou se aconteceu mesmo. Tudo o que eu faço é com muita paixão, muito prazer. Eu detesto férias, eu trabalho no que eu gosto, isso faz com que eu não tenha preguiça de trabalho. Eu mantenho a música como prioridade, sempre.
O Florense: Qual é a parte de todo esse processo musical que mais te emociona?
Oswaldo Montenegro: O palco. Quando você vai cantar você sente que a sua música fez companhia a alguém. Isso é muito emocionante.
O Florense: Você é um artista que há anos mantém proximidade com os fãs. O que um artista deve ter para não sair da memória do público?
Oswaldo Montenegro: Coragem. Eu acho que o que determina o sucesso do artista, principalmente do artista popular, é a coragem. Porque na arte popular você precisa ter uma marca. Tem milhões de pessoas fazendo arte, e com a tecnologia todo mundo consegue fazer uma arte média. O que distingue o artista é ele conseguir botar a marca dele. Se você botar a sua marca vai ter sempre alguém que te odeie, então precisa ter peito para botar a sua marca. Para você fazer o que você tem na cabeça você precisa ter peito. A indústria artística é muito louca porque ela tende a procurar alguém que seja parecido com alguém que fez sucesso, mas se você for parecido você não faz sucesso, então você tem que contrariar isso.
O Florense: Como a arte se insere nesse mundo cada vez mais tecnológico?
Oswaldo Montenegro: A tecnologia facilitou que as pessoas façam alguma coisa boazinha, alguma coisa que não seja ruim. Ficou muito fácil fazer uma coisa mediana. Então, mais do que nunca, é preciso ter coragem, inventar e fazer a diferença.
O Florense: Qual é sua opinião sobre a MPB atual?
Oswaldo Montenegro: Eu não tenho ouvido nada de MPB. Eu ouço trilhas de cinema e música erudita o tempo todo.
O Florense: Qual é sua opinião sobre o cinema brasileiro?
Oswaldo Montenegro: O Brasil ficou muito adulto cinematograficamente quando fez ‘Tropa de Elite 2’, eu acho um filme representativo e que mosra que o Brasil ficou maduro. Isso porque cinema é coisa pra gente adulta, não coisa pra improvisador, música popular é. A canção popular pode nascer no morro, pode nascer na praia, no sertão, ela pode, ela nasce. Agora o cinema não, o cinema é uma indústria, tem que ter maturidade.
O Florense: Como o artista Oswaldo Montenegro percebe o momento político que o Brasil vive?
Oswaldo Montenegro: Eu acho que o Brasil político é o reflexo do Brasil sociológico que precisa entender que não é bonitinho o herói mau caráter e preguiçoso, que não é engraçadinho ser esculhambado, que o governo somos nós. Nós somos um povo que nasceu em um país privilegiado de duas maneiras: geograficamente não tem furacão, não tem vulcão e sociologicamente nós temos uma mistura maravilhosa, essa mistura e esse sincretismo religioso impede que exista fundamentalismo no Brasil. Enquanto misturarem Xangô com Cristo nós estamos salvos. Em compensação a gente acredita na bagunça. O problema não é ter bagunça, o problema é você achar bonitinho a bagunça. O Brasil tem que parar de folclorizar o seu subdesenvolvimento e tem que se responsabilizar. Enquanto a gente jogar papel na rua ou ultrapassar sinal vermelho não pode reclamar do mensalão.
Premiado no cinema e no teatro, Oswaldo Montenegro, um dos maiores compositores e músicos brasileiros, subiu ao palco do UCS Teatro, em Caxias do Sul, na quarta-feira, dia 2 de outubro. O artista fez um show inesquecível e emocionante. Com uma simplicidade pouco vista no meio artístico, Oswaldo circulou em meio ao público e cumprimentou os fãs antes de sua apresentação. O show, marcado para as 20h30min, iniciou pontualmente, confirmando o profissionalismo de um músico que tem em seu currículo 42 Cds gravados e 900 músicas. Durante uma hora e meia ele cantou o tocou canções de diversos álbuns seus, com destaque para seu mais recente CD, intitulado De Passagem. Ele subiu ao palco acompanhado pela flautista Madalena Salles, sua parceira profissional há quase 40 anos. Oswaldo Montenegro também está prestes a lançar seu segundo longa-metragem, Solidões. Antes de sua apresentação, Oswaldo Montenegro recebeu O Florense para uma entrevista. Confira abaixo.
Oswaldo Montenegro se apresenta novamente em Caxias do Sul neste domingo, dia 13, às 19h30min, na Praça Dante Alighieri, durante o encerramento da Feira do Livro. O show do UCS Teatro foi organizado pela Los Gringos Marketing & Eventos.
O Florense: Você circula pelo Brasil para apresentar seu novo álbum de inéditas intitulado De Passagem. Como caracterizar o repertório desse novo trabalho?
