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35 anos de fé e presença silenciosa

Missa campal em louvor ao aniversário do primeiro mosteiro da ordem erguido no Brasil ocorre quinta-feira, dia 8, às 20h, com a presença do bispo dom Alessandro Ruffinoni

Em 8 de dezembro de 1981 uma faixa com os dizeres ‘Uma presença escondida e silenciosa que questiona o mundo’ estava fixada nas paredes do Mosteiro Nossa Senhora do Brasil. Ela simbolizava a chegada da Ordem das Irmãs Clarissas Capuchinhas em solo florense e marcava a inauguração do primeiro mosteiro da congregação no Brasil. Três décadas e meia depois, a frase ainda representa o ideal das religiosas. “Os fiéis nos acolheram no silêncio, na oração e no trabalho e resgatar essa história é mostrar essa acolhida e também para que ela se mantenha viva. A nossa missão é lembrar a comunidade que a contemplação é a meta final”, pontua a madre Maria Bernarda, uma das cinco irmãs italianas que fundaram o Mosteiro Nossa Senhora do Brasil em Flores da Cunha.

Para festejar os 35 anos de presença no município uma programação especial foi montada pelas Clarissas Capuchinhas. Sob o tema 35 anos de Oração e Trabalho, os festejos começaram segunda-feira, dia 5 de dezembro, com o tríduo preparatório até hoje, na capela do Mosteiro. A missa campal em louvor ao aniversário ocorre quinta-feira, dia 8, às 20h, em frente ao mosteiro, e terá a presença do bispo dom Alessandro Ruffinoni, do ministro provincial Cleonir Dal Bosco e demais celebrantes. A celebração será animada pelo coral infanto-juvenil Vozes do Futuro de Nova Pádua. “Nosso objetivo é mostrar que estamos juntas e, em comunhão com a comunidade de Flores da Cunha, que sempre nos acolheu muito bem”, diz a irmã Clara Francisca, que há 30 anos reside no mosteiro.

A chegada

Tudo começou em 1975, quando a província dos capuchinhos do Rio Grande do Sul solicitou um mosteiro da Ordem das Clarissas – religiosas de vida contemplativa – em Caxias do Sul. Autorizada a nova fundação, em janeiro de 1979 um grupo de cinco irmãs italianas – Maria Giacinta Grigoletto (falecida), Maria Benvenuta Gandini (falecida), Maria Luísa Verzin (falecida), Maria Giuseppina Carone (reside na Itália) e Maria Bernarda Cursano (vive no mosteiro) – chegou a Porto Alegre com a função de integrar o primeiro mosteiro da ordem no Brasil. No dia 1º de fevereiro instalaram-se numa chácara alugada pelas Irmãs de São José, em Caxias do Sul. Primeiramente seria construído um prédio no bairro Santa Fé, mas devido à falta de infraestrutura e ao barulho descartou-se a possibilidade. Surgiu, então, a ideia de construir um templo num terreno dos Freis Capuchinhos em Flores da Cunha. O local recebeu o nome de Mosteiro Nossa Senhora do Brasil e abrigou as irmãs ainda quando estava em construção. A inauguração oficial ocorreu em 8 de dezembro de 1981, com missa campal celebrada pelos bispos dom Beneditto Zorzi e dom Paulo Moretto. Cerca de 6 mil pessoas participaram da cerimônia.

Além das cinco irmãs vindas da Itália, juntou-se ao grupo a brasileira irmã Maria Glicéria, que emitiu os votos naquele dia. A data também marcou a única vez que a população pode conhecer o interior do prédio. “Quando me prontifiquei a vir para o Brasil tinha uma visão, mas ao chegar aqui me vi na Europa, com as construções, a comida e a acolhida que tive. Não experimentei nenhuma saudade da Itália porque encontrei um pedaço dela aqui”, recorda Maria Bernarda, que está no Brasil há 39 anos.

A vocação das Clarissas Capuchinhas em solo brasileiro rendeu frutos e, em 2003, diante do bom número de religiosas, foi fundado o Mosteiro Santa Verônica Giuliani em Macapá (Amapá). Na época, cinco religiosas que atuavam aqui foram designadas para a missão no Norte do país. Junto ao mosteiro florense, ele forma o segundo que pertence à Federação Italiana. Ainda existem no Brasil mosteiros das Clarissas Capuchinhas em Juína (Mato Grosso) e Palmas (Tocantins) pertencentes à Federação do México; e em Manaus (Amazonas), da Federação das Filipinas.

Atualmente, a fraternidade florense conta com nove religiosas dos Estados do Rio Grande do Sul, São Paulo, Rio Grande do Norte, Paraná e da Itália. A faixa etária varia entre 37 e 86 anos.

 

Vida em clausura

As Clarissas Capuchinhas são irmãs contemplativas, enclausuradas, filhas de Santa Calara e de Maria Lourenço Longo e pregam o carisma franciscano por meio da pobreza, da simplicidade fraterna e da intensa vida de oração. Elas vivem de doações e dos trabalhos em artesanato que fazem entre um horário e outro de reza. Conforme a irmã Clara Francisca, as religiosas se dividem nos trabalhos de pinturas de imagens sacras, confecção de velas e paramentos litúrgicos, além da produção de pães. “A nossa principal ocupação é a oração, mas também realizamos trabalhos e damos aconselhamentos para quem nos procura”, salienta Clara.

A vida dentro do mosteiro começa cedo. Às 5h da manhã as irmãs estão de pé para a primeira oração. Durante o dia, elas se reúnem sete vezes para rezar em grupo, além das preces individuais. As irmãs também têm momentos de lazer: elas estudam, navegam na internet, fazem caminhadas, cantam e jogam vôlei numa quadra que fica dentro do pátio do Mosteiro.

Como vivem em clausura, as religiosas podem deixar o local somente em casos de saúde e nas obrigações de cidadania, como as eleições. “Quando eu entrei essa questão da clausura era mais rígida, mas o objetivo dela é mostrar a distância das coisas passageiras e estar em exclusividade com Deus. A humanidade busca essa proximidade e, aqui, nós estamos sempre de sentinela”, explica a madre Maria Bernarda.

 

As atividades do Mosteiro

- Missas na capela: segunda a sábado, às 7h; e aos domingos, às 10h.

- Adoração, de segunda a sexta-feira, das 8h30min às 11h.

- Primeiro domingo do mês: Adoração, das 6h às 18h.

 

 

 - Danúbia Otobelli/O Florense Irmãs Clarissas Capuchinhas: Maria Bernarda, 86 anos; Maria Terezinha, 67 anos; Clara Francisca, 54 anos; Maria Cecília, 46 anos; Maria José, 41 anos; Maria Emanuele, 37 anos; Lioba Maria, 39 anos; Maria Inês, 45 anos; e Maria Priscila, 40 anos. - Danúbia Otobelli/O Florense Missa solene campal marcou inauguração da Ordem das Clarissas Capuchinhas em Flores. - Arquivo Mosteiro/Divulgação
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