A magia de criar papais-noéis
Rosana Zorzi, 52 anos, se dedica a dar vida aos bons velhinhos e resgatar o espírito natalino nas pessoas
É em um pequeno cômodo no segundo andar de uma casa, localizada no bairro Aparecida, o endereço onde materiais que seriam descartados ganham vida e se transformam em papais-noéis, bonecas, espantalhos, guarda-chuvas de crochê, pinheirinhos de Natal personalizados, porta-talheres e uma infinidade de outros itens. Nas mãos da habilidosa artesã, Rosana Zorzi, 52 anos, retalhos de tecido viram pequenas roupas; fios fazem a releitura quase perfeita do cabelo e da barba do Bom Velhinho.
Apaixonada por esse universo, a secretária de uma clínica odontológica lembra que começou a produzir suas artes após ter realizado um curso de confecção de papais-noéis ministrado por Rita Gasparin. Depois dessa capacitação surgiu o desejo de aprender a fazer bonecas, foi quando a florense decidiu realizar outro curso, desta vez conduzido por Eliana Zanela. “Eu quis começar a fazer Papai Noel para mim, porque gosto de costurar. Mas o negócio saiu do controle e passei a vender. No início foi uma coisa para enfeitar minha casa, um hobby, porque trabalho fora, e depois todo mundo começou a pedir. Aí comecei a vender para amigas, dou de presente, e quando me dei por conta não conseguia mais ‘dar a volta’. Hoje, fico costurando até às 23h, às vezes”, conta Rosana.
Além de confeccionar as artes depois do horário de trabalho, os finais de semana da secretária costumam ser dedicados ao artesanato: “Minha mãe está doente, está acamada, e no sábado eu vou lá, aproveito e faço. Tenho uma máquina de costura na casa dela também, eu costuro tudo, desde a roupinha, aí quando venho para a minha casa eu encho e coloco os papais-noéis sentados. Em outro momento finalizo”, detalha.
Só em 2023 a artesã acredita que já tenha produzido mais de 20 papais-noéis, no processo de criação que iniciou no fim de outubro, contudo, ela revela que pretende se programar para começar mais cedo nos próximos anos, como em setembro, pois em novembro sempre acaba acumulando pedidos que, neste ano, estão com uma novidade: os ferros reaproveitados da oficina de seu irmão, Ederson, que oferecem sustentação para os bons velhinhos permanecerem em pé. “O primeiro nesse modelo achei muito baixinho, aí eu disse para ele (irmão) fazer maior, depois, então, fiz outros dois, que já estão vendidos”, comemora a florense.
Rosana lembra que começou a se dedicar a confecção de bons velhinhos há cerca de uma década, mas que, no início, produzia apenas para si: “É engraçado porque teve um ano que eu tinha Papai Noel em todos os lugares do consultório (que trabalho há 25 anos), inclusive um estava sentado, lendo o Jornal O Florense”, recorda, com carinho.
Uma preocupação da artesã também é com o meio ambiente, afinal, quando ela diz que reaproveita materiais para utilizar em suas criações ela se refere, especialmente, aos itens que ganha de seus amigos e conhecidos que, muitas vezes, seriam descartados. “Eu ganhei uma cesta, brinquedos, tem os cabelinhos que sobraram também. As gurias da confecção me deram feltro há um tempo atrás, e estou ainda usando. Ganho tecidos, faço os pinheirinhos com borboletas, gnomos, passarinhos que depois a gente coloca um prendedor e uma mensagem, presentes personalizados. As pessoas me dão bastante sobras, tenho amigas costureiras que me dão várias coisas, como botões, enfeites, e eu gosto bastante de reutilizar, conforme a criatividade”, exemplifica a secretária, acrescentando que muitos lhe dão modelos para tirar moldes, ideias e inspirações.
A florense conta que não lembra se em outros anos colocou nas redes sociais suas artes, mas que em 2023 publicou mais vezes, o que está resultando em um número maior de pedidos: “Uma amiga posta, outra amiga curte, compartilha, então este ano foi um pouquinho mais divulgado, mais intenso que nos outros. Nos anteriores as pessoas me ligavam no particular e no consultório, me mandavam mensagens encomendando”, revela Rosana, acrescentando que suas produções também estão disponíveis na loja Atelier da Arte, no Centro da cidade.
Os bons velhinhos também acabam funcionando como uma fonte de renda extra para a secretária, que não nega que o valor faz a diferença no fim do mês, contudo, a principal razão para desenvolvê-los vai muito além disso: “É um escape, gosto de estar em movimento, de falar com pessoas. Então isso aqui, além de ser um hobby, possibilita com que eu interaja com as pessoas, conheci muitas por meio do Papai Noel. O artesanato me deixa satisfeita, tanto pelo processo da confecção em si, como pelo de interagir com pessoas. Eu não vou ficar rica com eles (papais-noéis), meu objetivo não é ficar rica com isso, é fazer o que gosto”, defende Rosana, orgulhosa, acrescentando que se alguém quiser um Papai Noel e não tiver muita pressa ainda dá tempo de encomendar, neste caso, os prazos e valores podem ser combinados diretamente com ela pelo telefone (54) 9.9700.2252.
E se as vendas natalinas são feitas, em sua maioria, para Flores da Cunha e região, a comercialização de outro item confeccionado por Rosana já ultrapassou as fronteiras do território nacional e foi destinada para os Estados Unidos. Estamos falando dos charmosos guarda-chuvas de crochê, que recebem uma capa transparente em cima da trama e que Rosana já produziu mais de 40 unidades. O acessório também já foi entregue no estado do Paraná e em Santa Catarina.
“O artesanato não é uma profissão minha, como tem pessoas que fazem disso uma profissão, é meu hobby, eu sou apaixonada por coisas de pano, estou sempre inventando. Fiz o curso e já imagino um material tendo outra funcionalidade, como um pote de sorvete que coloquei pezinhos para fazer o Papai Noel tomando banho de banheira, já vou pensando em várias possibilidades”, explica a florense, que também realiza a reforma de papais-noéis e guirlandas, não só natalinas.
Apaixonada pela Disney e seus personagens, especialmente o Mickey e a Minnie; por quebra-cabeças e livros, Rosana ressalta que gosta muito de estudar e adianta que, para o próximo ano, pretende fazer outros cursos: “Não vou fazer do artesanato uma profissão, mas quero continuar produzindo. Pretendo me aperfeiçoar para minha satisfação porque sempre tenho essa vontade de aprender coisas novas, gosto disso, e, quem sabe, fazer novos amigos, ir vendendo”, conclui, cercada por seus papais-noéis.
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