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A importância do leite materno

O Agosto Dourado incentiva a amamentação que é benéfica tanto para o bebê quanto para a mamãe

O pequeno Lucca Gross Reis tem apenas um mês e meio de vida, mas uma fome de leão: desde o nascimento, ganhou 1,2kg se alimentando apenas do leite materno. “O Lucca mama, dorme e quando acorda já quer mamar de novo. De madrugada, é de três em três horas. Ele é bem esfomeadinho”, revela a mamãe Monissa Sandi Gross, 36 anos, alegre com a dieta do filho, cada vez mais forte e saudável. 
Mas ele nem sempre foi bom de boca. Monissa seguiu todos os protocolos que se esperam de uma boa mãe de primeira viagem: fez curso de aleitamento materno durante um ano, aprendeu como pegar e posicionar o bebê, tudo para facilitar a alimentação do filho que estava por vir. Quando Lucca nasceu, no entanto, ela teve dificuldades para amamentá-lo, tentativas que inclusive geraram uma fissura na mama direita.
“Quando ele era menorzinho, não conseguia abrir muito a boca. Isso atrapalha para pegar o bico do seio. Mas ele foi crescendo, se adaptando e conseguindo. Agora está tudo normal”, comemora Monissa. Uma das estratégias para fazê-lo mamar melhor foi aprendida na consultoria de aleitamento: “O Lucca não conseguia deitado. Então, lembrei que tinha uma posição melhor: a de cavalinho. Ele preferia assim”. 
Aluna aplicada do curso, Monissa tem na ponta da língua outras lições aprendidas nas aulas, que também explicavam todos os benefícios do leite materno: “Ele é o principal alimento do recém-nascido, tem tudo que ele precisa: os nutrientes, as vitaminas, está tudo ali. Não precisa dar mais nada para o bebê”. Prova disso é o bebêzão Lucca, que no seu 46º dia de vida já ostenta 4,6kg, todos frutos do aleitamento. 
Inquieto logo que chegou em casa, depois de ter passado sua primeira semana no hospital, o bebê já está mais adaptado à nova rotina. “Agora ele está mais tranquilo, se comporta bem, não é chorão. Só chora quando quer mamar”, conta a mãe. Lucca, que não nasceu ontem, já conhece um velho ditado: quem não chora, não mama – e também já parece saber que, para seguir crescendo, o melhor alimento é o leite da mãe. 

Bom para as mamães
Mas não são só os bebês os beneficiados. De acordo com a médica mastologista Gabriela Grando Pinzon, que atende em Flores da Cunha, já na primeira mamada, imediatamente após o nascimento, o leite traz benefícios para as mamães, auxiliando na contração uterina, diminuindo sangramentos, melhorando a recuperação materna, além de prevenir anemia e ajudar na recuperação mais rápida do peso pré-gestacional e ter efeito protetor proporcional ao tempo de amamentação para câncer de mama, ovário e endométrio.
Para os bebês, claro, também há ganhos. “Estudos mostram que crianças que foram amamentadas podem apresentar menos alergias, infecções, diarreias, doenças respiratórias, menor risco de morte súbita, de câncer infantil e  menores chances de desenvolver obesidades e diabetes tipo 2 na vida adulta”, elenca Gabriela. Conforme a médica, o leite materno se adapta a cada fase da criança e é o alimento mais equilibrado, pois atende a todas as necessidades do bebê nos primeiros 6 meses. Conforme a orientação do Ministério da Saúde e da Sociedade Brasileira de Pediatria, deve ser mantido até pelo menos 2 anos de idade ou mais e de forma exclusiva nos 6 primeiros meses.
Para quem está prestes a virar mamãe, durante a gestação não é necessário realizar preparo das mamas. Gabriela relata que o próprio organismo materno e os hormônios gestacionais se encarregam do preparo. “Possuímos glândulas específicas que aumentam a lubrificação deixando as mamas hidratadas e protegidas. O uso de buchas, pomadas e cremes são contraindicados, pois deixam os mamilos mais sensíveis e podem favorecer lesões e infecções. Ao meu ver, o que pode fazer toda a diferença na amamentação é a informação”, sugere a médica, destacando que se informar é essencial para enfrentar dificuldades que podem surgir – exatamente como fez Monissa. “Hoje em dia temos acesso fácil à informação de qualidade e as gestantes devem aproveitar este período da gravidez para ler e se informar”, orienta.

O desmame e a ajuda familiar
A médica mastologista informa que, após o parto é essencial ter a pega correta para evitar fissuras no mamilo, manter o aleitamento sob livre demanda e iniciá-lo na primeira hora pós-parto. “Ter a ajuda e o suporte da família é fundamental. Amamentar, principalmente no início, exige muito tempo da mãe, por isso é importante não sobrecarregar a puérpera. Estresse e privação de sono comprovadamente diminuem a produção do leite materno”, relata a médica. 
Gabriela destaca que, infelizmente, nem sempre ter todo o conhecimento e apoio é suficiente para o sucesso da amamentação. “Muitas vezes o não poder e o não querer amamentar geram muitas cobranças e preocupações para as mães. O desmame ocorre por diversos motivos, que nem sempre conseguimos evitar, além do mais a experiência de amamentar não é prazerosa para todas as mães e, nesse momento, devemos fornecer apoio para que cada uma possa escolher o que é melhor para ela e seu bebê”. 
Amamentar, além de todos os benefícios, é uma questão de saúde pública, mas é importante que as mães saibam e se tranquilizem, pois existem outras formas de nutrir seus bebês com segurança e transmitir amor além da amamentação. “Em situações onde não se pode amamentar, como certas doenças maternas e infantis que contraindicam a amamentação, pacientes que foram submetidas à cirurgia de mastectomia profilática, uso de quimioterápicos ou que por outros diversos motivos não podem amamentar, devem procurar o pediatra para avaliar cada caso e indicar o melhor alimento para a criança”, informa a especialista, destacando que se a mãe produz leite, o mesmo pode ser ordenhado e ofertado para o bebê; caso não tenha leite ou possua contraindicação para amamentar, pode-se recorrer ao Banco de Leite materno ou fórmulas infantis apropriadas para cada bebê. 

Agosto Dourado
Considerado o alimento mais completo para os bebês, o leite materno sacia a fome, contribui para a melhora nutricional, reduz a chance de obesidade, hipertensão e diabetes, diminui os riscos de infecções e alergias, além de provocar um efeito positivo na inteligência e no vínculo entre mãe e bebê.
O leite materno é repleto de anticorpos, fundamentais para a saúde e a resistência do bebê a doenças, por isso é fundamental que a criança o receba como única fonte de alimento até os seis meses.
A importância da amamentação para o pleno desenvolvimento das crianças é tema da campanha Agosto Dourado, criada em 1992 pela Organização Mundial da Saúde (OMS) em parceria com o Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef). 
O Agosto Dourado simboliza a luta pelo incentivo à amamentação – a cor dourada está relacionada ao padrão ouro de qualidade do leite materno. De acordo com a OMS e o Unicef, cerca de 6 milhões de vidas são salvas anualmente por causa do aumento das taxas de amamentação, exclusiva até o sexto mês de idade.

Monissa Sandi Gross amamenta o filho Lucca desde o momento de seu nascimento. - Pedro Henrique dos Santos
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