Oswaldo Montenegro: Um álbum de inéditas sempre traduz o que você estava passando naquele momento. Mesmo que você não queira, ele acaba sendo uma fotografia do que você estava vivendo. Nesse novo trabalho tem duas músicas que eu gosto muito: ‘Eu quero ser feliz agora’ e ‘Velhos amigos’.
O Florense: Você vai lançar no dia 2 de novembro em Porto Alegre seu segundo longa-metragem, Solidões. Nos fale um pouco sobre esse novo projeto...
Oswaldo Montenegro: Eu estava vendo outro dia que a solidão é a palavra mais usada em romances, peças, canções e filmes. O ser humano tem uma obsessão com isso. Então resolvi abordar esse tema de todos os jeitos, todos os conceitos, tudo o que é maneira de filmar, cada episódio é filmado de uma maneira tecnicamente. Tem uma mulher, que é a Vanessa Giácomo, que perdeu a memória, um cara que vai tentar a vida no Rio e não consegue sucesso, enfim, têm mil tipos de solidão, a mulher que espera o cara no bar e o cara não chega. E todos são narrados por essa mulher que perdeu a memória.
O Florense: Você concilia múltiplas atividades de criação, seja no teatro, na literatura ou no cinema. Quais são suas inspirações?
Oswaldo Montenegro: Eu tento escrever sobre o que eu vi, o que eu vivi, sobre o que me contaram ou sobre o que eu inventei. Às vezes eu misturo essas quatro coisas e fico sem saber se eu vi, inventei ou se aconteceu mesmo. Tudo o que eu faço é com muita paixão, muito prazer. Eu detesto férias, eu trabalho no que eu gosto, isso faz com que eu não tenha preguiça de trabalho. Eu mantenho a música como prioridade, sempre.
O Florense: Qual é a parte de todo esse processo musical que mais te emociona?
Oswaldo Montenegro: O palco. Quando você vai cantar você sente que a sua música fez companhia a alguém. Isso é muito emocionante.
O Florense: Você é um artista que há anos mantém proximidade com os fãs. O que um artista deve ter para não sair da memória do público?
Oswaldo Montenegro: Coragem. Eu acho que o que determina o sucesso do artista, principalmente do artista popular, é a coragem. Porque na arte popular você precisa ter uma marca. Tem milhões de pessoas fazendo arte, e com a tecnologia todo mundo consegue fazer uma arte média. O que distingue o artista é ele conseguir botar a marca dele. Se você botar a sua marca vai ter sempre alguém que te odeie, então precisa ter peito para botar a sua marca. Para você fazer o que você tem na cabeça você precisa ter peito. A indústria artística é muito louca porque ela tende a procurar alguém que seja parecido com alguém que fez sucesso, mas se você for parecido você não faz sucesso, então você tem que contrariar isso.
O Florense: Como a arte se insere nesse mundo cada vez mais tecnológico?
Oswaldo Montenegro: A tecnologia facilitou que as pessoas façam alguma coisa boazinha, alguma coisa que não seja ruim. Ficou muito fácil fazer uma coisa mediana. Então, mais do que nunca, é preciso ter coragem, inventar e fazer a diferença.
O Florense: Qual é sua opinião sobre a MPB atual?
Oswaldo Montenegro: Eu não tenho ouvido nada de MPB. Eu ouço trilhas de cinema e música erudita o tempo todo.
O Florense: Qual é sua opinião sobre o cinema brasileiro?
Oswaldo Montenegro: O Brasil ficou muito adulto cinematograficamente quando fez ‘Tropa de Elite 2’, eu acho um filme representativo e que mosra que o Brasil ficou maduro. Isso porque cinema é coisa pra gente adulta, não coisa pra improvisador, música popular é. A canção popular pode nascer no morro, pode nascer na praia, no sertão, ela pode, ela nasce. Agora o cinema não, o cinema é uma indústria, tem que ter maturidade.
O Florense: Como o artista Oswaldo Montenegro percebe o momento político que o Brasil vive?
Oswaldo Montenegro: Eu acho que o Brasil político é o reflexo do Brasil sociológico que precisa entender que não é bonitinho o herói mau caráter e preguiçoso, que não é engraçadinho ser esculhambado, que o governo somos nós. Nós somos um povo que nasceu em um país privilegiado de duas maneiras: geograficamente não tem furacão, não tem vulcão e sociologicamente nós temos uma mistura maravilhosa, essa mistura e esse sincretismo religioso impede que exista fundamentalismo no Brasil. Enquanto misturarem Xangô com Cristo nós estamos salvos. Em compensação a gente acredita na bagunça. O problema não é ter bagunça, o problema é você achar bonitinho a bagunça. O Brasil tem que parar de folclorizar o seu subdesenvolvimento e tem que se responsabilizar. Enquanto a gente jogar papel na rua ou ultrapassar sinal vermelho não pode reclamar do mensalão.
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