A força das agroindústrias
Dois empreendimentos foram inaugurados no distrito de Mato Perso na semana passada
São doces de frutas e compotas, vinhos e sucos de uva, massas e panificados, além de queijo empanado. No total são oito agroindústrias no município de Flores da Cunha, todas com o Certificado de Inclusão no Programa Estadual de Agroindústria Familiar (Peaf). Dessas, três estão localizadas no distrito de Mato Perso, uma em Otávio Rocha, uma no Alfredo Chaves e três no Travessão Rondelli. E a expectativa é de crescimento nessa área. “Temos outras duas agroindústrias que estão em fase de finalização do processo e outras três em planejamento”, destaca a secretária de Agricultura e Abastecimento, Stella Pradella, que salienta que as agroindústrias agregam valor às propriedades.
Desde 2018, o município auxilia na construção desses novos empreendimentos com o subsídio de 100% de terraplenagem, até 30 horas, além dos serviços já oferecidos para os demais produtores rurais, como serviços de máquinas. “Com o projeto de lei que auxilia na construção vimos resultados no aumento do número de agroindústrias, atendendo assim a expectativa do produtor”, afirma Stella.
A Secretaria da Agricultura também auxilia na elaboração do projeto técnico, juntamente com a equipe da Emater. Conforme a engenheira agrônoma da Emater/Ascar-RS de Flores, Clarissa de Quadros, existem requisitos que os produtores precisam cumprir para conseguir se enquadrar no Peaf e receber o assessoramento da entidade. “Um exemplo é a Declaração de Aptidão ao Pronaf (DAP), que enquadra o agricultor como pequeno produtor. A partir disso, a Emater vai analisando os pré-requisitos, porque cada caso é um caso. Um ponto importante para formalizar uma agroindústria é que o agricultor tem que produzir sua própria matéria prima”, informa Clarissa.
O selo Sabor Gaúcho, marca registrada das agroindústrias familiares, é um dos pontos positivos de formalizar o empreendimento, sendo possível expandir a comercialização e participar de feiras e exposições, o que gera maior visibilidade ao negócio. “A agroindústria deixou de ser uma renda secundária para ser a renda principal na propriedade, e acreditamos que Flores tem uma potencialidade enorme para possuir agroindústrias familiares. Além disso, é uma forma de incentivar os jovens a permanecerem no meio rural e manterem a sucessão familiar”, pontua.
As agroindústrias florenses são: Doces Silber (doces de frutas e compotas), em Otávio Rocha; Mata Nativa (sucos de uva), Agroindústria Laticínio Garbin (queijo empanado), Agroindústria Geni Zamboni (massas e panificados), em Mato Perso; Adega Mascarello (vinhos), Vinícola Vilena (vinhos e sucos), e Casa Venâncio (vinhos e sucos), no Travessão Rondelli; e Agroindústria Della Famiglia (suco de uva), no Travessão Alfredo Chaves.
Os novos negócios
Contemplando a programação do aniversário de 95 anos do município, as empresas Laticínio Garbin e Geni Zamboni, ambas localizadas no distrito de Mato Perso, foram inauguradas na semana passada. As duas agroindústrias mantêm 100% da mão de obra familiar, onde a segunda geração já está envolvida nos negócios. Nesses empreendimentos, os agricultores são protagonistas do processo, atuando ao longo de toda a cadeia produtiva: produção, industrialização e comercialização. Além disso, ofertam alimentos saudáveis, seguros e saborosos que preservam a identidade culinária e cultural da cidade.
Há 20 anos atuando na área, Geni Zamboni, 63 anos, começou a produzir biscoitos para festas de colônia em sua residência, na comunidade de Santa Juliana. Com um sabor especial, o produto começou a ganhar espaço nas comunidades e a ideia de produzir mais variedades surgiu. Hoje, com o apoio da filha, Suzana Zamboni, 31 anos, as duas se engajam e trabalham de domingo a domingo para dar conta de tantos pedidos. “Trabalhamos sob encomenda. Fizemos massas, biscoitos, doces e salgados”, elenca Geni.
Com o auxílio da Emater e da prefeitura, o hobby de elaborar produtos alimentícios virou negócio. “Investimos bastante e hoje estamos bem satisfeitas. Muita gente conhece nossos produtos e vendemos para várias cidades. É um esforço que deu certo e é o sustento para toda a família”, conta a empresária.
Para elas, a qualidade é fundamental. “Não pensamos em crescer e ter uma microempresa com funcionários. Gostamos de fazer do nosso jeito. Esse é o nosso ponto de destaque, a nossa identidade. Queremos manter o bom trabalho e, principalmente, a qualidade”, salienta Suzana, que brinca que possui um certo “ciúme” das suas receitas. “As receitas da mãe é ela quem faz, as minhas sou eu. Somos bastante rigorosas em cada detalhe. E se eu fizer uma receita dela, nunca vai ficar igual”, relata.
Outro empreendimento que abriu as portas oficialmente nessa semana foi o Latícinio Garbin, na comunidade São Victor e Corona. Os agricultores Oscar Garbin, 56 anos, e Maria Garbin, 59 anos, são os idealizadores da agroindústria, que desde 2007 vem sendo estudada para a fabricação de empanado de queijo colonial. Hoje, com toda a produção própria – possuem 18 vacas em lactação –, a empresa fabrica aproximadamente 50 quilos de queijos por dia, com a venda principal para restaurantes. “Nossa agroindústria tem toda a mão de obra familiar. Tenho um irmão que cuida da alimentação dos animais e do leite. O restante da família fica na produção dos queijos e no empanado”, conta Elisa Garbin, 24 anos, primogênita dos proprietários.
Em abril de 2018, a agroindústria foi a primeira empresa a ser registrada no Serviço de Inspeção Municipal (Sim) – saiba mais abaixo. Legalizada dentro das normas e com o aval de comercializar o produto em âmbito municipal, a Laticínios Garbin aumentou em 30% a produção. “Com o Sim buscamos melhorar muito, desde a alimentação das vacas até o produto final, pensando sempre na qualidade”, enfatiza.
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