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A corrupção será um adversário nas eleições de 2016?

Pleito municipal do próximo ano deve enfrentar descrédito por parte dos eleitores devido à série de denúncias no país. Confira a opinião dos políticos florenses e paduenses sobre o tema

Até hoje, desde 1º de janeiro, os brasileiros já pagaram quase R$ 90 bilhões em tributos. As verdadeiras farras que ‘usufruem’ do dinheiro público se revelam a cada dia em todo o país, e nisso se entende por que se paga tanto e sobra tão pouco para os serviços públicos como segurança, educação e saúde. A zombaria dos políticos que ‘metem’ a mão no dinheiro público contratando serviços inexistentes, mantendo funcionários fantasmas para embolsar salários, recebendo verbas indenizatórias sem necessidade, entre outras façanhas, resulta em milhões em prejuízo para o Brasil.

As provas existem, as testemunhas também, mas os envolvidos negam e os brasileiros desacreditam cada vez mais na classe política. Em 2016, moradores de mais de 5,5 mil cidades brasileiras irão às urnas para eleger seus prefeitos e vereadores, entre elas Flores da Cunha e Nova Pádua. O Florense pediu aos presidentes das principais siglas florenses e paduenses de que forma essa sequência de denúncias de corrupção pode afetar as eleições municipais, dando aos políticos descrédito por parte dos eleitores.

A sucessão de desvios de verbas públicas contraria qualquer moral, lei ou organização social de uma democracia, resultando em um ambiente de declínio que contaminou o Brasil. Concomitantemente a esse cenário, os partidos iniciam conversas suaves, movimentações e articulações que devem originar a nominata municipal de candidatos a serem votados possivelmente no dia 2 de outubro de 2016. Os presidentes dos partidos afirmam que ainda é cedo para citar nomes, mas as siglas já trabalham internamente com o intuito de renovar seus diretórios, buscar novos filiados e, principalmente, atrair possíveis candidatos que carreguem consigo um ar de novos tempos.

Confira nesta e na próxima página o depoimento dos presidentes dos principais partidos escolhidos pela reportagem – todos responderam à seguinte pergunta: “A sequência de denúncias de corrupção envolvendo políticos deixa a classe em descrédito para a eleição municipal de 2016?”.


As opiniões em Flores da Cunha


Antonio Carlos Ingles, presidente do PTB:
“Esses casos de corrupção devem ser investigados, apurados e punidos. Não concordo com a maneira como isso vem sendo feito, onde o político investigado permanece no cargo eletivo durante o julgamento. Apesar de a nossa lei dizer que ninguém é culpado até ser julgado, entendo que essas pessoas deveriam ser afastadas, garantindo assim uma política boa. O PTB está focado na boa política da nossa cidade e até mesmo do Estado, buscando benefícios para a sociedade sem levar vantagem. Na próxima eleição acredito que o contexto ainda vá mudar muito, isso porque se faz necessário pesar o que é positivo e o que é negativo na política. Existem coisas negativas da qual não concordamos, mas aos poucos vamos renovando a ‘frota’ de políticos, buscando pessoas novas e dizendo ‘chega’ às velhas ideias de favorecimento. A boa política pensa na sociedade como um todo”.


Daniel Gavazzoni, presidente do PP: “No Brasil os políticos estão em descrédito, mas acredito que em Flores da Cunha a realidade é diferente e não enfrentamos esse problema. Temos políticos sérios, que estão fazendo um trabalho correto e por isso não há como comparar ao cenário nacional. É outra forma de trabalhar e são outros políticos. Em termos nacionais, se são culpados, que paguem independente de partido. Fico impressionado com tudo o que surge, mas tenho que acreditar que nosso município está fora disso tudo. Acredito que esses casos nacionais podem interferir nas próximas eleições. Temos que ver Flores da Cunha como uma cidade que está prosperando e crescendo e seus políticos ainda são sérios. Temos um longo caminho a trilhar, mas é preciso acreditar que um dia as pessoas honestas irão se manifestar”.


Élio Dal Bó, presidente do PMDB: “A eleição municipal de 2016 não sofrerá descrédito. Lógico que na análise geral o nivelamento acaba sendo por baixo. Que a classe cai no descrédito é uma opinião geral, mas acredito que em nível municipal o povo acompanha o trabalho político mais de perto. Quem representa essa classe em Flores da Cunha tem retidão e o objetivo em comum de torná-la uma cidade cada vez melhor. Cada situação corrupta que vem ao conhecimento público sempre afeta os políticos, mas os florenses são politizados ao ponto de estabelecer essa diferença. Precisamos exaltar e dividir as coisas boas, a parte ruim deve servir como reguladora, tanto para os políticos como para a população. Um governo não é feito somente de políticos, mas também de forças vivas da comunidade, de entidades, tudo em parceria, inclusive com a oposição. Assim se ganha força pelo bem comum”.


Antônio Admir Oliboni, presidente do PDT: “Essa descrença na classe política é generalizada em todo o país. Principalmente porque enxergamos os que estão no poder com uma intensidade muito maior. E isso fica ‘pipocando’ de um partido para outro, pois quando se está no meio da sujeira, da corrupção, a meta do corrupto é corromper aquele que é sério. Em âmbito municipal, temos um bom prestígio da população pela seriedade do partido. Entendo que aqui a população sabe com quem está lidando, cada cidadão é conhecido por todos. Entendo que cada bom político que se omite abre margem para mais 10 ruins entrarem. Faço um apelo à população para que as pessoas de bem coloquem o nome à disposição para que tenhamos administrações claras e de igualdade para todos, sem dar espaço para a corrupção. Conclamo que a população faça parte da vida política de Flores da Cunha, primando pela qualidade dos nossos candidatos e das pessoas que vão nos representar”.


