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90 anos de realização pela fé

Irmã Maria Bernarda de Cristo Rei, do Mosteiro Nossa Senhora do Brasil, comemora nesta sexta-feira, dia 11, mais um ano de vida

Feliz e realizada. É assim que se sente Giuditta Maria Franca Cursano, a irmã Maria Bernarda de Cristo Rei, que completa nesta sexta-feira, dia 11, 90 anos de idade. Uma vida dedicada à fé, grande parte dela no Mosteiro Nossa Senhora do Brasil, em Flores da Cunha, onde entre idas e vindas, passou quase três décadas. A bonita relação com o município foi coroada no ano passado, quando a Irmã recebeu o título de “Cidadã Florense”. Mas a sua história de fé começou muito antes – e a muitos quilômetros daqui.
Irmã Bernarda, também conhecida como Franca, nasceu em 1930, na cidade de Prátola Pelinha, na Itália. Viveu uma infância tranquila com os pais, Angelo e Ana Di Loreto Cursano, e os irmãos, Maria Cristina e Savério, até a eclosão da Segunda Guerra Mundial, que traz lembranças tristes para a religiosa. “Foi uma experiência muito dolorida. A partir daquele momento, passei a pensar mais em Deus”, recorda.
Na infância, Franca sonhava em ser médica e trabalhar na África para cuidar dos meninos pobres. Mais tarde, por influência do pai, formou-se em Direito. Deu aulas na área, chegou a prestar concurso, quando a vocação religiosa finalmente revelou-se. Era 21 de janeiro, festa de Santa Inês. Franca leu um salmo que diz: Vi o limite de todas as coisas, somente a Tua Aliança é infinita. Então, teve a certeza de que valeria a pena ser consagrada ao Senhor.
Assim, no dia 17 de setembro de 1962, já com 32 anos, Franca entrou para o Mosteiro em Roma e passou a chamar-se Irmã Maria Bernarda de Cristo Rei. “Lembro que na primeira noite no Mosteiro, estava embaixo das cobertas e eu cantava de felicidade porque era Jesus que me chamava”, relembra emocionada. 
As novatas recebiam o nome da última Irmã que tinha morrido no Mosteiro, neste caso: Maria Bernarda, que entrou para lá no dia de Cristo Rei. A primeira de muitas coincidências que iriam marcar a trajetória da Irmã, já que Cristo Rei era como se chamava o Instituto onde estudara e Bernarda um nome de origem benedetina – anos antes, uma amiga de fé havia profetizado que ela seria reconhecida por um nome beneditino, apesar de ser uma irmã Franciscana.
Mas a maior das coincidências ainda estava por vir – e uniria para sempre a vida de Bernarda com Flores da Cunha. Acompanhada de outras quatro irmãs, ela chegou ao Brasil em 21 de janeiro de 1979, novamente em um dia de Santa Inês.
Sua vinda foi iniciativa do então Ministro Geral da Ordem dos Capuchinhos, Frei Pascoal Rywalski, que visitou o Capítulo das Esteiras no Rio Grande do Sul e achou o ambiente propício para a presença de Irmãs contemplativas, orantes por vocação. Diante da ideia, o Ministro Provincial, Dom Ângelo Salvador, pediu auxílio à Federação Italiana, que enviou ao estado cinco irmãs – dentre elas Maria Bernarda. Dias antes da viagem, elas receberam a benção do Papa João Paulo II. 
No Rio Grande do Sul, Bernarda sentiu-se em casa. Ela revela que sempre teve um carinho especial pela região de Vêneto, na Itália, pela beleza do lugar e seus homens altos e bonitos. Em Flores da Cunha, teve a oportunidade de se reencontrar com o país natal. No ano passado, Maria Bernarda passou a ser oficialmente uma “Cidadã Florense”, título entregue pela Câmara de Vereadores de Flores. A cerimônia ocorreu em 11 de setembro, mesmo dia em que completou 89 anos de vida. “Me senti realizada. Porque me uni aos vênetos, que eu amava muito”, diz emocionada.
Em 2020, ao comemorar mais um aniversário, a Irmã afirma estar surpresa por chegar aos 90 anos e reconhece que a principal razão para sua vitalidade é a fé em Cristo. Sobre o futuro, ela diz: “Gostaria de fazer mais alguma coisa para o Senhor, mas além de oferecer-lhe a vida, o que posso fazer?”.
E ao olhar para o passado, a Irmã Bernarda revela que consegue enxergar o dedo de Deus em cada passo de sua trajetória: “Agora de longe, do alto, tenho uma felicidade profunda em perceber combinações que mostram a presença de Deus. Abençoo tudo o que aconteceu. Tudo serviu para estar com Jesus. Amor maior que o Dele não se encontra, é força para a vida”.

 - Arquivo O Florense
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