Jatir Mosquer, presidente do PT: “A corrupção não é exclusiva da classe política. Temos diversos exemplos de corrupção fora dos governos e os governos são, na verdade, um reflexo da sociedade. Precisamos preservar as instituições, tendo uma Polícia Federal forte e livre, um Ministério Público atuante e uma Justiça rápida e com penas exemplares, que inibam essas ações de roubos e desvios. É nisso que temos que trabalhar, não deixando a corrupção impune. Infelizmente a corrupção faz parte do sistema capitalista, onde as pessoas têm seu preço e se vendem – isso porque as instituições estão enfraquecidas. Acredito que as eleições municipais de 2016 terão reflexos desse cenário atual. Os eleitores devem passar a valorizar mais as pessoas do que os partidos, o que resulta novamente em instituições enfraquecidas, onde um governo não tem a maioria e as pessoas cedem a pressões e assédios. Todos os partidos passam por problemas, precisamos fortalecer as instituições, sendo isso exemplar para a democracia”.


Marcelo Golin, presidente do PSB: “O que ouvimos da população é exatamente esse descrédito. Existe certo receio, pois infelizmente vão todos para o mesmo lado, o do político que não presta. Penso que se as pessoas se envolverem mais, tomando decisões a favor da boa política e até delas próprias, a corrupção irá diminuir. Agora é a hora crucial de todos se envolverem, independente de partidos, com o intuito de somar e acabar com essas corrupções e até a própria ideia da população, onde se presume que são todos iguais. Nessas eleições a população deve se envolver, não precisam concorrer a um cargo, mas entender como a política funciona, como uma eleição pública acontece e ter uma opinião formada. Conhecer mais o sistema municipal governista também ajuda na hora de cobrar, exigir resultados e ações. A população precisa se envolver mais e ter uma opinião que agrega”.


Valdomiro Viasiminski, presidente do PRB:
“É preciso acabar com essas situações, não podemos conviver com isso e é necessário mudar. A população está indignada e nós, como políticos, temos essa opinião. Buscamos sempre o trabalho digno e honesto, porém, somos crucificados, sofremos com o descrédito, resultado da ação dos corruptos. Precisamos lutar para acabar com a corrupção, fazendo com que esses políticos sem valores sumam da sociedade, pagando por seus atos. É difícil trabalhar esse assunto nas próximas eleições municipais. Por vezes se pensa em abandonar a política. Mas se nós, os políticos que fazem um trabalho correto a abandonarem, então os corruptos estarão sempre no poder. É preciso manter-se procurando pessoas do bem, de qualidade, e agregá-las conosco, deixando de lado aqueles que chegam para corromper os partidos”.


As opiniões em Nova Pádua


Guido Baggio, presidente do PDT:
“Esses casos descobertos no governo brasileiro são absurdos, mas devemos pensar nos municípios e separar as coisas. Não temos culpa de nada que está acontecendo, tanto no Congresso como na Assembleia Legislativa, esta em casos vistos recentemente. Precisamos pensar mais no nosso município e nos nossos políticos, pois temos políticos sérios, honestos e que ‘vestem a camisa’ para o progresso da cidade. Nas eleições de 2016 não podemos misturar as situações. Esse assunto deve ser tratado com seriedade e de forma ampla, buscando sempre isolar a política federal e estadual da municipal”.


Ildo Stangherlin, presidente do PP: “Para nós, homens públicos, passar para o povo que realmente existem políticos bons, pessoas com boas intenções e que querem que o município cresça, é um grande desafio diante dos péssimos exemplos que chegam de cima. Para as próximas eleições estamos trabalhando para fazer com que os eleitores entendam que existem profissionais de boas intenções. Nós, políticos, como o povo, estamos frustrados. É possível fazer uma política limpa e honesta. Será um desafio a trabalhar na próxima eleição”.


Rafael Martello, presidente do PMDB: “Acredito que essa situação não irá interferir nas eleições municipais, pois em Brasília temos um cenário e aqui outro. Nos municípios pequenos a população tem o hábito de conhecer seus políticos, podendo acompanhar o dia a dia dessas pessoas. A corrupção existe por anos e, no entanto, os políticos daqui sempre receberam a confiança da população. Em Nova Pádua todos sabem da índole de cada um, independente de partido, todos se conhecem, e por isso acreditamos que esses casos não influenciem na política local. Nos casos nacionais, todos os partidos estão envolvidos. Estamos em outra realidade, por isso acredito que as eleições de 2016 não terão essa influência”.


Ronaldo Boniatti, presidente do PSDB: “Dentro de uma perspectiva nacional de opinião pública, com certeza o cenário afeta a ideia geral sobre o político. Tudo tem um lado bom e ruim e acredito que a política não deve ter como parâmetro os políticos ruins, como tem sido conduzido nos últimos tempos, mas sim os bons exemplos. Nos municípios, porém, existem cenários totalmente diferentes do nacional. As coisas acontecem, somos mais fiscalizados, e realmente se leva a política de uma forma séria, procurando reverter ao máximo o que temos de recursos em benefícios para a população. As pessoas enxergam isso. Essa imagem macro do político poluído não existe em Nova Pádua, onde as pessoas têm discernimento para separar, inclusive com o reconhecimento público do que é positivo”.


Valdir Krilow, presidente do PT: “Essa situação de corrupção pelo Brasil é péssima para todos os políticos. Nosso trabalho não fica fácil nesta que é uma crise geral no país e que atinge a todos os partidos. As instituições políticas sofrem com as notícias de Brasília. Precisamos ter menos impostos, corrigindo o que é dever do povo; para isso que os políticos devem trabalhar. Os partidos irão sofrer com esse cenário, o PT principalmente”.


 - Nelson Jr/TSE/Divulgação
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